O estudante chileno Manoel Barraza, um dos 88 invasores que foram presos na última quarta-feira no Maracanã, pediu perdão ao povo brasileiro, pouco antes de embarcar num ônibus para deixar o Rio. O prazo da Polícia Federal para que o grupo de torcedores deixe o Brasil se encerra neste sábado – todos foram autuados com base no Estatuto do Torcedor e, se não deixarem o País por conta própria, serão deportados.
“Acho que temos que pedir perdão. Cometemos um erro num local que não era nosso. Não deveríamos ter causado esse dano e pedimos perdão ao Brasil, que nos recebeu de braços abertos. Pedimos desculpas porque respondemos mal a esse carinho”, disse o torcedor chileno de 23 anos, em entrevista à GloboNews.
Barraza contou que a invasão não foi orquestrada, mas foi, sim, um ato espontâneo provocado pela falta de ingressos. “Chegou muita gente ao estádio e não tinha ingresso para todo mundo. Os que havia para revenda eram muito caro. Então, as pessoas não tinham US$ 1.500 para comprar um ingresso que custava US$ 90. Isso fez acumular muita gente, pessoas que viajaram muitos quilômetros para vir ao Brasil e ninguém queria ir embora sem ver o jogo”, afirmou o estudante.
Ele estava a 10 metros do portão de acesso quando houve a invasão. “Quando vi que tiraram o portão, todos correram e eu corri junto. Todos queriam chegar às arquibancadas, mas erramos a entrada e entramos na sala de imprensa e só havia saída para o campo”, contou Barraza, que também disse já ter encontrado “tudo quebrado”, referindo-se às divisórias derrubadas, armários destruídos e monitores tombados no Centro de Mídia do estádio.
O torcedor ainda criticou o sistema de venda de ingressos pela Fifa, que não reserva bilhetes por país. “A culpa não é apenas das pessoas que chegaram a fazer isso. Mas também das pessoas que não foram capazes de regular a venda de ingressos, porque era um jogo do Chile contra a Espanha e havia muitos chilenos e espanhóis sem poder entrar. Mas muitos europeus e pessoas de outras nacionalidades com ingressos. Isso foi um erro”, reclamou Barraza, reconhecendo, porém, que “o erro não justifica a invasão”.