Depois de passar com supremacia pelo “grupo da morte” da Copa do Mundo – deixando os campeões Uruguai, Itália e Inglaterra pelo caminho -, e desbancar a Grécia nos pênaltis nas oitavas, a surpreendente Costa Rica ainda sonha com voos mais altos. Visivelmente empolgado após o triunfo por 5 a 3 nas penalidades (1 a 1 no tempo normal e na prorrogação), o técnico colombiano Jorge Luís Pinto mandou um recado para a Holanda, rival das quartas de final e favorita no confronto de sábado, em Salvador.
“Queremos continuar sentindo o pulsar forte do coração de nossos torcedores e vamos continuar ganhando”, garantiu o treinador, ao mandar mensagem para os costa-riquenhos. “Temos uma estrutura bem montada e isso é útil em um jogo tão complicado. Temos orgulho de tudo que estamos fazendo. Respeitamos todos os adversários e vamos continuar a respeitar. O jogo contra a Holanda é complicado, mas vamos entrar com vontade de ganhar. Não estamos satisfeitos com isso (as quartas).”
O técnico está sendo um visionário neste Mundial. Antes de a competição começar, todos davam sua seleção como a principal candidata a saco de pancadas. Ninguém imaginava um futuro em grupo com três campeãs mundiais, detentoras de sete títulos. Pinto garantiu que não temia nenhum rival: “Vamos atacá-los”.
Foi ironizado. Muitos menosprezaram suas palavras. Ele não se importou, vem calando quem duvidou do potencial de sua seleção e, agora, volta a falar grosso. Desta vez, ele fará um duelo de duas seleções invictas.
Mostrando personalidade, Pinto lamentou o fato de o México ter sido eliminado, pois seria especial para a Concacaf ter duas seleções na briga por uma vaga na semi. Já que o adversário será a Holanda, embora o treinador garanta que vai para o ataque, já avisou como “gostaria” de perder, caso o resultado positivo não aconteça. “Temos vontade de ir para a frente, mas vamos ser sinceros. Vamos dar o melhor para avançar, mas a Holanda é brilhante. Sentimos pelo México. Eles são da nossa região e seria lindo enfrentá-los. Sobre o jogo com a Holanda, se for para perder, que seja como o México perdeu.” Os holandeses ganharam os quatro jogos até aqui e têm Robben entre os candidatos a ídolo da competição. Mais um desafio para a pequena seleção que vem ganhando o coração dos brasileiros.
Ao olhar os números do jogo deste domingo, em São Lourenço da Mata, na grande Recife, fica claro que a Grécia foi quem mais teve posse de bola e criou mais chances de gols. Superou o número de 20 finalizações e até no último lance da prorrogação poderia ter saído com triunfo.
Pinto reconheceu o sufoco de seu elenco, mas não achou injusta a classificação às quartas. Ao contrário, disse que avançou quem tinha de passar. “Sabíamos que merecíamos ganhar por tudo o que fizemos. Tem uma justiça divina lá em cima. Ganhamos por merecimento, os jogadores se entregaram até a última bola”, afirmou. “Sabíamos que não seria fácil, eles (gregos) têm bom futebol e se defenderam bem.”
O treinador não mostrou sensatez ao analisar friamente a partida. Preferiu jogar seu grupo para cima num dia de adversidades, numa clara jogada psicológica utilizada antes ou mesmo depois de cada partida. Exagerou, talvez. Mas mostrou humildade para saber reconhecer os responsáveis pelo momento de glória. Pinto não admitiu, em hipótese alguma, ser considerado o “cara” da fantástica campanha até agora. Ele fez questão de dividir, bem divididos, os méritos. “Todos nós estamos envolvidos nisso, a equipe técnica, a torcida, toda essa gente que veio até aqui (no Brasil) para nos acompanhar, os meios de comunicação…”, discursou.