Apesar de ter sido eleito primeiro vice-presidente da chapa de Luiz Gonzaga Belluzzo, Salvador Hugo Palaia se diz surpreso com o que presenciou na administração do Palmeiras durante os dois meses em que esteve à frente do clube. Neste período, ele substituiu Belluzzo, que se licenciou para cuidar da sua saúde.
“Vi muita coisa errada. O dinheiro foi mal investido. Tenho pena de quem assumir o Palmeiras”, afirmou o polêmico conselheiro durante entrevista à Agência Estado. Mas não é esquisito que um candidato à presidência fale isso? “Talvez, mas estou disposto a essa dose de sacrifício pelo clube. Quem sabe pode ser a última oportunidade da minha vida de ajudar”, ressaltou.
Na eleição do Palmeiras, que será realizada na primeira quinzena de janeiro, Palaia terá como adversários os empresários Paulo Nobre, que divide com ele alguns votos da situação, e Arnaldo Tirone, candidato da oposição que conta com o apoio do grupo de conselheiros ligados ao ex-presidente Mustafá Contursi.
Ao falar sobre seus rivais no pleito palmeirense, Palaia desdenhou da candidatura de Nobre. “Primeiro eu gostaria de saber quem é Paulo Nobre. Qual a história dele no Palmeiras? E agora ele vem dizer que era eu que deveria apoiá-lo nesse processo. Não dá”. “Na verdade, só estou alertando os conselheiros do Palmeiras sobre o risco de colocar na presidência alguém que não tem vivência no clube, que não tenha, desculpe a falta de modéstia, um currículo como o meu”, reforçou, em outro trecho da entrevista.
Palaia ainda disse que se sente traído dentro do Palmeiras. “Fui traído. Por exemplo, quando o Della Monica era candidato à reeleição, era exigido, por um grupo de conselheiros, a minha saída do futebol em troca de votos. Ele (Della Monica) foi eleito, com o meu apoio inclusive, e colocou esses homens que deram esse rombo nos cofres do Palmeiras. Talvez não tenha sido uma traição intencional, pois era um jogo político para ele se reeleger. Nesse momento, eu esperava o apoio do Della Monica, mas ele está dando o apoio ao Tirone, aliás, por quem tenho admiração, tanto por ele quanto pelo pai Arnaldo Tirone. Nesse caso, eu acompanhei. Ele (Tirone, candidato) é palmeirense desde pequeno. Não é um corredor de kart ou bicicleta”, reforçou o dirigente, ao falar do seu outro rival na eleição palmeirense.
Palaia ainda reclamou que se sentiu isolado no período em que dirigiu o Palmeiras nos últimos dois meses, que ele qualificou como “muito complicados”. E foi além ao falar de sua situação como vice-presidente. “Nos meus quatro anos como vice não tive acesso a nada. Ficava sabendo das coisas por meio de jornal”, afirmou, para depois criticar o próprio Belluzzo ao ser questionado se não acha estranho que um vice-presidente só saiba das coisas pela imprensa. “Claro. Por isso montei o Conselho Gestor. Coisa que o Belluzzo deveria ter feito e não fez.”
Já ao ser indagado sobre o fato de o Palmeiras não ter conseguido resultados de peso sob o comando de Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho nos últimos anos e agora sofrer com fracassos após o retorno de Luiz Felipe Scolari, ele apontou as “más contratações” e a ‘má gestão de recursos” como razões para a falta de títulos. “Eu não contrataria 80% dos jogadores que foram contratados nesse período”, admitiu.
O dirigente ainda assegurou que Scolari está seguro no cargo do Palmeiras caso ele vença a eleição do clube em janeiro. “O Felipão é o nosso técnico. Só que não podemos cobrar uma laranjada dele se ele só tem limões”, reforçou, em uma nítida crítica ao poderio do atual elenco do Palmeiras.