Foto: Anderson Tozato/O Estado

Torcida na sua casa, time vencendo em campo e noite agradável. Deu tudo certo para o Paraná Clube.

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A casa alheia pode ter até uma ou outra vantagem, mas nada como o lar, doce lar. A torcida do Paraná Clube enfrentou certo desconforto, desafiou algum improviso, mas não deixou de extravasar a alegria pelo retorno ao quase sexagenário Durival Britto, na vitória por 2 x 0 sobre o Fortaleza, ontem à noite.

Aprontada às pressas, a nova Vila ostentava algumas imperfeições. A curva de fundos, ampliada para 7.700 torcedores, oferecia boa visão do sexto ou sétimo degrau para cima, mas não tem cobertura ou cadeiras, como o Pinheirão. A forte chuva que caiu entre a manhã e a tarde de ontem fez a água acumular sobre o cimento, obrigando o torcedor a levar um jornal para sentar-se ou então permanecer em pé. ?Falta um desnível para que a água escoe, como é na reta do relógio?, apontou o torcedor Cleilton Pereira.

No acesso ao estádio, ainda havia grandes filas com dez minutos de jogo – nem todos os espaços para colocação de catracas foram utilizados. As bilheterias também não funcionaram a pleno vapor – 11 das 20 estavam abertas.

Era natural, e a própria diretoria paranista avisara que a Vila não estaria 100% no jogo inaugural. ?Está tudo perfeito para o público e os jogadores. O que falta é supérfluo?, falou o presidente José Carlos de Miranda.

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Até alguns fatores externos ajudaram – pelo menos metade dos camarotes estavam sem vidros, e a meteorologia previa chuva para a hora do jogo. Mas como a água caiu antes, houve tempo para que tudo fosse enxugado até a hora da partida. No mais, os amplos e confortáveis camarotes não apresentaram problema.

A falta de outros itens era visível, como corrimãos nas escadas, acabamento na sala de imprensa – instalada ontem mesmo -, melhorias do vestiário do mandante e nas instalações para árbitros e Polícia Militar. Já os portões na nova entrada também foram colocados horas antes do jogo. ?Em 10 a 12 dias deixaremos tudo em ordem?, calculou o vice de marketing do Paraná, Waldomiro Gayer Neto.

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Mas nada que prejudicasse a festa da torcida – completada com a vitória sobre o Fortaleza. ?A gente passa por um probleminha ou outro, mas é muito bacana voltar para casa. É outro clima?, atesta o torcedor Roberto Silva, 46 anos, sintetizando a opinião geral dos tricolores.

Homenagens são adiadas

Todo o cerimonial de reinauguração do Estádio Durival Britto foi adiado para o próximo dia 4 de outubro, quando o Tricolor receberá a Ponte Preta. A decisão foi tomada pela diretoria logo no início da tarde, quando a chuva era torrencial e temia-se até pela realização do jogo.

A única exceção, uma decisão do presidente José Carlos de Miranda, foi a bênção ao estádio, feita pelo arcebispo de Curitiba, Dom Moacir Vitti.

Na breve cerimônia – de aproximadamente cinco minutos – o arcebispo pediu paz e sorte ao clube e aos atletas que pouco depois pisaram no gramado da Vila Capanema para o jogo histórico. Sob fogos de artifício (apenas dois mil tiros, já que a solenidade não foi completa), os jogadores vieram para o gramado. E com novo modelo de camisa, baseado na original do clube, dividida ao meio, nas cores azul e vermelha.

O toque de modernidade ficou na escolha do tecido e nas costuras aparentes.

Foi a bola rolar para a festa nas arquibancadas começar. Apesar da apreensão com o primeiro tempo sem gols, a postura do time dava a seu torcedor a certeza de que a volta à Vila seria marcada com uma grande vitória.

?Essa noite só seria completa com um grande resultado?, comentou o presidente Miranda após o jogo, num misto de alívio e alegria pela volta ao lar. ?Só tenho que agradecer a essa diretoria, que trabalha com o coração.

O resultado está aí?, disse.

Nas palavras do gerente social e de marketing, Luiz Carlos Casagrande, esta foi só a primeira de muitas ?festas? que o clube irá promover em seu ?novo? estádio. No total, dos catorze jogos restantes, seis serão disputados no Durival Britto. ?Eu até esperava um público maior. Mas o dia não era propício, assim como nossos resultados recentes. Mas quem veio, com certeza gostou do que viu e voltará?, disse Miranda.

Público não foi o esperado na Vila

Ao menos no borderô oficial, a presença do público decepcionou na volta à Vila Capanema – apenas 8.774 dos 15 mil ingressos colocados à venda foram vendidos. Alguns fatores, como a fase ruim do time até ontem, a chuva que caiu durante o dia e os preços mais altos dos ingressos podem explicar a baixa procura – que deve melhorar se a torcida quiser ver viabilizado o plano de novas melhorias no estádio.

Segundo o presidente José Carlos de Miranda, a receptividade do público vai definir as fases seguintes do projeto de ampliação: a construção de uma arquibancada para 5 mil pessoas paralela à Rua Engenheiros Rebouças, e de um segundo anel sobre as cadeiras sociais, com mais 5 mil lugares. No total, a Vila finalizada teria espaço para 26 mil pessoas. ?Mas temos primeiro que pagar as contas desta ampliação. Vamos manter os pés no chão. O planejamento da segunda fase depende da resposta da torcida?, falou.

O Tricolor vai solicitar uma recontagem à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros, pedindo que sejam considerados os degraus abaixo das cadeiras sociais – área da ?turma do amendoim?. ?Assim poderíamos chegar até a 20 mil lugares e não sairíamos mais daqui?, disse Miranda, referindo-se à capacidade mínima exigida em torneios como a Copa Sul-Americana e a Libertadores.