O Paraná Clube foi buscar no mercado paulista o substituto para Ricardinho. Antônio Jorge Cecílio Sobrinho, ou simplesmente Toninho Cecílio, chega com a missão de recuperar o bom futebol, esquecido ao longo do 2.º turno. Nesta segunda metade da Série B, o Tricolor ocupa apenas a 15.ª posição. Nas nove rodadas recentes, conquistou somente uma vitória. Formado em publicidade e propaganda, Cecílio tem experiência como atleta – foi zagueiro do Palmeiras e esteve até na Seleção -, gerente de futebol e treinador. Busca um trabalho a médio prazo e por isso aceitou o desafio de comandar o Tricolor na reta final da Segundona e no Paranaense de 2013.
O momento
“Estou plenamente ciente das dificuldades. A partir do jogo de sexta, contra o Joinville, a responsabilidade total pelos resultados é minha. Sei das dificuldades que o clube está passando, as carências que existem e como podemos lidar com tudo isso até o final da Série B. E eu aceitei. Então, assumo toda a responsabilidade em relação à conduta do elenco.”
Personalidade forte
“Quanto à minha personalidade, o futebol é forte com a gente. Então, não tem como ser diferente. É primordial que eu tenha a confiança do grupo de trabalho. Por todos os clubes que passei, sempre tive um discurso forte, um dia a dia forte. O meu entendimento de futebol passa por aí. A tensão existe, faz parte e não te permite relaxar. É claro que há o momento de descontração, que faz parte do ambiente saudável. Mas o meu viés de conduta vai ser sempre, na dúvida, pela seriedade absoluta. Personalidade pra jogar. Isso pauta a minha carreira e a minha vida.”
Tática
“Busco a adaptação ao grupo, sempre. A parte tática ganha jogo, estudando muito o adversário. É muito difícil eu jogar com três zagueiros. Gosto muito da linha de 4. Muitos estão jogando num 4-2-3-1. Mas é preciso saber entender o grupo. Se você tem laterais fortes no apoio, é preciso proteção e preencher o meio-campo. A parte tática deve ser flexível. É importante que o jogador cumpra sua função. Por isso, sempre estou aberto às características do grupo.”
Elenco
“Sei praticamente tudo do Paraná. Acompanhei toda a trajetória do Ricardinho no clube. Aliás, o Ricardo está de parabéns por tudo o que fez nesta temporada dificílima. Chego para buscar uma consolidação da recuperação, mas o trabalho muito mais difícil foi feito pelo Ricardinho. Venho para substituir não apenas um treinador, mas um ídolo. Sei o que ele representa para o Paraná e o seu comprometimento com o clube.”
Classificação
“O Paraná nunca pode estar numa condição de conforto estando em 12.º lugar numa Série B. Não é uma posição para o clube nem para este elenco. Nesse tempo parado, observando o mercado, vi muitos jogos, de praticamente todos os clubes da Série B. Gosto do perfil desse grupo. Um time abusado, leve, com muita mobilidade. Tem um organizador, como o Lúcio Flávio, e também o Fernandinho – um líder. Assim como o Anderson, cumprindo essa questão de liderança, que é muito importante. Chego no meio de um trabalho e preciso ouvi-los. Vi a equipe com uma dedicação extraordinária na última partida. Já não vi essa mesma postura contra o Guaratinguetá. Por que está acontecendo essa oscilação? Não podemos aceitar isso. Então, o primeiro passo é conversar muito com o grupo.”
Herança
“Vi um time muito organizado, bem treinado pelo Ricardinho. Isso é sinal de um time disciplinado taticamente. O Paraná já mostrou que tem personalidade pra jogar, sempre com iniciativa. Preciso ,mostrar trabalho, mas pego um time treinado e bem fisicamente. Tenho certeza que o Ricardinho montou um time com caráter e isso é também importante pra se fazer um grupo vencedor.”
Lições como gerente
“Acrescenta demais. Antes de ser dirigente por três anos do Palmeiras (2007/2008 e 2009) havia sido atleta, formado lá dentro e capitão do time por vários anos. O Palmeiras me preparou para o futebol. Um mundo difícil, de muita cobrança. Já havia sido dirigente do Fortaleza na Série A, em 2005, e sei das dificuldades que um time com orçamento médio tem. Por isso, é importante você conhecer o mercado, saber dos jogadores que se encaixam no perfil do seu grupo. Quando saí do Palmeiras, poderia ter seguido como dirigente, mas sempre quis ser treinador. Só que como gestor, você ganha muita bagagem, pois você controla tudo. Tive uma visão abrangente de todo um departamento e isso ajuda, e muito, no dia a dia de um treinador.”
G4
“Se estivermos distantes da zona do rebaixamento, estaremos mais perto de recuperar uma chance de G4. Se existe uma possibilidade remota, você não pode desistir. Mas, temos que ser realistas e o momento é de recuperação. O Paraná precisa voltar a jogar bem, fazer por onde conquistar mais vitórias. Projeção de jogos, não gosto de fazer. Acho um absurdo, porque você se autolimita. É possível ganhar de qualquer um. Temos a obrigação de tentar ganhar todos os jogos. É claro que não vai acontecer, pela qualidade do adversário, pelo equilíbrio da competição. Mas é jogo a jogo, buscando sempre a vitória. Hoje, o mais importante é o confronto com o Joinville. O momento não é confortável e temos que buscar a recuperação o quanto antes.”
Reforços
É uma preocupação que vi pela imprensa. Mas contratações procuro tratar internamente. Para trazer, tem que encontrar atleta pronto para jogar, pois só faltam treze jogos. Minha realidade é o grupo que aí está. Se vier alguém para reforçar, terá que se adaptar à realidade e ao caráter do grupo e apenas fortalecer para a sequência. Quero ver com os meus olhos o grupo, pois tenho um time interessante e que me dá muitas possibilidades. A minha maior preocupação nesses dias, não é contratação, é o Joinville. Vamos diagnosticar os motivos que fizeram o grupo cair de rendimento e agir.”