O jogo entre Atlético e Flamengo é apenas no domingo, mas para os apaixonados rubro-negros, é como se a bola já tivesse começado a rolar ontem, antes mesmo do sol nascer. Concentrados na Arena desde a madrugada, a briga por um ingresso pôde ser tranqüilamente comparada a uma partida de futebol.
O cercado em torno das bilheterias da Buenos Aires era como se fosse a grande área do gramado. Cada bilheteria, uma meta. E o ingresso, prêmio maior para o torcedor, certamente tinha o mesmo sabor de um gol em final de campeonato. Na luta por um ingresso, tinha até juiz. O segurança Nemésio Real Neto, com quatro assistentes, comandava a ação da galera e não se incomodava em colocar para fora os torcedores “engraçadinhos”, que permaneciam no cercado para comprar ingressos para outros torcedores, que chegavam a todo o momento e se apavoravam com a fila quilométrica. Às 10h, quando a venda se iniciou, a fila já estava na metade da Rua Coronel Dulcídio e se estendia por toda a Getúlio Vargas e metade da Buenos Aires. Até mesmo a fila para ingressos do setor da Getúlio, que custa R$ 30,00, não parou de crescer.
Como prevê o Estatuto do Idoso, os seguranças fizeram uma fila especial para idosos, que tiveram prioridade no momento da compra. Por isso mesmo, quem teve a honra de adquirir o primeiro ingresso para a partida foi o aposentado Valdomiro Boguz, que nem ligou de ter que chegar às 4h na Arena. “Pelo Atlético, vale tudo. Esse ingresso vale ouro. Em 2001 fiz a mesma coisa e faço quantas vezes for necessário para empurrar meu time. Vamos rumo ao bi”, disse empolgadíssimo. E ele vai ao jogo acompanhado de uma turma que está vindo de Prudentópolis. “São atleticanos que vêm finalmente conhecer a Arena.”
A torcedora Eva Martins, que tem o hino de seu clube no celular, também madrugou e garante que sente a mesma vibração que em 2001. “Boto fé que vai dar de novo. Por isso, estamos aqui. Estamos muito confiantes.” Ao seu lado na fila, um torcedor que praticamente nasceu com o rubro-negro, Estevão Rodrigues da Silva, que ganhou até uma cadeira para esperar a bilheteria abrir. “O clube é de 24 e eu de 25. Desde bebê sou atleticano e é maravilhoso poder estar vivendo novamente essa expectativa em torno de um título.”
Por falar em bebê, muitas grávidas também compartilharam a fila com os idosos, prontas para encarar o jogão de domingo e já ir acostumando os herdeiros à festa na Arena. “Tem que torcer desde a barriga”, garantiu Neide Queiroz, grávida de oito meses.
Fanáticos
Quando os seguranças liberaram a compra para a galera, a turma da Fanáticos fez a festa. “Concentrados” desde o dia anterior, ele pernoitaram na sede e foram os primeiros a chegar na fila. O torcedor Luiz Fernando Barbosa Júnior, o “De noite”, foi um dos primeiros a comprar o ingresso e deu o recado. “O bicampeonato é nosso.”
Protestos e reclamações, como sempre
Como em toda situação que envolve aglomeração, foram registrados princípios de confusão na Arena. Primeiramente, em função do horário determinado para começar a venda de ingressos: 10h. Apesar da fila quilométrica que se estendia ao redor da Arena, com muitos idosos, as ordens da diretoria foram cumpridas e só no horário determinado as bilheterias foram abertas, sob protesto de muitos torcedores.
Na ansiedade para comprar o ingresso, os torcedores tornaram a fila um grande aglomerado, o que forçou os seguranças a separarem com cercas a fila de idosos, gestantes e deficientes do restante da galera. Em seguida, na tentativa de evitar tumulto, foi necessária mais uma intervenção. Os famosos “fura-filas”, sem o mínimo de disposição para encarar a galera, cercavam a estrutura metálica de isolamento da bilheteria, pedindo para os torcedores que já haviam comprado ingresso comprarem mais, para eles – foi necessário fazer um cordão de isolamento. Muitos, certamente cambistas nas horas vagas, tentavam entrar na fila várias vezes, dando muito trabalho aos seguranças. Do lado de fora do limite das bilheterias, alguns “espertinhos” também tentavam, disfarçadamente, entrar no meio da fila. Mas, nesses momentos, os populares se revoltavam e apupavam, chamando a atenção dos seguranças.
