Treinador palmeirense está na corda bamba

São Paulo – O presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, não queria ouvir falar em troca de treinador, ontem – nunca gostou de mudanças -, mas já começou a ser bastante pressionado pelos conselheiros. A derrota para o Atlético-PR por 1 a 0, na quarta-feira, a segunda consecutiva no Campeonato Brasileiro, complicou a situação de Murtosa, que vem recebendo críticas nos corredores do Palestra Itália.

Ele é querido no clube, por causa de sua educação e do jeito tranqüilo com que trabalha, sem criticar jogadores ou diretores como fazia Vanderlei Luxemburgo. Outro ponto favorável é o salário. Recebe “apenas” R$ 50 mil brutos por mês, valor pequeno se comparado ao que ganham outros técnicos de grandes clubes. Mas alguns erros que cometeu na escalação do time, principalmente contra o Atlético-MG na derrota por 4 a 0 – somados à falta de representatividade ou “marketing” – abalaram seu prestígio e puseram seu emprego em risco. Nova derrota no domingo, contra Paraná, em Curitiba, poderá representar sua demissão.

A diretoria sabe que, se insistir em segurá-lo, vai acabar tornando o ambiente insustentável. Paulo Serdan, presidente da torcida Mancha Alviverde, afirmou, na terça-feira, que Murtosa já tinha “errado o que podia” e completou dizendo que ele não agüentaria no cargo caso perdesse os dois jogos no Paraná. Os torcedores vão passar a pressionar, como fizeram no ano passado com Celso Roth. Mesmo contra a vontade, Mustafá foi obrigado a demitir o gaúcho. As cobranças interferiam no desempenho dos atletas.

Uma influente pessoa da diretoria, que teve papel importante na contratação de Murtosa, não tem certeza se seria uma boa idéia tirá-lo do comando agora. “A gente gosta do Murtosa, que é boa pessoa, mas realmente ele errou muito. Mas dispensá-lo agora acho que não é o momento”, comentou o dirigente, que preferiu não se identificar. “Se o tirarmos, vamos pôr quem no lugar?” Os nomes de Levir Culpi e Giba têm boa aceitação no Conselho do Palmeiras.

Boa parte dos palmeirenses acha que Murtosa não tinha experiência suficiente para assumir a equipe. Seu único trabalho como treinador de um grande time foi na Copa dos Campeões de 2000, quando dirigiu o Palmeiras e conquistou o título.

Após a partida de quarta, o técnico disse não estar preocupado com o futuro e não quis falar sobre sua difícil situação. “Quem tem de definir isso é a diretoria”, afirmou Murtosa. Ele sabe, porém, que não está confortável no cargo. Quando chegou ao Palestra Itália, comentou que, no Campeonato Brasileiro, um treinador não suportaria quatro derrotas seguidas. Pelos cálculos, talvez possa até perder mais uma. Depois de enfrentar o Paraná, o Palmeiras receberá o Coritiba, na quarta-feira.

Murtosa tem como desconto o fato de o time estar jogando bem desfalcado. Sem Zinho, Pedrinho e Lopes, que continuarão fora no fim de semana, o meio-de-campo ficou fragilizado. E os dirigentes levam isso em consideração. “O meio-de-campo que vem jogando é péssimo, mas ele não tem outras opções”, reconheceu um conselheiro.

Ontem, o treinador cancelou treino que estava marcado para a parte da tarde, atitude criticada por algumas pessoas no clube. Alegou que os jogadores ficaram abatidos depois de nova derrota e lhes deu descanso. A folga serviu também para que os atletas se livrassem do assédio da imprensa.

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