Time do Rexona abandona o Paraná

O ciclo chegou ao fim. Depois de criar um projeto pioneiro unindo esporte e inclusão social, a equipe do Rexona-Ades vai embora do Paraná, quando disputar sua última partida pela Superliga de Vôlei feminina. O time criado em 1997, que chegou ao bicampeonato da Superliga (temporadas 97/98 e 1999/2000) e ainda disputou outras duas finais, vai deixar Curitiba para “criar um novo ciclo virtuoso” em outro ponto do país, nas palavras do diretor de marketing da Unilever, Fábio Prado.

Não foi definido ainda para onde a equipe vai. Tudo ainda está em análise e a decisão vai ser norteada pelo aspecto comercial, juntamente com o social, para que tudo recomece e atinja o mesmo sucesso. As hipóteses mais prováveis são o Rio de Janeiro, para onde a equipe ameaçou ir no início da temporada 2001/2002, ou São Paulo, onde a Unilever mantém duas de suas quatro unidades industriais da marca Rexona.

Segundo o coordenador-técnico do projeto, Bernardo Rezende, o Bernardinho, “o time cumpriu seu ciclo aqui, onde fixou o projeto social. Vamos para um outro lugar para que possamos abrir esse mesmo espaço em outra região do País.”

As jogadoras, que estão em Brasília, onde hoje realizam o último confronto pela fase classificatória da Superliga, contra o Força Olímpica/Brasil Telecom, deverão ser informadas da mudança apenas após a partida pelo técnico Hélio Griner. A partida começa às 17h30, no ginásio Municipal de Sobradinho, no Distrito Federal.

Mais vagas

Mas se o time vai deixar órfã uma torcida que nos primeiros momentos se mostrou fanática e ultimamente tem faltado aos jogos no ginásio Almir Nelson de Almeida, o Tarumã, o que sobra de positivo nesta decisão é ampliação do projeto social. O investimento neste ano vai alcançar a impressionante marca de R$ 5 milhões, ampliando o atendimento. Hoje participam, dos 20 núcleos distribuídos em 18 municípios, 3.500 crianças. Até o final do ano no entanto, esse número vai crescer para quatro mil jovens entre 7 e 14 anos. “Hoje em dia, o projeto, como está aqui, não depende mais da equipe”, argumenta Bernardinho, que acredita que ele tem espaço para crescer e continuar formando novos valores, além de manter a visão de inclusão social, que sempre norteou a proposta.

Formação

Ainda não foi definida a distribuição destas novas 500 vagas. “Ainda estamos conversando com o (Ricardo) Gomyde, para saber se vamos apenas distribuir ou criar novos núcleos em outras escolas ou municípios”, ponderou Bernardinho.

“Nós vamos continuar “linkados? (sic), sem deixar perder o vínculo. Eu, jogadoras sempre que possível vamos estar presentes. Afinal vou continuar sendo o coordenador do projeto”, explicou Bernardinho.

Para o coordenador, o projeto vai cumprindo mais que apenas a função social. “Nossa intenção era e sempre será funcionar como um centro de formação, forncendo atletas para as categorias de base de clubes e equipes. Um bom exemplo disso foi o Renato, um menino da periferia, carente, que recebeu o convite e foi jogar pelo Curitibano. Quando isso iria acontecer sem a presença do Centro Rexona?”, questionou o coordenador.

Marca triplicou fatia no mercado

Comercialmente o projeto Rexona pode ser considerado um “case” de sucesso comercial sem precedentes. Antes de aceitar o desafio e bancar o programa apresentado por Bernardo Rezende, àquela época o técnico da seleção feminina de vôlei, a Unilever (então Gessy Lever) era uma marca que possuía 14% do mercado de desodorante. Sete anos depois, Rexona virou sinônimo de liderança neste segmento, pois a posição subiu para impressionantes 37% do mercado consumidor, na região Sul do Brasil.

Mas, para o diretor de marketing da Unilever, Fábio Prado, esse crescimento foi resultado de uma série de fatores. “Adoraria dizer que foi só o time. Mas neste meio tempo, além de criar o time, fazer investimento social, ainda inovamos em alguns produtos, e agora o market-share (fatia de um produto no mercado) quase que triplicou em sete anos de projeto”, explica Prado.

Mas ele lembra que a multinacional tem apenas o projeto Rexona como patrocínio em esporte no mundo.

Gomyde: questão foi comercial

O presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, que em última análise é o canal de comunicação entre o governo do Paraná e a Unilever, parceiros no projeto Rexona, lamenta a perda do time. Mas considera que a compensação será melhor para aquilo que o governo projeta como prioridade. “Perdemos o time, mas ganhamos um bom acréscimo no investimento social da Unilever no projeto Rexona”, pondera Gomyde.

Na reunião realizada no início da tarde de ontem, na qual Gomyde recebeu Bernardo Rezende, Fábio Prado e Maria Cláudia Souza, diretora adjunta de assuntos corporativos da multinacional, na sede da Paraná Esporte, aconteceu a informação oficial da saída do time de Curitiba.

Neste encontro, as justificativas dos representantes da Unilever e Bernardinho, foi de que não “havia mais o retorno não compensa o investimento. O público desta temporada foi muito inferior”, disse Gomyde, explicando os motivos da transferência da equipe.

O mandatário da Paraná Esporte falou ainda que a “saída do time é uma questão de mercado e que as pesquisas mostraram isso”, disse Gomyde, que ainda tentou fazer um acordo com os responsáveis pelo time para liberar crianças da rede pública de ensino para lotar o Tarumã, mas houve respaldo na proposta.

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