Tragédia em estádio pode atrasar empréstimo do BNDES

Antes do trágico acidente ocorrido na última quarta-feira, quando dois operários morreram ao serem atingidos pela queda de um guindaste no Itaquerão, o estádio havia atingido 94% de conclusão das obras, mas o Corinthians ainda não desatou o nó da operação financeira que envolve este processo de construção do local que deverá ser o palco do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014.

O empréstimo do BNDES para cobrir os custos da obra ainda não foi liberado e a negociação dos naming Rights do Itaquerão também não foi concretizada. A tragédia pode atrasar a obtenção desses recursos, especialmente a venda do nome – um fundo árabe é o principal interessado e uma viagem a Abu Dabi já foi adiada.

Havia a expectativa de que nesta quinta-feira ou, no máximo, nos próximos dias o empréstimo do BNDES (de R$ 400 milhões) seria liberado, em uma transação que seria intermediada pela Caixa Econômica Federal. As assessorias da Caixa Econômica e do BNDES, procuradas pela reportagem, não se pronunciaram sobre a liberação do empréstimo – e não há previsão para que ele seja liberado nos próximos dias.

O empréstimo faz parte da linha de financiamento Pro-Copa, que custeia estádios que serão usados no Mundial – o prazo para liberação dos empréstimos termina em dezembro. O empréstimo já deveria ter sido aprovado. Como não foi, a Odebrecht custeou o estádio com recursos próprios e empréstimos bancários tomados no mercado financeiro, com juros maiores do que os da linha de financiamento do BNDES. Esse foi o principal motivo para o custo original da obra, estimado em R$ 820 milhões, ter sido reajustado para pelo menos R$ 900 milhões.

O Corinthians diz que o empréstimo está “muito próximo” de ser obtido, mas o dinheiro só deverá ser liberado em janeiro, em parcela única, e será repassado para a Odebrecht.

NAMING RIGHTS – O ex-presidente corintiano Andrés Sanchez viajaria nesta semana a Abu Dabi para negociar os naming rights com um fundo árabe, mas a viagem havia sido adiada antes do acidente. O encontro teve de ser remarcado porque um dos xeques que participam do negócio foi ao Japão e teve de cancelar a reunião que contaria com a presença de Andrés, dos advogados do clube e do fundo de investimento. Até agora não há data para novo encontro, embora houvesse a chance de ele ocorrer na próxima segunda-feira. Com o acidente, pode haver novo adiamento.

Os representantes do fundo árabe ficaram sabendo do acidente pouco depois da tragédia. A princípio, não cogitaram colocar fim ao negócio, embora tenham se preocupado com o prazo de entrega do estádio.

Depois que o Corinthians e a Odebrecht resolverem os problemas causados pelo acidente, as conversas serão retomadas. Há algumas divergências quanto à venda do nome do Itaquerão, como o tempo de duração do contrato (15 ou 20 anos) e a forma de pagamento.

Duas empresas aéreas podem batizar o estádio: a Emirates e a Etihad. A favorita é a Emirates, mas Andrés Sanchez se reuniria com as duas, ambas representadas pelo fundo de investimento árabe, que tem como representante o advogado Edgar Ortiz, um conselheiro corintiano.

O preço está decidido: R$ 400 milhões serão pagos ao Corinthians. O que falta decidir é qual empresa batizará o Itaquerão. O clube gostaria de fechar a parceria por 15 anos, além de receber um valor (de luvas) na assinatura do contrato.

A ideia era inaugurar o estádio em dezembro, com o nome definido, mas o acidente vai atrasar a inauguração. O clube, no entanto, tem a certeza de que o estádio será usado na Copa.

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