Técnico da seleção de polo defende naturalizações para a Olimpíada

É bastante difícil pensar em qualquer boa referência quando se ouve o nome “Bin Laden”. Neste domingo, porém, o título do Troféu Brasil Masculino de Polo Aquático foi decidido pela grande atuação de Vinícius Antonelli, chamado por todos de “Bin Laden”. O goleiro sofreu três gols no primeiro quarto da final, mas se recuperou e garantiu a vitória do Pinheiros sobre o Sesi, por 6 a 5, na casa do Sesi, na Vila Leopoldina, em São Paulo.

À beira da piscina, Ratko Rudic assistia a tudo. Quatro vezes campeão olímpico, o técnico croata acompanhou de perto uma final que envolveu pelo menos oito dos seus comandados na seleção brasileira. “Foi o melhor jogo que eu vi no Brasil desde que cheguei. Alto nível, jogadores preparados”, elogiou o treinador.

De fato, desde a contratação de Rudic pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), o polo aquático masculino brasileiro está em outro patamar. Nos últimos dois anos, a seleção foi vice do chamado “Torneio Intercontinental”, a seletiva “não-europeia” da Liga Mundial. Em teoria, o Brasil tem o segundo melhor time do mundo dentre os que não são da Europa.

Apesar da evolução, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) quer mais e segue trabalhando para que o central croata Vrilic e o goleiro sérvio Soro consigam a naturalização forçada. Ambos estão jogando na Sérvia, não têm treinado com a seleção, não disputaram o Troféu Brasil deste ano nem a Liga Nacional do ano passado.

Mas nem a boa fase de Bin Laden nem a ausência de Soro no projeto brasileiro fazem Rudic mudar de planos. “Não é por um jogo que você pode julgar um jogador. Tem que ver todo o histórico, tudo. Soro é um dos melhor goleiros do mundo”, argumenta o croata. Aos 36 anos, o goleiro sérvio tem duas medalhas olímpicas no currículo, se aposentou na seleção do seu país e aceitou defender o Brasil mesmo sem nunca sequer ter defendido um clube brasileiro.

Soro chegou a ser contratado pelo Fluminense, quando o clube carioca decidiu investir pesado no polo, em 2013. Por problemas de documentação, ele não chegou a jogar a Liga Nacional daquela temporada. Um ano e meio depois, o Flu praticamente acabou com o time campeão brasileiro em 2013. No Troféu Brasil, ficou no oitavo e último lugar, sem vaga na Liga Nacional.

Os craques do clube das Laranjeiras se espalharam, especialmente por Pinheiros e Sesi, os dois times que concentram praticamente toda a base da seleção. No campeão estão, entre outros, o espanhol Adrià Delgado (pai brasileiro) e o cubano Yves González (radicado no Brasil). O Sesi jogou com o italiano Paulo Salemi (mãe brasileira) e o astro norte-americano Tonny Azevedo (pai brasileiro).

Dos quatro, só Tonny não deverá jogar a Olimpíada pelo Brasil – ele decidiu seguir como capitão dos Estados Unidos. O passaporte de Yves está para sair e ele faz parte dos planos da seleção, como confirma Rudic. Adrià e Paulo já estão incorporados à equipe, assim como Felipe Perrone, que nasceu no Rio mas por muitos anos defendeu a Espanha.

Com esse time, o Brasil deve brigar, no Pan, por um ouro que não vem há mais de 50 anos. “Vamos brigar pela primeira colocação. O Pan é importante para o Canadá e para os EUA, porque vale vaga na Olimpíada, mas vamos brigar pelo título”, prometeu Rudic, que não gosta de pensar em resultados. Para ele, sempre, o desempenho é reflexo dos treinamentos.

É por isso que ele ainda não faz projeções para 2016, ainda que deixe claro que a presença de Vrilic e Soro na seleção pode alterar as metas. “Depende do nosso programa. Se a gente cumprir o nosso programa, temos chance. Se não, não. Tudo está no programa. Depende de participarmos de boas competições, de termos alguns jogadores disponíveis. Se fizermos tudo, podemos ficar perto da medalha.”

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