Técnico do Atlético não teme desmanche do elenco

A saída de três jogadores titulares em fevereiro e os dois últimos resultados de empate (Jotinha e Corinthians alagoano), considerados como tropeços por parte da torcida, fizeram com que surgissem comentários de uma queda de rendimento da equipe e que o Atlético não teria forças e elenco suficientes para brigar por títulos, como quer a comissão técnica, dirigentes e torcedores.

Para amenizar essa desconfiança, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Mário Celso Petraglia, se manifestou para explicar a saída de Ferreira e Claiton e se comprometeu em manter o Atlético forte para a disputa de taças no decorrer do ano. ?Não vamos deixar o Atlético desfalcado. Vamos buscar novos talentos?, disse em relação às contratações. Petraglia aproveitou para pedir o apoio do torcedor e para que ele não desanime e acredite sempre no clube.
?A integração da torcida ao quadro associativo é um fator determinante para o crescimento do clube como instituição. Implementamos nossa campanha de sócios e que em breve estará funcionando a todo vapor. Vinte mil sócios pagantes é o mínimo que se espera de um clube com a nossa expressão. Alcançado esse objetivo, teremos um clube capaz de suportar o custo salarial compatível com os demais clubes considerados grandes no Brasil?, explicou.

Mas como quem ganha jogos e campeonatos é o time de futebol, nada melhor do que o técnico Ney Franco analisar o atual momento de transição pelo qual passa o Rubro-Negro.

Parana-Online: Com a saída de Ferreira, Jancarlos e Claiton houve um retrocesso em relação ao entrosamento da equipe?
É uma fase de recomeço?

Ney Franco: Perdeu e estaria mentindo se dissesse o contrário. Mas nada para se concluir que o Atlético não tem mais uma equipe competitiva. Estou tranqüilo e queria passar essa tranqüilidade para o torcedor. Como treinador tenho o dever de remontar a equipe e percebo que temos no elenco jogadores com potencial. Basta dar a eles confiança e seqüência de jogos. Peço também neste recomeço um pouco de paciência ao torcedor.
No momento, estamos classificados no estadual e com time suficiente para passar pelo Corinthians (AL), sem menosprezar o adversário. Ainda temos opções e variações que não foram utilizadas.

Parana-Online: Desde a sua chegada, você trabalhou com jogadores que eram referência no time. Em 2007 Alex Mineiro e Ferreira. No início do ano, Ferreira e Claiton.
E agora? A falta de uma liderança prejudica nesse período de transição?

Ney Franco: Temos jogadores experientes como o Marcelo Ramos, Irênio e o Antônio Carlos. O próprio Alan Bahia já viveu muitos campeonatos pelo Atlético. Cabe a nós desenvolver no elenco essa capacidade de diálogo e cobrança dentro de campo. Desenvolver esse lado líder que alguns jogadores têm.

Parana-Online: A torcida sempre cobra a presença de ídolos e eles têm deixado o clube ultimamente. Neste elenco há possibilidade de surgirem novos ídolos?

Ney Franco: Meu papel é criar o ambiente para que isso aconteça. Na medida em que o jogador começar a jogar bem, dar retorno pro clube, na parte tática e técnica, e que o torcedor veja que esse atleta ?veste bem? a camisa do Atlético, o jogador passa a ser admirado e respeitado pela torcida. Torna-se um ídolo.

Parana-Online: Existe a necessidade de buscar peças de reposição? Quais posições são prioridade no momento?

Ney Franco: Essa questão tem que ter cuidado.
Não adianta contratar por contratar. Hoje temos boas opções para fechar o Paranaense e enfrentar a Copa do Brasil. Logicamente que estamos atentos e a diretoria trabalhando para quando aparecer a possibilidade de negociação, ela seja realizada.

Parana-Online: Com a falta de reposição de peças, você ficou sem opção para remontar também o banco de suplentes?

Ney Franco: Estou vendo nos treinamentos que temos um banco muito bom também. Pimba, Renan e Choco estão treinando bem. Temos essas opções e não perderemos performance.

Parana-Online: Dois jogadores ainda não estrearam com você: Wallyson e Tiago. Qual a situação deles?

Ney Franco: São jogadores que não conheço apesar de ter muitas informações positivas sobre eles. Ainda vão levar entre um e dois meses para estarem prontos para jogar. Torcemos para que eles possam corresponder à altura.

Parana-Online: O Kelly, que está em tratamento médico no CT, é uma boa alternativa?

Ney Franco: Acho um boa opção. Tem histórico no clube e a torcida o conhece. Se ele tiver uma boa recuperação e o clube e o atleta acertarem a permanência, seria uma boa contratação.

Petraglia fala sobre as transferências de Claiton e Ferreira

Foto: Arquivo

Presidente do Conselho Deliberativo diz que não teve como segurar os jogadores.

1 – Não seria possível evitar a saída de Claiton e Ferreira?

Petraglia – Todos sabem que não há como competir com o poderio financeiro dos clubes estrangeiros. No caso de Ferreira e Claiton – jogador que não nos pertence e que veio sob a condição de ser liberado caso ocorresse qualquer proposta do exterior -, a vantagem salarial era irresistível. Se ficassem conosco, o motivacional estaria prejudicado(…) Nos dois casos, os jogadores receberam propostas em valores absurdos. Era impossível cobrirmos.

2 – Não dava para pagar um pouco mais para eles?

Petraglia – Temos que pensar no todo. Se resolvermos pagar valores acima da nossa condição a um, dois ou três atletas, com sacrifício, como muitas vezes sugerem torcedores, como ficariam os demais ganhando muito menos? Não podemos nivelar nossa folha de pagamento por cima, não sustentaríamos. Além do que, as exceções criariam grandes desencontros internos no grupo de jogadores.

3 – O clube de futebol profissional é deficitário?

Petraglia – Operacionalmente, o futebol brasileiro não é lucrativo para os clubes. As receitas são menores do que as despesas. Basta lembrarmos que os itens patrocínio, bilheterias, transmissões de jogos por emissoras são receitas insuficientes e não cobrem os custos operacionais com folha de pagamento de funcionários, dos jogadores, das comissões técnicas. Temos que administrar com responsabilidade para conciliar a paixão com a razão.

4 – Isso acontece apenas com o CAP?

Petraglia – Sobrevivemos ainda da transferência de nossos artistas porque no Brasil o espetáculo não tem bilheteria estimulante. O CAP não é uma exceção. Não dá para esquecer que o clube ainda faz investimentos e tem suas contas saneadas (…) Construímos o CT como instrumento capaz de desenvolver talentos impossíveis de serem adquiridos no mercado. Nosso projeto é baseado na transferência desses craques para o exterior, como fonte de receita para sustentar toda essa estrutura, construir a Arena, valorizar a marca… Portanto, uma vez concluída a fase dois da Arena, o CAP terá um patrimônio bruto acima de US$ 150 milhões. No futuro, que nos parece muito próximo, teremos receitas suficientes para investirmos exclusivamente no nosso futebol.

(Trechos editados da entrevista do Presidente Mário Celso Petraglia ao site do clube.)

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