Torcedor que agrediu árbitro está “feliz da vida”

Nelson Antoine/ Futura Press
Eliseu, o taxista corintiano que agrediu Edílson Pereira de Carvalho.

São Paulo –  Bastaram alguns minutos de liberdade para que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho tivesse uma pequena noção de como o torcedor brasileiro recebeu as denúncias de manipulação de resultados nos jogos de futebol.

Ele foi libertado da prisão na madrugada de ontem. Como ele está colaborando com a polícia, sua prisão preventiva não foi renovada.

Assim que deixou a carceragem da Polícia Federal em São Paulo, no início da madrugada de ontem, depois de cinco dias detido, o árbitro foi agredido por um torcedor diante das câmeras de tevê, num espetáculo deprimente.

O torcedor – que se identificou apenas como Eliseu (ele se recusou a fornecer o sobrenome temendo algum tipo de represália) – garante que o protesto não foi planejado. "Eu estava lá a trabalho, mas quando vi a cara de pau dele, rindo, como se nada tivesse acontecido, não agüentei e dei um tapa mesmo", contou Eliseu, 41 anos, pai de quatro filhas e que trabalha como motorista de táxi em São Paulo.

Eliseu se diz corintiano e estava revoltado com uma coisa em especial. O fato de Edílson ter dito que não manipulou o jogo entre Corinthians x São Paulo, disputado no dia 7 de setembro e que terminou com a vitória são-paulina por 3 a 2, de virada.

"Todo mundo viu que ele roubou o Corinthians. Dei (um tapa) porque ele é o maior vacilão. Mas foi só um tapinha. Ele devia sair (da cadeia) vestido de rosa (uma referência ao São Paulo) e não de preto e branco. Não deu para acertar um soco nele. Eu queria dar dois, três… mas não consegui."

Eliseu admite que sua atitude não foi a mais correta. "Recomendável eu sei que não é, mas eu não estou arrependido. Não tem porque estar arrependido."

Nem teme ser processado por agressão. "Só me faltava essa! Ele me processar. Eu é que tinha de processar ele (sic). Ele roubou milhares de torcedores, jogadores, técnicos e suas famílias. Ele é que tem de ser processado", argumenta o taxista. "Acho que ele devia ficar satisfeito, porque no meu lugar, tem gente que faria muito pior", advertiu o torcedor, que garante não pertencer a nenhuma torcida organizada.

Eliseu diz que não pensa em deixar de ir aos estádios por causa do escândalo da arbitragem. "Lógico que eu não vou deixar de ir. Na verdade, essa história pode ser o começo de uma limpeza", espera. Logo depois do incidente, ao ser perguntado por um repórter se o protesto tinha valido a pena, Eliseu foi claro. "Eu só sei que vou sair daqui feliz da vida."

Ao receber o tapa, Edílson reclamou o fato de o agressor não ter sido contido pelos policiais que estavam próximos. E relevou. "É um idiota. Quer aparecer", concluiu o árbitro.

Edílson deixou a carcageram num carro da família, com o rosto coberto, e se dirigiu para Jacareí, no Vale do Paraíba, em São Paulo.

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