Três árbitros confirmam denúncias e atacam Roman

O futebol paranaense está sob fogo cruzado. Depois da revelação do teor de uma gravação explosiva feita ontem pela Tribuna, onde o ex-presidente da comissão de arbitragem da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Fernando Luiz Homann, revela casos de corrupção envolvendo dirigentes da FPF, três árbitros eliminados do futebol pelo TJD partiram pro contra-ataque.

Após tomarem conhecimento do conteúdo da gravação, Marcos Tadeu Mafra, Antônio Salazar Moreno e Sandro da Rocha entraram em contato com a Tribuna para se defender das acusações feitas contra eles no TJD. Os árbitros contestam a idoneidade de seus acusadores e atacam o principal autor das denúncias que levaram à sua punição pelo tribunal: o árbitro Evandro Rogério Roman.

Mafra, Sandro e Salazar foram denunciados no inquérito que investigou o ?Caso Bruxo?, que culminou no maior julgamento da história do TJD, numa sessão que durou 18 horas, no último dia 10 de outubro. Na ocasião, Mafra, Sandro e Salazar foram absolvidos, mas através de um embargo declaratório tiveram suas sentenças revistas uma semana depois.

Os árbitros contestam principalmente o fato de terem sido condenados por provas testemunhais, com base em depoimento de pessoas que agora estão no centro das novas denúncias. ?Fomos condenados sem nenhuma prova. O depoimento do José Carlos Marcondes (ex-presidente da comissão de arbitragem) foi um dos principais para nossa condenação. Agora, ele foi indiciado em um novo inquérito e pode até ser eliminado do futebol. Como o tribunal vai levar em conta a palavra dele??, questiona Mafra.

Na gravação revelada ontem pela Tribuna, Homann diz que Marcondes influenciava diretamente as escalas de arbitragem, na tentativa de manipular resultados e beneficiar jogadores de quem seria ?empresário?. A gravação foi incluída em um novo inquérito, comandado pelo auditor Paulo César Gradela Filho e entregue ontem ao presidente do TJD, Bortolo Escorsim. No relatório, Marcondes é indiciado, ao lado do presidente da FPF, Onaireves Moura, e de Homann.

Contra-ataque

Mas o principal alvo da revolta dos árbitros é Evandro Rogério Roman. Em depoimento ao TJD, no dia 20 de setembro, apoiado por outros 12 apitadores, Roman acusou Mafra, Sandro e Salazar de participarem do esquema de corrupção, ao lado do árbitro Carlos Jack Rodrigues Magno e do presidente do sindicato da categoria, Amoreti Carlos da Cruz. ?Ele acusa sem provas e sai ileso. Vamos mostrar que ele não é inocente. O Evandro é bruxo também?, afirma Mafra.

O motivo das acusações de Roman, segundo Mafra, seria uma rivalidade com os árbitros da capital. Roman é de Cascavel. ?Ele tirou quatro árbitros da CBF e pensou que seria indicado para a Fifa. Por que todos os que acusam com ele são árbitros da sua região??, questiona.

Confirmação

Mafra, Sandro e Salazar confirmaram a veracidade das declarações de Fernando Luiz Homann nas gravações entregues por Gradela ao TJD e publicadas ontem pela Tribuna.

Salazar diz que recebeu mesmo uma ligação de Marcondes informando sua escala para um jogo entre Portuguesa Londrinense e Prudentópolis, antes mesmo de ser feito o sorteio do trio de arbitragem para o jogo. ?Fiquei mesmo sabendo da escala antes?, diz.

Evandro diz que acusações são infundadas

Contra-ataque de Mafra, Salazar e Sandro veio com artilharia pesada. Segundo os três, Roman superfatura despesas com passagens aéreas para tirar dinheiro dos clubes mandantes dos jogos em que atua.

Eles afirmam que, quando é escalado, o árbitro é quem compra a passagem para a praça do jogo. O custo é reembolsado pelo clube mandante.

?O Roman usa isso para tirar dinheiro dos clubes. Muitas vezes ele vai de carro, mas apresenta passagens de avião?, acusa Mafra.

Ele diz ter provas da irregularidade. ?Temos gravações telefônicas, com dois assistentes que freqüentemente estão escalados com ele, confirmando que em muitos jogos ele apresenta passagem aérea, mas se desloca de carro.?

Mafra também apresentou à Tribuna documentos que seriam cópias dos borderôs de partidas apitadas por Roman, que mostrariam valores de passagens superfaturados. Em um deles, referente ao jogo Criciúma x CRB, no dia 10 de setembro, pela Série B, Roman acusa despesas de R$ 1.540 com passagens, enquanto os auxiliares Rubens Berton e Francisco Aurélio Prado teriam feito a mesma viagem com apenas R$ 220 e R$ 290, respectivamente.

?Ele que mostre os tikets das passagens. Tenho certeza que ele não tem esses tikets?, afirma Mafra.

Evandro rebate

A Tribuna ouviu Roman ontem e ele diz que as acusações são totalmente infundadas. Evandro afirma que todas as passagens aéreas para jogos do Brasileiro são expedidas pela agência Pallas Turismo, no Rio, que tem convênio com o Clube dos 13.

Roman explica que, ao contrário do que afirmam Mafra, Sandro e Salazar, suas viagens partem sempre de Foz do Iguaçu justamente por uma questão de economia, ?pois é mais barato se deslocar de Cascavel a Foz de carro. A viagem de avião a partir de Cascavel, passando por Foz, ficaria muito mais cara?.

Segundo Roman, essa acusação já teria sido insinuada por seus desafetos durante seu depoimento ao TJD, em setembro. ?O cara que é ladrão pensa que todo mundo é.?

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