Para se fundar um clube de futebol não é necessário muito esforço. Basta redigir um estatuto, ter um presidente e um vice, uma diretoria e um conselho fiscal. Depois, adquirir um CNPJ e, por fim, um alvará. Finalmente, um registro na Federação Paranaense de Futebol e a indicação de um estádio para mando dos jogos, que pode ser em regime de comodato. No caso de um clube profissional, há a necessidade de ter uma autorização da CBF, conseguida mediante o pagamento de uma taxa.
Toda essa facilidade pode ajudar os profissionais bem-intencionados, mas pode representar um trunfo na mão daqueles empresários ávidos por revelar jogadores e negociá-los, de preferência, para algum clube do exterior. Foi assim que o empresário Aurélio Almeida tomou frente no Grêmio Maringá e ao Império Toledo, com o claro propósito de tornar o jogador uma mercadoria geradora de lucro, haja vista a grande penetração que ele tem no mercado mexicano. Outros empresários se inspiraram na idéia, esquecendo-se porém que para manter um clube de futebol, é necessário um alto investimento. E o tiro sai pela culatra.
Com esse “esquecimento”, quem acaba pagando são jogadores e comissões técnicas, que ficam sem receber e têm que recorrer à Justiça para tentar reaver o que lhes é de direito.
Centro
Foi o que aconteceu com seis jogadores e dois membros da comissão técnica do CPF (Centro Paranaense de Futebol), que disputou a Série Prata do Campeonato Paranaense. O time também disputou as categorias júnior, juvenil e infantil em Curitiba. Mais do que requerer salários atrasados, eles fizeram uma série de denúncias à Tribuna, revelando a péssima infra-estrutura do clube, que por ter pago uma simples taxa à CBF é considerado profissional. “A estrutura do clube era terrível. Não tínhamos transporte, fisioterapia e o material esportivo estava em péssimas condições, fora os atrasos de salários”, reclama o goleiro Fuji, um dos atletas que entraram com uma ação contra o CPF.
Em tempo: com o final da participação na Série Prata e um débito considerável com a Federação Paranaense de Futebol, referentes a taxas de arbitragem e emolumentos, o clube se afastou, mesmo que o mérito da questão ainda esteja em vias de ser julgado pelo TJD.
O processo dos ex-profissionais do CPF corre na 11.ª Vara Trabalhista e a primeira audiência acontece no dia 7 de dezembro. “Inicialmente, buscaremos um acordo”, garante o advogado Walter Pelachin, que juntamente com Jurandir Morandi defende os profissionais. Os valores pedidos não foram revelados.
A ação foi movida pelo preparador físico Walter Martinho Luciano, pelo preparador de goleiros Fábio Sequinel e pelos atletas Anderson Martins dos Santos, Artur Willian Costa, Fulgêncio Espínola Neto, Paulo Roberto de Oliveira Alves, Rodrigo Adriano Nunes Servino, Thiago Dal?Costa Camargo e Rodrigo Marques Santana. Os réus do processo são Milton Teodoro da Sulva, Albanir Roberto Szymanski e TV Apóstolo Mateus, que comandavam o clube. Os reclamantes foram contratados entre 1.º de agosto de 2003 e 13 de março de 2004 e foram dispensados ate 6 de abril, sob alegação de que o elenco seria reformulado.