Ainda não foi em 2013 que o tênis do Brasil colocou fim ao jejum no feminino e participou de um torneio do Grand Slam. Mas depois de 20 anos o País volta a acreditar que pode sair do ostracismo. E a esperança vem das humildes mãos da pernambucana Teliana Pereira. Na semana que vem, ela estará no Top 100 do ranking da WTA pela segunda vez na carreira graças ao título conquistado no último domingo no saibro do Challenger de St. Malo, na França.

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Ter uma brasileira nesta posição é raro. Antes de Teliana Pereira, que chegou ao posto pela primeira vez em julho, a última tinha sido Andrea Vieira, em 1990, ao alcançar o 95.º lugar. Feliz por ter atingido seu objetivo antes do esperado, a pernambucana trabalha para finalizar o ano dentro do top 100 e tenta manter a tranquilidade para evitar frustrações. “Não posso pular etapas. O objetivo principal é terminar entre as 100. A partir do ano que vem a gente vai colocar outras metas”, afirmou.

A brasileira já conquistou quatro títulos neste ano e no último domingo chegou à 10.ª vitória consecutiva. Teliana Pereira ainda tem pela frente várias competições pela Europa: mais dois challenger em piso de saibro e premiação de US$ 25 mil – Sevilha e Vallduxo (Espanha) – e duas disputas de nível WTA em quadra rápida e com prêmios de US$ 235 mil – Linz (Áustria) e Luxemburgo.

Após a ótima participação no WTA de Bogotá, em fevereiro, quando chegou à semifinal e conseguiu mais um resultado histórico para o tênis brasileiro feminino desde Niege Dias, em 1989, a pernambucana mostra ter ganhado confiança. “O que antes ainda era uma conquista meio distante, a campanha que fiz em Bogotá me fez acreditar. Agora acredito que posso ganhar um WTA”, comentou.

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A atleta descarta ter um segredo para o sucesso. Para ela, a presença em grandes torneios e a proximidade com tenistas de alto nível, somadas a um intenso trabalho físico que vem fazendo desde que sofreu séria lesão no joelho direito, têm sido fundamentais para sua evolução.

Em 2008, a tenista passou por duas cirurgias e ficou mais de um ano sem competir. “Tive dias bem duros, não sabia se ia conseguir voltar a jogar. Eu treinava cinco, dez minutos e começava a doer. No dia seguinte era a mesma coisa. O apoio da minha família, dos meus amigos e do meu namorado (Alexandre Zornig) foi muito importante”, recordou.

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A palavra superação sempre fez parte do vocabulário da atleta de 25 anos. Filha de um ex-bóia-fria, Teliana Pereira passou os primeiros anos de vida em Barra da Tapera, no município de Águas Belas (PE). O pai, José, deixou o sertão em busca de melhores condições de vida até se estabelecer em Curitiba, no Paraná, e conseguir recursos para buscar a família. E os primeiros passos da garota no tênis aconteceram na academia do francês Didier Rayon, onde começou pegando bolinhas.

E ela mostra gratidão por sua trajetória até assumir o posto de tenista número 1 do Brasil. “Mesmo se não chegar a estar entre as 20 melhores do mundo, vou terminar a carreira superfeliz. Com o tênis pude ajudar minha família. Tudo o que eu conquistei foi com muita batalha e com muito trabalho. Me sinto uma vencedora”, afirmou, orgulhosa.