Todos os olhos em Daiane dos Santos

São Paulo (AE) – A exibição da estrela da ginástica Daiane dos Santos, hoje, no ginásio do Ibirapuera, é o ponto alto da Super Final da Copa do Mundo.

A explicação vem da própria comissão técnica brasileira: outras ginastas, como Laís Souza, também têm boa técnica, mas só Daiane possui o carisma que atrai e encanta público e juízes. Na etapa da Copa do Mundo de São Paulo, em 2005, quando a música falhou, o público conduziu Daiane sob palmas.

E pelo pódio, Daiane, de 23 anos, 1,46 m e 41,8 kg, ainda incorporou uma acrobacia nova em sua série do Mundial da Dinamarca (foi quarta colocada), em agosto, o Tsukahara esticado (duplo mortal com uma pirueta no primeiro salto). Ao som da música Isto é, o que é, de Ari Barroso, Daiane se apresentará no programa de provas de hoje da Super Final da Copa do Mundo a partir das 14h. Ingressos ainda podem ser adquiridos nas bilheterias do Ibirapuera. A Final ainda terá os irmãos Hypólito: Daniele disputa a trave e o solo e Diego o salto. As barras paralelas e fixa, no masculino completam o programa.

?A chinesa Fei Cheng foi campeã mundial no solo e no salto, na Dinamarca. Tem a ucraniana Iryna Krasnyanka, a inglesa Elizabeth Tweedle, a russa Elena Zamolodchikova, todas excelentes?, afirma Daiane, para reforçar o grau de dificuldade do aparelho e de conseguir uma vaga no pódio. ?É a grande final, todas são boas, são as oito melhores do mundo?, observa Laís Souza, de 18 anos, a mais jovem no solo. Daniele, de 22 anos, aposta na companheira Daiane no solo, mas admite que Cheng surpreendeu no Mundial da Dinamarca com um exercício diferente. ?Todo mundo ficou surpreso com a apresentação dela. É uma prova equilibrada?.

Ainda que fiquem com as três primeiras posições, as brasileiras não podem ir ao pódio juntas. Apenas duas ginastas de cada país podem ser medalhistas no mesmo aparelho.

A técnica ucraniana, Iryna Ilyashenko, observa ?que o aparelho de Daiane é mesmo o solo?. O elemento diferente que incluirá na coreografia permite a ginasta ter 16,50 como uma boa nota de partida para a apresentação no aparelho. ?A Fei Cheng é muito boa, mas a Daiane tem boas chances de pódio no solo. A Laís também é uma das melhores do mundo na parte acrobática do solo, mas ainda falta a ela carisma, maturidade. Não tem com o público a mesma empatia da Daiane?.

Nas provas masculina, o destaque de hoje será o romeno Marian Dragulescu, medalha de ouro no solo no Mundial da Dinamarca, prova em que Diego Hypólito ficou com a prata. O brasileiro achou, inclusive, que poderia ter vencido o rival, discordando do critério dos juízes nas notas, o que desagradou Dragulescu. ?Não vale a pena a polêmica, vamos falar em ginástica?, afirmou o técnico de Diego, Renato Araújo.

No salto, competição de hoje, o próprio Diego acha que Dragulescu é favorito. ?Não tenho adversários no salto, se fizer minha série?, disse Dragulescu.

Nova geração está pronta para brilhar no Pan do Rio

São Paulo (AE) – Daiane dos Santos se despede da ginástica artística na Olimpíada de Pequim, isto se o joelho permitir que chegue até 2008 competindo. Mas já tem substituta: Jade Barbosa, de 15 anos, que faz o duplo twist carpado, acrobacia que consagrou Daiane.

Jade, assim como as juvenis Kiwani Dias, Ethienne Franco, Ana Cláudia da Silva e Milena Miranda, todas de 14 anos, serão nomes cada vez mais constantes nas competições. Parte delas terá 15 anos até setembro e poderá participar do Pré-Olímpico da Alemanha, classificatório para Pequim. Outras poderão disputar o Pan do Rio, que aceita atletas a partir dos 13 anos. Na Olimpíada, o mínimo é 16.

?Elas estão no nosso pé. Se este ano a Jade já tivesse idade para disputar o Mundial da Dinamarca, o Brasil teria uma equipe mais forte?, opina Daiane. ?A Jade é muito forte em todos os aparelhos?.

Segundo a técnica ucraniana Iryna Ilyashenko, em 2007 deixam a seleção as veteranas Camila Comin e Roberta Monari e ainda a jovem Bruna Perandré, que decidiu investir nos estudos. As meninas da seleção juvenil, que já estão entre as 12 da seleção permanente de 2006, passam a ter mais destaque.

O Brasil também tem de ficar de olho no novo cenário mundial do esporte, que começou a ser desenhado após os Jogos de Atenas, em 2004. ?O novo código de pontuação trouxe outros parâmetros e desde então os técnicos pensam em tirar vantagem das novas regras?, observa Eliane Martins, diretora-técnica da Confederação Brasileira de Ginástica, que aponta China e EUA como os atuais donos da ginástica feminina, com chineses e japoneses no masculino. ?Os chineses estão trabalhando forte por causa da Olimpíada em casa. Depois de Atenas, quiseram levar o Oleg Ostapenko (técnico ucraniano) do Brasil?.

Iryna afirma que a força americana vem da presença de técnicos russos nos EUA. ?Nunca vi as chinesas treinando, mas o trabalho delas vem aparecendo nas competições. Quanto às americanas… Já contou quantos russos estão nos EUA??.

O Brasil continuará importando técnicos quando Ostapenko for embora, depois de Pequim. ?Vamos precisar de alguém do nível dele?, diz Vicélia Florenzano, presidente da CBG há 17 anos, que também deixará a entidade em 2008.

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