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Time de ‘refugos’, Grêmio desafia o badalado Real Madrid na decisão do Mundial

A final do Mundial de Clubes, neste sábado, às 15 horas (de Brasília), em Abu Dabi, vai trazer um novo ingrediente para a habitual comparação de disparidade entre europeus e sul-americanos. Real Madrid e Grêmio mostram o quanto filosofias opostas na montagem de elenco podem levar ao mesmo resultado.

O favorito Real Madrid e o azarão Grêmio levarão a campo para a disputa do título mundial 22 jogadores escolhidos de acordo com maneiras antagônicas de planejamento. O rico time espanhol pode se dar ao luxo de contratar o reforço que desejar, porém admite ser difícil enfrentar um adversário montado a baixo custo e com atletas desprezados por outros clubes.

“O Grêmio merece estar na final, assim como nós. É um jogo só, então não há favoritos”, disse em entrevista coletiva o técnico do Real, o francês Zinedine Zidane. “Temos pela frente um adversário técnico, forte e que joga no contra-ataque. É um time bem melhor que o da semifinal (Al Jazira)”, afirmou.

Após poupar alguns titulares na estreia, a equipe espanhola vai com força máxima para ganhar o sexto título mundial. A provável formação titular exemplifica como o clube se organiza para buscar as conquistas. Dos 11 jogadores, o único formado pelo próprio clube é o lateral Carvajal, mas que só ganhou espaço no Real Madrid depois de ter sido negociado com o Bayer Leverkusen e na sequência, comprado de volta.

O elenco madrilenho mantém a base há anos e vem de dois títulos mundiais conquistados nos três últimos anos, sequência que, segundo Zidane, não diminui a vontade de novo título. “Encaramos a final com bastante esperança. Queremos levar para casa outro título e por isso estamos aqui trabalhando há uma semana”, disse o técnico.

Para o Grêmio, a sonhada vitória teria o peso de uma façanha histórica. O segundo título mundial consagraria um elenco montado a baixo custo e com jogadores contratados após não terem espaço em outros clubes, casos de cinco titulares: Cortez, Edilson, Geromel, Fernandinho e Barrios.

Todos tiveram passagens por clubes paulistas, de onde saíram em baixa após não terem sido muito aproveitados. A volta por cima deles no futebol brasileiro se deu no Grêmio, time que também conseguiu a reação graças a essas peças. Até ser campeão da Copa do Brasil, em 2016, o clube estava havia 15 anos sem títulos nacionais.

O elenco gremista também tem como dois principais pilares jogadores criados no próprio clube, o goleiro Marcelo Grohe e o atacante Luan. Outro titular de destaque oriundo da base é o volante Jailson.

A grande diferença para o Real Madrid levou até mesmo o técnico Renato Gaúcho, habitual falastrão, a adotar discurso humilde. “É um privilégio estar em uma final do Mundial enfrentando uma das maiores equipes do mundo, com jogadores de seleção. Temos muito respeito, mas o Grêmio também tem seus méritos por estar aqui”, comentou.

O discurso de respeito do treinador não vai muito longe. O adversário assusta, é claro, mas o Grêmio não vai alterar a forma de atuar somente por se tratar do Real Madrid. O time deve continuar a pressionar a saída de bola e nas palavras de Renato, vai dificultar bastante a ambição espanhola de título.

“O Real quer muito o título, mas o Grêmio também quer. O Real é o favorito, mas precisa provar dentro das quatro linhas. Vamos fazer de tudo para o Grêmio ser campeão mundial”, avisou o treinador.

POLÊMICAS – As entrevistas coletivas dos dois treinadores tiveram um tema controverso. Renato Gaúcho voltou a falar que foi melhor em campo do que Cristiano Ronaldo. A declaração foi questionada por Zidane. O francês defendeu o seu principal jogador.

O técnico do Real Madrid classificou a comparação do colega como “um pouco forte” e evitou criticar a postura do gremista. “Cada um pode opinar e ele tem esse direito. Renato foi um bom jogador, mas não concordo que tenha sido melhor do que Cristiano. É isso o que ele disse e temos de respeitá-lo”, afirmou o francês.

O duelo entre Cristiano Ronaldo e Renato Gaúcho começou dias atrás, quando o treinador fez o primeiro comentário sobre o português. Questionado novamente sobre o tema na véspera do jogo, o gremista não recuou. “Eu mantenho (a opinião). É muito fácil vocês (jornalistas), que não me viram jogar, elogiar o Cristiano Ronaldo. Eu repito: bato palmas para ele. Mas para saber o que joguei teriam de falar com muitas pessoas que me viram jogar também”, explicou.

Renato pode ser o primeiro brasileiro a ser campeão mundial como jogador e treinador e o quinto em toda a história. Em 1983, ele ajudou o Grêmio a bater o Hamburgo na decisão realizada no Japão.

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