O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, avisou nesta quarta-feira que continua à frente da entidade, mas deixou claro para os dirigentes das 27 federações que vai pedir licença por questões de saúde, sem especificar quando e por quanto tempo. O mandatário maior do futebol brasileiro informou, durante assembleia geral extraordinária, na sede da CBF, no Rio de Janeiro, que vai fazer exames nos próximos dias, o primeiro nesta quinta, que vão determinar a gravidade de sua condição.
“Ele vai sair, sim, para fazer tratamento”, disse o presidente da federação catarinense, Delfim Peixoto, deixando claro que vai ser uma licença médica, não renúncia. Seu colega do Ceará, Mauro Carmélio, reforçou que Ricardo Teixeira vai mesmo se afastar do cargo para se cuidar. “Ele nos disse que está doente, não disse o que era, nem por quanto tempo ficará de licença”, afirmou. “Mas a condição de saúde do Teixeira é de conhecimento público. Todos sabem que ele está muito doente”.
No fim do ano passado, o presidente da CBF esteve internado em uma clínica, na zona sul do Rio de Janeiro, com um quadro de diverticulite. Com o pedido de licença, cabe a Ricardo Teixeira a escolha de seu sucessor, entre os cinco vice presidentes da CBF. Se renunciasse – como o próprio cartola disse que faria, ao tio Marco Antônio Teixeira, quando o demitiu, no início de fevereiro – assumiria o vice mais velho, José Maria Marin, de 79 anos. Foi a possibilidade de posse de Marin que gerou revolta entre os presidentes de sete federações, que defendiam a convocação imediata de eleições. Eles ficaram conhecidos como “G-7”, ou “rebeldes”, entre os demais dirigentes.
Por conta disso, a assembleia desta quarta foi tensa. Ricardo Teixeira abriu os trabalhos dizendo que permaneceria à frente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 e explicou por que demorou tanto a esclarecer os rumores sobre a sua possível saída. Houve muitas reclamações por conta do silêncio. Ricardo Teixeira alegou ter sido por causa dos problemas de saúde.
O cartola pediu “união a todos”, pelo menos até a Copa de 2014. Como recebeu separadamente cada um dos dirigentes, antes da assembleia, conseguiu acalmar um pouco os ânimos. Ainda assim, na reunião, após a votação de pequenas mudanças no estatuto da CBF, houve um momento de “lavagem de roupa suja”, como descreveu Carmélio.
Os presidentes do chamado “G-7” fizeram questão de mostrar a Ricardo Teixeira que, mesmo contrários a uma possível posse de Marin, em caso de renúncia, jamais desejaram a saída do presidente. O principal líder dos sete, o presidente da federação gaúcha, Francisco Noveletto Neto, disse que “todos erraram”. “A CBF errou, por não nos dar explicações, e nós também. Nos precipitamos”, disse. “Foi uma grande falha de comunicação de todas as partes”.
MUDANÇAS – Entre as alterações aprovadas, as principais são a proibição da doação de dinheiro a campanhas eleitorais, por parte das federações, e uma definição quanto à substituição dos vice-presidentes das cinco regiões. Agora, em caso de morte ou renúncia, uma nova eleição deve ser marcada, com candidatos da respectiva região.