Torcida do Coritiba abraça estádio para mostrar amor

Pelo menos 500 torcedores do Coritiba deram as mãos para abraçar o estádio Couto Pereira, neste domingo, exatamente às 17 horas, com o objetivo de mostrar a força do clube, que caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro, no ano do centenário. E, principalmente, para manifestar repúdio aos atos de violência verificados no jogo contra o Fluminense, quando algumas pessoas invadiram o campo e enfrentaram policiais militares. O confronto resultou em pelo menos 18 feridos, dos quais dois ainda permanecem internados.

“Queremos respeito à nossa tradição e história. Sabemos que vamos nos reerguer e o amor é o primeiro sentimento”, disse Cláudio Ribeiro, autor do hino do clube. Foi seguido por gritos uníssonos dos torcedores: “Amor, amor, amor”.

Os primeiros torcedores chegaram ao Couto Pereira por volta das 16 horas, carregando instrumentos de música e não deixaram de cantar um instante, como se estivessem assistindo à uma partida. “Queremos demonstrar o amor ao clube, mostrar o lado bom”, ressaltou Jilcimar Chaves, um dos organizadores da manifestação. Segundo ele, desde o jogo contra o Fluminense tem gente que sai de perto quando vê alguém com a camisa do Coritiba. “Queremos apagar isso”, disse.

Por parte da polícia, que não apareceu na manifestação, 17 pessoas já foram presas acusadas de participar do tumulto e até por tentativa de homicídio. “O que causou o problema domingo foi a impunidade”, reclamou José Carlos Mazza. “Não é preciso inventar leis, é só cumprir o que está escrito”.

Dar as mãos e mostrar a união dos torcedores – nenhum dirigente do clube apareceu na manifestação – foi também uma maneira de levar os auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a dar uma interpretação mais branda na acusação contra o Coritiba, que pode perder 30 mandos de campo e sofrer multa de mais de R$ 600,00 no julgamento desta terça-feira. “Com o amor pelo Coxa esperamos diminuir a pena”, disse Renan Kulik, que não escondeu ter sentido vergonha ao presenciar a selvageria no estádio. “A expectativa é que a gente não perca todos os mandos e que consigamos subir, porque a torcida vai fazer a sua parte no grito e na raça”, garantiu Tatiana Kubis.

Bandeiras com os ídolos do clube foram espalhadas, cartazes que enalteciam o “orgulho de ser coxa-branca” despontaram e famílias esqueceram do fim do calendário futebolístico para cumprir o ritual traçado quase todos os domingos em direção ao estádio. O “abraço” somente não pode ser completado totalmente porque o portão de um estacionamento permaneceu fechado.

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