O jogo desta quarta-feira no estádio Itaquerão, em São Paulo, será um confronto de estilos. De um lado, os argentinos, que nesta Copa do Mundo têm se destacado por tocarem muito a bola à espera de espaços ou de uma arrancada genial de Messi para desmontar a defesa adversária. Do outro, a fortaleza defensiva dos holandeses, que assim que roubam a bola partem para o contra-ataque com craques como Robben, Van Persie e Sneijder, um trio que não costuma perder boas oportunidades de gol.
Nos cinco jogos que disputou até aqui, em todos a Argentina teve mais posse de bola do que o adversário. Contra o Irã, na primeira fase, por exemplo, o time massacrou os asiáticos e chegou ficar 70% do tempo de jogo com a bola sob o seu domínio.
Já a Holanda teve mais posse de bola em apenas três jogos. Nas partidas contra Espanha e Chile, ainda pela primeira fase, foi o adversário quem controlou o jogo. Mas, no caso holandês, priorizar a defesa não significou deixar de ser perigoso no ataque. A Holanda venceu essas duas partidas por 5 a 1 e 2 a 0, respectivamente.
Nessas duas vitórias, a equipe atraiu o adversário para o seu campo de defesa e deu a bote na hora certa. Sobretudo no segundo tempo, com os dois times mais desgastados fisicamente, prevaleceu o estilo de jogo da Holanda, que conseguiu neutralizar os atacantes espanhóis e chilenos e mostrou-se mais efetiva na hora de finalizar.
O técnico Louis van Gaal deverá repetir a estratégia nesta quarta. Assim como Espanha e Chile – e ao contrário de Austrália, México e Costa Rica, os outros adversários da equipe nesta Copa do Mundo -, a Argentina tem uma postura mais ofensiva. Assim, a Holanda vai esperar o adversário propor o jogo para se adaptar às circunstâncias que a partida apresentar sem, necessariamente, precisar mudar os seus jogadores. É o que o treinador chama de “jogo inteligente” da sua equipe.
“Não sei qual será a escalação escolhida pela Argentina. Há vários pontos de interrogação. Eles já usaram alguns esquemas e isso provoca várias reações na gente. Não posso prever o futuro, temos de aguardar com quem eles vão jogar para definirmos o nosso esquema”, despistou Van Gaal, nesta terça.
A Argentina, na verdade, jogou no 5-3-2 apenas os primeiros 45 minutos da partida de estreia contra a Bósnia-Herzegovina. Como a escolha não deu certo, a partir do intervalo daquela partida no Maracanã os argentinos passaram atuar somente no 4-3-3 e não mudaram a formação.
Mascherano e Biglia são os responsáveis por distribuir a bola no meio de campo para os homens de frente. Assim que fazem um desarme, a ordem é procurar Messi e Lavezzi. Se os dois estiveram marcados, o time toca pacientemente até encontrar uma brecha.
A Holanda tem um jogo mais vertical. A bola não fica tanto no meio de campo da equipe e Robben, Van Persie e Sneijder são acionados muitas vezes com lançamentos longos que partem direto da defesa, sem passar pelos volantes ou meias.
NOVOS TEMPOS – Não é exagero dizer que hoje a Argentina tem um estilo de jogo mais parecido com o europeu enquanto que a Holanda atua como as equipes sul-americanas. Segundo dados da Fifa, a Argentina trocou nos seus cinco primeiros jogos 2.438 passes e a Holanda 2.031. Os argentinos correm uma média de 109,6 km por jogo enquanto que com os holandeses esse número é de 114,8 km. A Argentina cometeu 54 faltas e a Holanda 91.
Ou seja, enquanto o time de Alejandro Sabella toca mais a bola e faz menos faltas, os holandeses correm mais atrás do adversário sem a bola e ainda têm um jogo mais violento. Foi assim durante toda a Copa do Mundo e deve se repetir nesta terça.
Atacar mais, no entanto, não é sinônimo de mais gols. Mesmo com uma postura mais defensiva em boa parte dos jogos que fez até agora, a Holanda tem o ataque mais positivo da Copa do Mundo e balançou as redes 12 vezes, contra oito da Argentina.