A desembargadora Flávia Romano de Resende, que na noite de quinta-feira respondia pelo plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, negou o pedido de habeas corpus apresentado pelos advogados do CEO da Match, Raymond Whelan, que continua foragido. Policiais da 18ª DP, que investiga o milionário esquema de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo, fazem diligências na manhã desta sexta-feira na tentativa de encontrar o fugitivo.
Agentes receberam informações por meio do disque-denúncia de que Whelan estaria escondido em um imóvel na zona sul do Rio. Agentes da delegacia estão no local verificando a denúncia. Na quinta, os advogados de Whelan, segundo o delegado Fábio Barucke, tinham garantido aos investigadores que ele se entregaria.
No habeas corpus negado, a desembargadora afirma que “há indícios de que o ora Paciente (Whelan) é o suposto líder do esquema criminoso”, “responsável por fornecer, desviar e facilitar a distribuição de ingressos para os jogos da Copa do Mundo de 2014, por preço superior ao estampado nos bilhetes, com lucros exorbitantes que chegam a 1.000% do valor de face dos ingressos”.
O escritório de Fernando Fernandes, o advogado flagrado ao lado de Raymond Whelan no momento em que o CEO fugia do Copacabana Palace, havia entrado com recurso informando que a Justiça descumpriu a decisão liminar que libertou o executivo na terça-feira.
Na decisão que negou o recurso, a desembargadora afirmou que “constataram-se, ainda, durante as investigações, mais de 900 ligações telefônicas entre ele e integrantes do suposto esquema criminoso, articulando e combinando valores, inclusive, a serem pagos a policiais”. O fato de Whelan estar foragido pesou na decisão. “A desenvoltura do envolvido no agir delituoso está a demonstrar audácia e destemor quanto à força coercitiva da legislação em vigor, especialmente se considerarmos que o mesmo encontra-se foragido”. O habeas corpus negado é datado do dia 10 de julho.
Às 15h25 de quinta, advogados do CEO da Match, Raymond Whelan, receberam na sala da juíza Joana Cortes a notícia de que um novo mandado de prisão, agora preventiva, havia sido expedido contra o executivo. Saíram apressados ao telefone. Às 15h43, Whelan foi flagrado pelas câmeras do circuito interno do Copacabana Palace deixando o hotel pela porta de serviço acompanhado do advogado Fernando Fernandes, que comanda a defesa do inglês. A polícia chegou ao hotel sete minutos depois.
O advogado José Massih, ex-empresário do jogador Elano que também é acusado de participação no esquema milionário de venda ilegal de ingressos da Copa, foi solto pouco depois da meia-noite de hoje. Ele estava detido na carceragem da 18ª DP e, apesar de também ter sido denunciado, responderá ao processo em liberdade por ter colaborado nas investigações.
O advogado Fernando Fernandes informou que deve ter ainda nesta sexta uma audiência com a relatora do processo, a desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6º Câmara Criminal do TJ-RJ, “com a intenção de expor a situação, já que a liminar que libertou Raymond Whelan não foi revogada”. Com isso, no entendimento do defensor, “continua valendo a decisão da desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, na madrugada de terça-feira, que garante que Whelan não seja preso provisoriamente”, informou Fernandes.