Se na organização da fila quem mandava era a turma da empresa de segurança Cerburus, nos arredores quem controlava a ação dos torcedores eram policiais. O 13.º Batalhão liberou três viaturas para a Arena, que tinham o apoio de dois carros da Rone. Segurança digna de final de campeonato.
Atleticanos não encaram Flamengo como revanche
Rodrigo Sell
O Flamengo aplicou a primeira goleada sofrida pelo Atlético no campeonato brasileiro e impediu que a recuperação da equipe iniciasse antes. Mesmo assim, os jogadores do Rubro-Negro não querem encarar o jogo contra o Urubu como uma revanche. Para o elenco atleticano, a situação é outra e o Furacão precisa se concentrar mais na busca da liderança do que em se vingar contra qualquer adversário. A partida contra os cariocas está programada para as 16h de domingo, na Arena.
“A gente não pensa assim, não. Até porque, se pensar, poxa, acaba atrapalhando. No meu modo de ver, é um jogo dificílimo, o Flamengo vem de uma boa vitória, os jogadores pegaram confiança de novo e é um time que tem ?camisa?”, pondera o atacante Washington. Segundo ele, apesar das duas equipes estarem em situações opostas na tabela, é preciso manter o respeito. “Temos que ter todo o cuidado com o Flamengo, mas também temos que se impor e buscar essa vitória”, destaca.
O volante Bruno Lança concorda com o companheiro. “Nada de vingança. Aquele lá foi um jogo, foram três pontos perdidos, já passou, já acertamos os erros daquilo lá. Agora, é acertar para poder ganhar”, diz. Para ele, as duas equipes mudaram muito e o importante é manter o mesmo ritmo das últimas partidas. “É outra história, é outro jogo, o time já está de outra forma, mais equilibrada agora. Então, nos resta estudar o Flamengo para a gente se concentrar em conquistar outra vitória”, aponta.
Para tanto, o técnico Levir Culpi já chamou a atenção dos atletas para que o grupo não entre na euforia da torcida. Diante do Cruzeiro, o treinador não gostou do comportamento da equipe após estar vencendo por 4 a 1. O time recuou e tomou mais um gol.
De qualquer forma, ele não tem muitas alternativas para montar a equipe. Da partida contra a Raposa, o treinador perdeu Marcão, Alan Bahia e William com o terceiro cartão amarelo. Durante a semana, perdeu Rogério Correia, com uma contusão na coxa esquerda. Assim, Ígor deverá ganhar posição na zaga e Pingo no meio, com Fabiano voltando à equipe após cumprir suspensão automática. A equipe para domingo deverá ter Diego; Marinho, Fabiano e Ígor; Fernandinho, Bruno Lança, Pingo, Jádson e Ivan; Dagoberto e Washington.
Torcedores preparam festa com balões
Furacao.com
A idéia surgiu dos participantes do fórum do site Furacao.com e está mobilizando a torcida rubro-negra. Os torcedores estão convocando a todos os atleticanos, mesmo aqueles que não poderão ir ao estádio para assistir ao jogo contra o Flamengo, a doarem qualquer quantidade de balões nas cores vermelha ou preta.
A meta é que cada torcedor presente na Baixada tenha um balão com as cores do time para participar das coreografias junto com as torcidas organizadas e ajudar a incentivar o time em mais uma importante partida na disputa pelo bicampenato brasileiro.
Quem desejar colaborar, pode entregar os balões na sede da torcida organizada Os Fanáticos, na Rua Pedro Mena Barreto Monclaro, 571, próximo ao estádio Joaquim Américo, ou informar-se pelo telefone 332-5984.
Para aqueles que não puderem entregar os balões com antecedência, os torcedores pedem que os levem diretamente ao estádio no domingo, para distribui-los antes do jogo.
