O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR), Bôrtolo Escorsin, e o procurador Adão Laslowski, reuniram a imprensa ontem para garantir que o caso que ficou conhecido como ?Bruxos 2?, envolvendo um suposto esquema de favorecimento ao time do Engenheiro Beltrão na Série Prata (divisão de acesso) de 2004, não vai acabar em pizza.
O inquérito diz respeito às denúncias publicadas pela Tribuna, no dia 3 de outubro de 2005, com um ex-jogador não identificado do Engenheiro Beltrão, revelando um suposto esquema de favorecimento de resultados no Paranaense de 2004, com a participação de árbitros.
Nesse inquérito foram ouvidos os presidentes do Engenheiro Beltrão, Luiz Linhares, da FPF, Onaireves Moura, da Comissão de Arbitragem e do Sindicato dos Árbitros do Paraná, respectivamente os ex-árbitros José Carlos Marcondes e Amoreti Carlos da Cruz, e o vice-presidente da Associação dos Árbitros do Paraná, na gestão de Nelson Orlando Lehmkhul, Aírton Nardelli.
O auditor do TJD, Paulo César Gradella, relatou o processo, indiciando pessoas com base numa gravação entregue a ele por Amoreti Carlos da Cruz.
A peça foi enviada à Procuradoria-Geral de Justiça, através do procurador Adão Laslowski, que ao invés de designar um procurador para se manifestar, resolveu ele próprio tomar as rédeas do caso, pedindo que o processo fosse enviado à Promotoria de Investigação Criminal (PIC) para que se pudesse periciar o CD.
?Optamos em encaminhar esse processo para a PIC em razão das supostas denúncias que foram apresentadas pelos senhores já citados. Existem situações em que a própria promotoria teria condições de levantar através dos instrumentos jurídicos legais?, afirmou Laslowski.
De acordo com Escorsin, a medida se justifica, pois a gravação, que é a base do indiciamento, contém denúncias gravíssimas formuladas por duas pessoas, que seriam identificadas como Amoreti Carlos da Cruz e Fernando Luiz Homann, durante conversas telefônicas.
O processo será remetido hoje à Procuradoria de Justiça do Estado, através do procurador-geral de Justiça em exercício, doutor Luiz Eduardo Trigo Roncalho, que posteriormente enviará à PIC para investigação.
?Vamos submeter o CD a uma perícia técnica. Não estamos arquivando o processo?, garante Escorsin.
O presidente do TJD diz que a conversa telefônica entre Amorety e Homann reproduzida no CD parece ter um roteiro pré-estabelecido, com o intuito deliberado de prejudicar algumas pessoas. Provocado por Amorety, Homann fala sobre os supostos acertos.
?Eles dizem que fulano comprou, que cicrano comprou. Eles comprometem pessoas. Nós estamos questionando a veracidade e a sua autenticidade. Porque se eles foram ouvidos aqui no processo, disseram uma coisa, no CD tem uma outra conversa, e eles se negaram a vir depois prestar depoimento no procedimento instaurado, esse é o nosso temor. Lá (na PIC) eles não vão discutir se vão ou não. Porque vão ser intimados?.
Além da punição na esfera esportiva, Amorety e Homann correm o risco de responderem criminalmente por perjúrio (falso juramento). Segundo Escorsin, ?em se tratando de eliminação dos quadros da Federação, não há prescriação da pena?.