O empate por 2 x 2 com o Guarani, na noite de ontem, fez renascer na torcida rubro-negra o medo de ver o clube novamente brigando para não ser rebaixado para a Série B do Brasileirão – fato que tem sido recorrente nas últimas três temporadas.
O reflexo desse medo ecoou nas arquibancadas da Arena da Baixada. Os jogadores atleticanos deixaram o gramado debaixo de muitas vaias e o técnico Leandro Niehues saiu xingado.
Nem mesmo o presidente Marcos Malucelli, que vivia em lua de mel com as torcidas organizadas, foi poupado. Ele também acabou alvo de palavrões e escutou em coro o pedido de “queremos jogador”.
Não há como censurar os protestos, já que o Atlético vive uma má fase. Está há mais de 30 dias sem vencer e ontem completou seis jogos sem triunfo. Some-se a isso a desclassificação prematura da Copa do Brasil (oitavas-de-final) e a perda do título estadual para o maior rival.
Todo esse contexto gerou a primeira onda de protestos na Arena, exatamente no primeiro jogo do clube em casa neste Campeonato Brasileiro. Apesar das reclamações, jogadores e treinador aceitaram com naturalidade a cobrança.
“Quem trabalha com futebol não pode fugir da responsabilidade. Por jogar em casa, tínhamos a obrigação de vencer. A torcida está no direito dela de cobrar e questionar o elenco e o treinador. Estou tranqüilo porque tenho feito o trabalho com o material que a gente tem”, disse Niehues, deixando transparecer que sente a falta de jogadores para reposição, já que o Rubro-Negro tem sofrido com problemas de lesão e suspensão de muitos atletas.
Niehues ressaltou na entrevista coletiva que, mesmo diante de desconfiança, tem totais condições de comandar a equipe. “É uma cultura do futebol brasileiro. Fico um pouco chateado com a paciência que se tem com o Leandro. Talvez se fosse uma outra pessoa, mais consagrado, teriam um pouco mais de paciência. Mas não caí de para-quedas no Atlético e tenho uma história e meus méritos. Estou aqui para trabalhar”, comentou.
O treinador atribuiu a falta de paciência do torcedor e de parte da imprensa aos resultados negativos que vem se acumulando nos últimos anos. “É uma somatória. Se tivéssemos ganho o Paranaense, essa paciência seria outra. Mas perdemos para o rival. A pressão aumenta e a paciência diminui. É assim”, afirmou Niehues, esperançoso de que com a chegada da 1.ª vitória todo esse quadro negativo que ronda o Atlético se altere.