Tecnologia faz o golfe utilizar os mesmos materiais básicos da F-1

Um esporte usa carro equipado com motor a explosão de 900 cavalos, sem silenciador, e o outro envolve apenas um jogador, em meio ao som de pássaros que cantam na natureza. Mas a afinidade entre ambos é maior que a sugerida em princípio. Fórmula 1 e golfe. É verdade, os dois, apesar de num certo sentido antagônicos, têm muito em comum.

De que são feitos, basicamente, os carros de Fórmula 1? Dois materiais, em essência: fibra de carbono e uma liga metálica à base de titânio. Quais os materiais empregados na construção do equipamento principal do golfista, o taco? Fibra de carbono e uma liga metálica à base de titânio.

A tecnologia mais avançada chegou ao golfe de maneira a até modificar suas características e exigir das entidades controladoras ações para conter a escalada do desempenho dos golfistas.

"A distância média dos drives (primeira tacada) no PG Tour (Campeonato Norte-Americano) era de 284 jardas até há poucos anos. Hoje, com os supertacos e bolas, 320 jardas", conta o líder do ranking dos golfistas profissionais do Brasil, Rafael Barcellos, que sexta-feira foi quarto colocado no Pro Am do VI Torneio Audi de Golfe, no Alphaville Graciosa Clube, em Curitiba. Uma jarda é mais ou menos um metro. "Em pouco tempo os golfistas passaram a mandar a bola 40 jardas mais longe", diz Barcellos.

Os avanços têm sido enormes em todas as áreas. "Hoje os jogadores dispõem de suas imagens reproduzidas lentamente em programas de computador, capazes de melhorar muito o seu próprio desempenho", explica o presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Golfe (ABPG), Antônio Nascimento.

"Há ainda preparadores físicos pessoais, nutricionistas, psicólogos. Tudo isso, junto da tecnologia dos equipamentos, recriou o golfe recentemente", conta Nascimento. Os campos estão sendo reprojetados em razão da elevação dos parâmetros de performance.

"Antes obstáculos como árvores, bunkers (bancos de areia) eram posicionados a cerca de 200 jardas do início da tacada. Agora, esses obstáculos são ultrapassados com facilidade pela evolução do jogador e dos equipamentos", explica Nascimento. "Eles estão sendo recolocados a distâncias que variam entre 250 e 300 jardas."

O golfista profissional Ricardo Iversson lembra que a última geração de bolas, como a Titleist Pro V1, em uretânio, permite com a mesma força da tacada cobrir 30 jardas a mais que com as bolas utilizadas até há apenas cinco anos. O fato associado aos modelos de taco lançados no mercado estão fazendo com que mais jogadores atinjam tacadas longas. "Antes a responsabilidade do golfista, nesse sentido, era maior."

Tal qual a FIA na Fórmula 1, as duas maiores entidades mundiais do golfe, Royal and Saint Anders (RA), na Europa, e United States Golf Association (USGA), nos Estados Unidos, já proibiram uma série de modelos de tacos por causa da sua capacidade de lançar as bolas longe.

A cabeça do taco se deforma ao tocar na bola e ao regressar à posição de origem imprime à bola uma velocidade impressionante. "Várias normas estão sendo criadas para conter esse avanço todo", afirma o presidente da ABPG.

Na Fórmula 1, desde a sua origem, em 1950, os engenheiros pesquisam todos os meios de tornar seus carros mais estáveis, velozes, seguros, driblando as limitações dos regulamentos.

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