A tentativa de escapar da Segundona assume ares de guerra entre dois clubes. Novos argumentos apimentam o julgamento do caso Erinaldo da Silva Santos no pleno do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), a partir das 18h de hoje.
Real e Erinaldo terão que desmentir a versão apresentada no julgamento da 1.ª Comissão Disciplinar do TJD. Erinaldo confirmou ter assinado contrato com o Real em 2007, mas disse que ainda usava o nome ?Emerson da Silva Santos? e não jogou nenhuma partida pela equipe. Não é o que consta nas súmulas da Copa Paraná do ano passado. Erinaldo da Silva Santos atuou em 6 jogos do Real, contra Toledo (22/7), Iguaçu (5/08), J. Malucelli (26/8), Iraty (16/9), Portuguesa (23/9) e Londrina (30/9). Em três delas começou jogando e nas demais entrou no 2.º tempo.
A constatação dificulta a defesa do Real. O clube alega ter contratado Erinaldo no começo de 2008, só após saber que o atleta descartou os documentos falsificados do irmão Emerson, 4 anos mais novo, e passou a usar o nome verdadeiro. O Real diz ainda desconhecer que Erinaldo havia defendido o Iguaçu com a identidade do irmão nas primeiras rodadas do Estadual de 2008.
Rebaixado em campo, o próprio Iguaçu foi o autor da queixa que se transformou em denúncia contra o Real. Na última semana, a 1.ª Comissão Disciplinar tirou 12 pontos do Real e suspendeu o clube por 720 dias e Erinaldo por 900. Se a sentença for mantida, o time do empresário Aurélio Almeida volta à Divisão de Acesso e salva a pele do Iguaçu.
As normas da FPF impedem que um jogador atue por duas equipes na mesma competição. Depois de atuar como ?Emerson? pelo Iguaçu no Estadual-2008, Erinaldo atuou em 2 jogos do Real. Pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva, um clube perde 6 pontos por jogo em que escalou atleta irregular. O resultado do julgamento pode ser contestado no STJD, no Rio de Janeiro. Depois disso não há mais recurso possível na esfera esportiva.
Relator é linha dura
O presidente do TJD-PR, José Roberto Dutra Hagebock, nomeou o auditor Benedito Gomes Barboza para a função de relator do julgamento de Erinaldo da Silva Santos. Conhecido pelo pulso firme, o relator negou os rumores de que tenha havido pressão nos bastidores da FPF e do TJD por parte dos clubes envolvidos. ?Não acredito ter havido qualquer interferência externa?, falou.
Cabe ao relator estudar a fundo o processo, avaliar a produção de provas e dar o primeiro voto no julgamento. Em muitos casos, a escolha dele direciona o voto dos demais auditores.
Conselheiro do Paraná Clube, Barboza também presidiu o processo administrativo que suspendeu por um ano o ex-presidente José Carlos de Miranda, acusado de favorecimento ilícito no comando do Tricolor. ?Tenho sido abraçado por processos complicados?, brincou.
Real Brasil reage no tapetão
O contragolpe do Real contra o Iguaçu foi uma queixa protocolada ontem no TJD-PR. O time de Aurélio Almeida também quer punição ao rival pela escalação de Erinaldo da Silva Santos com documento falso.
O advogado do Real, Alexandre Chemin, quer que o time de União da Vitória perca 18 pontos por ter escalado Erinaldo com o nome de Emerson em três partidas do Paranaense. ?Como Emerson não existe, quem usou jogador irregular foi o Iguaçu. Acredito que o pleno inocentará o Real Brasil, mas se isso não ocorrer, o mesmo tratamento deve ser dado ao Iguaçu?, sustenta o defensor.
Chemin também argumenta que a documentação que ?transformou? Erinaldo em Emerson foi adulterada em 1999, e que o Real Brasil não participou disso. ?O clube foi fundado apenas em 2005?, falou.
Fora do contexto
A procuradoria do TJD determina ainda hoje se a queixa vira denúncia e vai a julgamento ou será arquivada. Para o advogado do Iguaçu, Domingos Moro, a reação do Real Brasil é normal, mas deslocada do contexto do caso. ?Está em discussão o uso de um mesmo atleta por duas equipes. A infração ao regulamento cabe à segunda equipe (o Real)?, alega.