Um dos homens mais influentes do futebol brasileiro nos últimos anos, o ex-secretário geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Marco Antonio Teixeira acredita em uma reviravolta após a Copa das Confederações com relação à data da eleição à presidência da entidade – marcada para abril de 2014. Em entrevista, Marco Antonio disse que seria temeroso demais para o trabalho do técnico Luiz Felipe Scolari um pleito que promete ser bastante disputado e polêmico a dois meses do Mundial.
“Há um risco enorme de que essa eleição possa contaminar o futebol da seleção na Copa do Mundo. Não há um processo sucessório na CBF igual ao que se desenha há 24 anos”, declarou Marco Antonio, tio de Ricardo Teixeira, por quem foi demitido da CBF antes deste renunciar, em março de 2012. “Defendo a convocação de uma assembleia extraordinária para nova mudança dessa data. Há vários presidentes de federações estaduais que concordam com isso. O presidente José Maria Marin e o vice Marco Polo Del Nero têm de agir nesse sentido”.
Para ele, boa parte do noticiário às vésperas da Copa do Mundo, na fase final de preparação da seleção, vai estar voltada para a sucessão de Marin. “Não há como isso não afetar todo o universo da CBF, que envolve principalmente a seleção”. A eleição seria realizada após o Mundial. Mas Ricardo Teixeira, pouco antes de deixar a presidência da entidade, convocou assembleia a fim de promover a mudança. Quis assim garantir que seu candidato preferido, Del Nero, não corresse o risco de sofrer algum revés político por causa de um eventual fracasso da seleção na Copa de 2014.
O ex-secretário geral fez questão de ressaltar sua confiança no trabalho de Scolari e de Carlos Alberto Parreira, coordenador-técnico da seleção. “Trabalhei com os dois e são extremamente competentes”. Indagado se ainda mantém algum contato com Ricardo Teixeira, Marco Antonio afirmou que não esteve nem falou mais com ele desde o encontro em que foi demitido, em fevereiro de 2012. Não soube afirmar se o ex-presidente visitou o Brasil nos últimos meses. “Ele chegou a me dizer que quando a porta do saguão do aeroporto se fechasse, não queria mais saber desse país”.
Apesar disso, Marco acredita que seu sobrinho não esteja distante das decisões mais importantes do futebol do País. “Ele renunciou, mas manteve toda sua diretoria. O único excluído fui eu, por não concordar com o processo de sucessão que ele queria impor. Deixei claro ao Ricardo que as federações estaduais e os clubes tinham de ter mais voz ativa dentro da CBF”.
De acordo com Marco, os clubes deveriam ter brechas no calendário para voltar a disputar torneios importantes na Europa. “Anos atrás, nossos clubes eram convidados para competições curtas na Espanha, Itália. E ainda não havia essa força toda da TV nas transmissões do futebol. Isso seria fundamental para a internacionalização dos clubes brasileiros”, declarou ele, que agora atua na coordenação de cursos de gestão e de marketing esportivos.
Sobre a possibilidade de Andrés Sanchez ser o candidato de oposição na eleição da CBF, Marco Antonio comentou que o ex-presidente do Corinthians tem o perfil de um grande administrador “por tudo que fez pelo seu clube e pela responsabilidade na construção do Itaquerão”. Deixou no ar, entretanto, se poderia também se lançar candidato. “Hoje não penso nisso. Mas tem muita água para rolar.” Ele salientou que Andrés, até agora, não confirmou sua pré-candidatura – a exemplo de Del Nero.
Segundo Marco, não se pode descartar a possibilidade de um presidente de federação que faz oposição ao cartola da FPF ou um ex-jogador de muito prestígio vir também a disputar a presidência da CBF. “Estou convicto de que haverá novidades após a Copa das Confederações”, disse.