A desejada conquista do título da Copa do Brasil pode deixar o Corinthians em uma encruzilhada: negociar jogadores para fazer caixa – o que é emergencial para pagar os salários dos funcionários nos próximos meses – ou manter os principais atletas para a tentativa de conquistar em 2009 o torneio que é sua obsessão, a Libertadores.
Por esse motivo, a diretoria de futebol estuda unir o útil ao agradável e buscar um acordo informal parecido com o que o rival Palmeiras tem com a empresa de marketing esportivo Traffic: vender parte dos direitos econômicos sobre atletas que já estejam no elenco – pratas da casa inclusive – para um parceiro, que pagaria já e teria lucro em uma negociação futura. O Corinthians conseguiria dinheiro imediato e, por enquanto, não perderia seus principais talentos.
O empresário que pode comprá-los é Delcir Sonda, um dos sócios da rede supermercado do mesmo nome e que já investe no futebol há pelo menos quatro anos por intermédio do procurador Jorge Machado.
Os corintianos que teriam parte dos direitos negociados são aqueles que já tiveram sondagens da Europa e, por isso, são considerados os mais valorizados da equipe: Felipe, André Santos, Lulinha e Dentinho. O meia Douglas, recém contratado por R$ 3,3 milhões (por 50% dos direitos econômicos), também poderia fazer parte do pacote.
A diretoria de futebol informou, oficialmente, que não tem propostas por seus jogadores e que na véspera de uma decisão não é momento de falar de negociação. Delcir Sonda foi procurado, mas não retornou as ligações da reportagem.
Nas contas do vice-presidente financeiro, Raul Corrêa e Silva, são necessários R$ 40 milhões para equilibrar as contas até o fim do ano. Se vender 25% de cada um dos atletas citados acima para Sonda, o Corinthians acredita que possa somar até metade disso, R$ 20 milhões, o que já aliviaria por pelo menos três meses – a esperança é que o restante possa chegar com o fechamento de um contrato mais vantajoso para fornecimento de material esportivo, seja com a Nike ou com qualquer outro fornecedor.
André Santos e Felipe já pertencem somente metade ao Timão. Vendendo 25% agora, sobraria o mesmo percentual ao clube em uma negociação com a Europa no meio do ano que vem, ao término da Libertadores. Já sobre Lulinha e Dentinho o percentual é maior: do primeiro são 75% (os 25% restantes são do atleta e seu procurador, Wagner Ribeiro) e do segundo é de 80% (20% do empresário Cláudio Guadagno).
Politicamente, essa possibilidade daria créditos a Andrés Sanchez, que teria dinheiro e manteria atletas. A eleição ocorre em janeiro e, pelo novo estatuto, são os sócios, e não o Conselho, quem vai eleger o novo mandatário.