Tranqüila, a seleção ligou o seu “piloto automático”

Yokohama (AE) – Na concentração, descanso, bate-papo, rigor no horário e no cardápio das refeições, muita televisão e telefonemas para familiares e amigos no Brasil. No campo, rachão treino leve de finalização, uma corrida em volta do gramado, brincadeiras descontraídas com a bola.

Enfim, a seleção brasileira passa as últimas horas antes da final da Copa do Mundo com aquilo que os jogadores chamam de “piloto automático” ligado. Não há mais o que treinar, o que fazer para se distrair ou estudar do adversário.

O momento é só de aguardar o início do jogo, domingo, às 8 horas (horário de Brasília), contra a Alemanha. Trata-se do primeiro encontro em Mundiais das duas seleções mais tradicionais do futebol.

Tal peculiaridade já faz a partida ser tratada como a “maior final de todos os tempos”.

Sem mais o que explicar aos atletas sobre esquema tático ou características do time alemão, o técnico do Brasil, Luiz Felipe Scolari, espera apenas que nenhuma surpresa desagradável de última hora tumultue a pacata rotina da seleção. O fato é que, após o incidente com o volante Emerson, na véspera da estréia, responsável por seu corte da equipe, o treinador ficou preocupado com os momentos que antecedem um jogo importante. O que dizer do mais importante de todos. Caso tudo transcorra normalmente, já adiantou que o time para a decisão vai ser o mesmo que começou o jogo contra a Inglaterra, pelas quartas-de-final: Marcos; Lúcio, Edmílson e Roque Júnior; Cafu, Kléberson, Gilberto Silva, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo.

Isolamento

Só um detalhe mudou no dia-a-dia na seleção brasileira em Yokohama, local do jogo final. Para frustração de torcedores e admiradores do futebol, a chefia da delegação optou por resguardar-se da agitação e do clima de festa instalado tanto no lobby do hotel onde está hospedada como nos locais escolhidos para treinamento.

Até então, sobretudo durante a passagem pela Coréia do Sul, onde disputou a primeira fase, até a partida contra os ingleses, os brasileiros eram considerados um dos mais acessíveis entre as 32 seleções que disputaram a competição. “Mas agora já está tudo igual. A gente só consegue ver quando estão dentro do ônibus”, lamentou a torcedora Geisla Tornado, que mora em Tóquio e esteve em Yokohama apenas para tentar ver o meia atacante Kaká e o lateral-esquerdo Roberto Carlos. “Desse jeito os autógrafos e as fotos ao lado deles (jogadores) estão cada vez mais valorizados.”

Exagero

Para atender o pedido dos brasileiros para que a delegação ficasse isolada do contato com torcedores e imprensa, a direção do hotel tomou algumas medidas questionáveis. A primeira delas foi negar, a quem quer que ligasse para pedir informações, que o time brasileiro está hospedado ali. Outra, para desespero dos demais hóspedes (a seleção ocupa apenas o 12.º andar), foi interromper o acesso aos elevadores no momento em que o time precisa deixar o hotel. O uso fica exclusivos aos integrantes da delegação. “Estou esperando a mais de 10 minutos aqui e não consigo entrar em um elevador”, reclamou o professor inglês Thomas Breadfield.

Todos em campo, bem light

Edmundo Leite

Yokohama

(AE) – Não poderia ser melhor. A tranquilidade impera na seleção brasileira. No penúltimo treino antes da grande decisão contra a Alemanha, amanhã, às 8h00 (horário de Brasília), todos os jogadores estavam à disposição do treinador Luiz Felipe Scolari.

Ronaldinho Gaúcho, que cumpriu suspensão contra a Turquia, tem o retorno garantido. Portanto, se não houver nenhum problema de última hora, o time, que venceu os ingleses por 2 a 1 nas quartas-de-final, vai ser repetido na final: Marcos; Lúcio, Edmílson e Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Ronaldo e Rivaldo.

