A gestão de Mário Celso Petraglia à frente do Atlético já pode ser cobrada. O prazo de 60 dias que o presidente rubro-negro havia pedido à torcida – a partir do início da temporada 2012, em 4 de janeiro – se encerrou ontem. Foi quando ele estipulou um período até que começassem as cobranças. “Os que apoiaram a adm+chuteiras, e torcem para que na nossa volta os resultados não aconteçam, esperem para cobrar. Pelo menos nos deem 60 dias. O CAP ainda não reabriu. Deram férias coletivas até amanhã (dia 4/1) inclusive para os jogadores. Mesmo sabendo que o Paranaense inicia dia 23/janeiro”, postou dia 3 de janeiro, em seu Facebook.
Nestes 60 dias, a gestão Petraglia trafega entre erros e acertos. No futebol, o ponto positivo foi a contratação do técnico uruguaio Juan Ramon Carrasco. Depois de três anos, o treinador ajudou o time a voltar ao topo da tabela do Estadual e já comemorou o título do 1.º turno. Com ele, o clube passou de aposta duvidosa a time a ser batido no Campeonato Paranaense. Tudo isso, mesmo com Petraglia ainda não tendo cumprido a promessa de campanha, de que montaria um “time de Série A”. Assim, a estratégia de Carrasco foi reintegrar os jogadores que voltaram de empréstimo e apostar em novatos das categorias de base.
Na parte extracampo, a gestão Petraglia tem pouco a comemorar. As obras na Arena da Baixada não avançam no ritmo que deveriam. O dirigente, aliás, se vê próximo de ter de descumprir outra promessa, que é a de que não comprometeria o patrimônio do Atlético para viabilizar a reforma do estádio para a Copa do Mundo. Se não entregar o CT do Caju como garantia, muito provavelmente a negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através da Agência de Fomentos do Paraná, não será concretizada. Hoje. o pedido de empréstimo ainda está em análise.
As exigências do banco para liberar o financiamento foram além do que o clube esperava. Só o potencial construtivo não tem sido suficiente para avalizar a liberação de R$ 123 milhões junto ao BNDES. Por isso, o Atlético terá que entrar como devedor solidário no empréstimo. A expectativa da diretoria era que a primeira parcela dos recursos fossem liberados neste mês, mas as probabilidades são remotas. Com isso, cumprir a promessa de entregar a Arena Fifa em 29 de março de 2013 fica cada vez mais complicada.
Imagem desgastada
A gestão de Petraglia também trouxe desgaste à imagem do Atlético. Primeiro, pela forma como se deu a negociação para conseguir um estádio a fim de mandar seus jogos no Campeonato Paranaense. O clube “associou-se” à FPF para impor goela abaixo a liberação do Couto Pereira e foi derrotado na Justiça Desportiva. Também precisou rever o acordo proposto ao Paraná Clube para conseguir alugar a Vila Capanema. Houve desgaste também com a imprensa. Petraglia faz opção clara por uma gestão sob “cortina de ferro”. Chegou a perseguir o repórter da Banda B, Osmar Antônio, proibindo-o de cobrir o clube. Resultado: outra derrota judicial, com direito a multa de R$ 50 mil a cada medida cerceadora da imprensa.
Essas medidas dificultam as ações de marketing do clube. A valorização da marca Atlético Paranaense, outro mote da campanha de Petraglia, por enquanto não saiu do papel. Com pouca exposição, o Furacão continua sem um patrocinador master. O contrato com a Philco encerrou em dezembro e já são três meses sem um parceiro. Isso sem contar a flagrante dificuldade do clube de conseguir manter uma boa média de público nos jogos. Com Petraglia, e sem o “efeito Arena”, o Rubro-Negro vê seus torcedores virarem telespectadores e ouvintes.