A central Thaisa voltou a jogar depois de 10 meses parada na vitória do Hinode Barueri-SP sobre o Vôlei Bauru-SP, no ginásio José Corrêa, em Barueri (SP), nesta sexta-feira, pela Superliga Feminina de vôlei. O time da casa ganhou por 3 sets a 2 – parciais de 20/25, 25/22, 15/25, 25/19 e 15/13 -, em mais uma noite inspirada de Tifanny Abreu, oposta da equipe de Bauru, que anotou 36 pontos.
“Acho que ela é tão forte quanto Tandara. É uma bola difícil, mas dá para ver que não é indefensável ou impossível de se bloquear. A gente tem de se adaptar a cada jogadora, cada uma tem um estilo, uma força, pega mais alto. Faz parte do jogo”, comentou Thaisa, que atuou apenas nos sets iniciais porque está voltando de lesão no joelho.
A jogadora de Barueri reconhece que a pressão em cima da primeira atleta trans a disputar a Superliga Feminina de vôlei é muito grande. “A gente é amiga, conversamos sempre, é uma menina muito amável. Ela é doce, parceira, e gosto muito dela. Tenho carinho enorme por ela. Imagina o que ela está passando. Eu penso muito no lado humano”, comentou.
“Todo mundo gosta de massacrar e falar besteira, mas ninguém pensa também no que ela está sentindo e passando, de tudo que está tendo de absorver e continuar a vida dela. Não é simples assim. Muita gente fica só pensando no lado das outras, de todo mundo, e esquece o lado de uma pessoa que está sofrendo sozinha. Por isso que vejo pelo lado humano. Quero ser parceira, amiga e dar suporte para ela. É uma pessoa como a gente, e sofre tanto quanto a gente. Com certeza ela está sofrendo”, afirmou a jogadora do Barueri.
Thaisa entende que Tifanny é forte, mas não é imbatível. “Quando a gente enfrenta a Egonu, da Itália, a gente não fica reclamando que ela bate por cima e dá uma pancada, a gente vai lá e tenta bloquear e defender. Não pode ficar lamentando. Temos de fazer nossa parte, jogar e deixar para quem tem de resolver decidir o futuro dela, se pode ou não”, frisou.
Sua companheira Jaqueline também elogiou o talento de Tifanny, mas festejou que o jogo coletivo de seu time fez a diferença. “Ela é uma jogadora de força, que vem pontuando muito. Fazer 36 pontos como hoje (sexta-feira) não é para qualquer uma. O mais importante é que a gente não tem só uma ou duas jogadoras, nós temos uma equipe, então acho que venceu a equipe hoje”, disse.
O técnico José Roberto Guimarães, do Hinode Barueri e da seleção brasileira, repetiu o que já vinha dizendo anteriormente sobre Tifanny. “Se ela é elegível pelo COI, pela FIVB e pela CBV, ela é elegível para qualquer coisa. Não cabe a nós ficar discutindo isso”, afirmou o comandante, que já disse que as portas da seleção estão abertas para qualquer atleta.
Claro que o desempenho de Tifanny chamou atenção de Zé Roberto Guimarães, ainda mais porque mais uma vez colocou a jogadora perto do recorde da Superliga Feminina, que é de 39 pontos, marcados por ela e por Tandara, do Vôlei Nestlé-SP. “A pontuação é grande, fez 36 pontos. Se faz isso, é muito importante. Ela recebeu a maioria das bolas de segurança do time de Bauru e teve a felicidade de virar. Mérito dela”, concluiu o treinador.