O treino de ontem foi no Mitsuzawa Park Athletic Field, em Yokohama. Os titulares fizeram um trabalho tático com Felipão que usou apenas meio campo, enquanto que os demais jogadores ficaram com o auxiliar Flávio Teixeira, o Murtosa, no outro lado do campo treinando finalização. Hoje, o Brasil faz o treino de reconhecimento do Yokohama Stadium, palco da grande decisão.

Ronaldinho agora é samba

Antero Greco

Yokohama, Japão

(AE) -Ronaldinho Gaúcho sofreu, na noite de quarta-feira, ao ver o esforço do time na semifinal com a Turquia. O atacante do Paris Saint-Germain teve de assistir ao jogo do banco de reservas, sem nem vestir a camisa da seleção, porque cumpria suspensão automática pela expulsão contra a Inglaterra. Agora, tem retorno confirmado, não espera passar por situação semelhante contra a Alemanha e sonha dar a volta olímpica como campeão. “Em nenhum momento, pensei que pudesse ficar fora da última partida”, admitiu o craque.

Ele esteve arriscado de acompanhar os momentos decisivos por conta da entrada que deu no inglês Mills, aos 12 minutos do segundo tempo do clássico pelas quartas-de-final. Ronaldinho era o melhor em campo, porque criou a jogada de empate, no gol de Rivaldo, e marcou o segundo, em bela cobrança de falta. “Aquilo já passou e agora estou com o pensamento voltado só no jogo com a Alemanha”, desconversou.

Ronaldinho tem muito pouco do que se queixar no Mundial. Aos poucos, ganhou a posição no meio-campo, tornou-se quase tão importante quanto Rivaldo e Ronaldo, as estrelas da companhia, faz parte da lista de 16 destaques da competição e ainda concorre ao prêmio de melhor do torneio.

O grupo de pagode Sem Comentário fez uma música em que Ronaldinho Gaúcho é tema. Embora sem conhecer ainda o samba do qual é personagem principal, já está todo prosa. “Muito bom esse tipo de manifestação”, elogiou. “Ainda mais para mim, que curto muito samba”, disse.

Marcos prefere se isolar

Dinoel Marcos de Abreu

Yokohama, Japão

(AE) -O goleiro Marcos quer concentração total para o grande jogo da sua vida. Às vésperas de decisão contra a Alemanha, ele evita qualquer tipo de perturbação que possa interromper seu pensamento sobre o adversário. Normalmente, ele é um jogador que não se recusa a dar entrevistas. Fala muito e conta até piadas. Mas quinta-feira à tarde, após o treino da seleção em Yokohama, Marcos passou longe dos repórteres, enquanto seus companheiros davam entrevistas.

Marcos e seu treinador Carlos Pracidelli estão estudando a melhor maneira de neutralizar as jogadas áreas da Alemanha. Além da especialidade do adversário no cruzamento sobre a área, ele sabe que o time europeu também faz pressão sobre o goleiro.

A carreira de Marcos pode ter uma projeção internacional com a conquista da Copa do Mundo. É um grande avanço para um goleiro que há três anos não passava de um reserva sem muito futuro no Palmeiras.

Mas com treinamento específico com Pracidelli, que também trabalhava no Palmeiras, ele foi se recuperando e foi virando um dos destaques da equipe. Com grandes atuações, ele ajudou o time a conquistar a Taça Libertadores da América.

Marcos jogou todas as partidas da Copa e pode até ganhar a disputa com o Kahn, que até agora é uma espécie de unanimidade como melhor goleiro da Copa do Mundo da Coréia e do Japão. Mas no jogo de amanhã é que tudo realmente será decidido.

Élber ensina o caminho

Livio Oricchio

Munique (AE) – Para o melhor estrangeiro que já jogou na Alemanha, segundo os próprios alemães, e ainda é ídolo no Bayern de Munique, o atacante Élber, o Brasil vencerá a Alemanha, neste domingo, e será campeão do mundo. Mas ele adverte: “A jogada mais perigosa deles é a bola levantada pelas laterais. O Felipão vai ter de administrar muito bem as avançadas de Roberto Carlos e Cafu.” Será uma partida mais difícil que as anteriores para o time de Luiz Felipe Scolari, prevê Élber.

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