Para se ter uma idéia da importância para os venezuelanos da vitória de sexta-feira (6) sobre o Brasil (2 a 0, em Boston, nos Estados Unidos), o treinador da "vinotinto" (vinho tinto), César Farías, chorou durante a entrevista coletiva. Foi quando ele lembrou do filho de nove anos, Jesus Alejandro, que lhe ligara na véspera pedindo a vitória a qualquer custo.
"No ano passado, na Copa América, levei meu filho ao hotel em que a seleção brasileira estava hospedada para pegar autógrafos. Fomos retirados de forma muito dura. Aquele episódio me veio à cabeça ontem (quinta-feira), quando meu filho me ligou". Agora, Farias espera uma outra ligação: do presidente Hugo Chávez. "Nunca falei com ele, mas depois deste jogo, quem sabe isso aconteça."
Farías classificou a vitória como "algo histórico". Não é para menos. Em 17 jogos, a Venezuela nunca vencera o Brasil – não havia sequer arrancado o empate. "Só havia duas seleções na América do Sul que nunca conseguimos vencer: Brasil e Argentina. Agora, depois deste jogo, posso dizer que sonhar com uma classificação para um Mundial não é mais uma ilusão", disse o treinador, lembrando que a Venezuela é ainda o único país sul-americano a nunca ter disputado uma Copa do Mundo.
Nas Eliminatórias, a Venezuela ocupa a quinta colocação com seis pontos, só dois a menos que o Brasil, o terceiro. Os venezuelanos enfrentam o Uruguai, no dia 14, em Montevidéu, e o Chile, no dia 18, em Puerto La Cruz. Questionado se deixaria Ronaldinho Gaúcho e Kaká de fora de uma convocação, por qualquer motivo que fosse, Farías apenas sorriu. "Eles não são venezuelanos", disse.
