A janela de transferências do futebol europeu de 2018 fecha com mais um sinal de gastos bilionários graças a clubes que jamais estiveram tão ricos e com contas tão sanadas como agora. Impulsionados pela Copa do Mundo e por uma proliferação de contratações de valor elevado mesmo entre times médios, os números preliminares indicam que um novo recorde pode ser batido.

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A Europa fechou nesta sexta-feira sua janela de transferências para grandes mercados como Espanha, Alemanha e França – o futebol inglês e o italiano já haviam encerrado.

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Ainda em processo de contabilização das últimas transferências realizadas, consultorias indicavam na sexta que o volume de investimentos em reforços poderia ultrapassar a marca dos US$ 6,3 bilhões (cerca de R$ 25,9 bilhões) registrados na janela de verão (meio do ano) em 2017. Na época, o Paris Saint-Germain chacoalhou o mercado ao contratar Neymar, pagando o equivalente a R$ 820 milhões no dia em que foi feito o depósito da multa rescisória.

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Só entre os cinco maiores campeonatos, os gastos neste verão europeu superaram a marca de US$ 5,2 bilhões (R$ 21,4 bilhões). Apenas as dez maiores transferências do verão representaram gastos de mais de US$ 926,2 milhões (R$ 3.816 bilhões).

O Campeonato Inglês manteve a liderança. Na atual janela, foram gastos US$ 1,55 bilhão (R$ 6,38 bilhões) pelos 20 clubes ingleses. O volume foi inferior ao recorde de US$ 1,88 bilhão (R$ 7,74 bilhões) do ano passado. Mas o encerramento da janela de transferências antes do restante da Europa pode ter prejudicado os negócios. Foram 282 jogadores comprados ou vendidos neste ano, contra 384 em 2017.

Pela primeira vez, porém, os investimentos com goleiros superaram os gastos com atacantes. No total, foram mais de US$ 258 milhões (R$ 1,063 bilhão) apenas com jogadores nesta posição.

Mas a queda dos ingleses foi mais do que compensada por outros países. Com o impacto da chegada de Cristiano Ronaldo na Juventus, o Campeonato Italiano somou US$ 1,27 bilhão (R$ 5,23 bilhão). Umberto Gandini, executivo da Roma, admitiu ao Estado que a chegada de Cristiano Ronaldo para a Juventus por US$ 135 milhões (R$ 556,2 milhões) movimentou todo o mercado. “No fundo, é bom para todos os clubes”, disse ele, um dos dirigentes mais experientes da Europa.

Os clubes do Campeonato Espanhol somaram gastos de US$ 1,03 bilhão (R$ 4,24 bilhões), US$ com 348 milhões (R$ 1,43 bilhão) a mais do que havia sido gasto um ano antes.

Só o Real Madrid gastou pelo menos US$ 179 milhões (R$ 737 milhões), incluindo US$ 25,9 milhões (R$ 106,7 milhões) para recontratar Mariano Diaz. Vinicius Junior chegou ao clube por US$ 52 milhões (R$ 215 milhões), a maior transação nesta janela. Já Courtois foi comprado por US$ 43,2 milhões (R$ 177,9 milhões), contra outros US$ 37 milhões (R$ 152,4 milhões) por Odriozola.

O Barcelona somou gastos de US$ 125,9 milhões (R$ 518,7 milhões), praticamente os mesmos valores de Valencia e Atlético de Madrid. No caso do time catalão, o maior investimento foi para Malcom, por US$ 50,6 milhões (R$ 208,4 milhões). Já Arthur foi transferido por US$ 38,2 milhões (R$ 157,4 milhões), contra US$ 24,7 milhões (R$ 101,7 milhões) pelo chileno Arturo Vidal.

Já os franceses gastaram US$ 653 milhões (R$ 2,690 bilhões), contra US$ 575 milhões (R$ 2,69 milhões) da Alemanha. Mbappé, astro francês, foi definitivamente transferido do Monaco para o PSG por US$ 166,7 milhões (R$ 686,8 milhões). Em 2017, seu contrato já havia sido negociado com o time de Paris. Mas, para não violar regras da Uefa de gastos, o clube fechou um acordo que seu pagamento viria apenas em 2018, como ocorreu agora.

Marcos Motta, um dos principais advogados envolvidos em dezenas de negociações, aponta que não vê a tendência de alta nos gastos mudar nos próximos anos. “Os clubes europeus nunca estiveram tão ricos”, disse. “Vimos neste ano uma grande movimentação dentro da Europa, com valores elevados. É o jogo do xadrez, o clube dos meninos ricos que brincam de trocar craques entre eles.”

Dados da Inglaterra, por exemplo, mostram que apenas cinco de cerca de 140 compras de jogadores foram realizadas com clubes de fora do continente europeu neste ano. “Não deve haver muita mudança para o futuro”, prevê Motta. “As receitas estão cada vez altas e mostram a autonomia financeira dos clubes europeus”, avaliou.

De fato, um levantamento da consultoria Deloitte indica que a elite dos 20 maiores clubes do futebol mundial movimentou, apenas na temporada 2016-2017, US$ 9,1 bilhões (R$ 37,5 bilhões), volume inédito de dinheiro. Entre 2015 e 2016, a alta nesse grupo foi de 12% e, em 20 anos, a renda deles foi multiplicada por dez.

É uma receita maior, por exemplo, daquela que se projeta para a Copa do Mundo de 2018, de US$ 6,79 bilhões (R$ 26,7 bilhões).