Tabu mantido: Uruguai 1×1 Brasil

Rio de Janeiro – Em jogo eletrizante, Brasil e Uruguai empataram em 1 x 1, ontem, no estádio Centenário, em Montevidéu, pela 13.ª rodada das Eliminatórias para a Copa de 2006. Diego Forlán abriu o placar para a Celeste, e Emerson igualou para os brasileiros, ambos os gols assinalados na segunda etapa.

Com o resultado, a seleção brasileira manteve a 2.ª posição da competição, agora com 24 pontos, quatro a menos que a Argentina, mais o tabu, de 29 anos sem vencer o tradicional adverário em seu principal estádio. Os brasileiros voltarão a campo na primeira semana de junho, quando receberão o Paraguai. Já a Celeste irá à Venezuela enfrentar a seleção local.

Com Ricardo Oliveira no ataque ao lado de Ronaldo e o meio-de-campo tendo a dupla Kaká e Ronaldinho, o Brasil começou tocando a bola com rapidez e parecendo controlar as ações. Mas a primeira grande chance de gol foi dos uruguaios, aos 17?, quando Forlán cabeceou na pequena área e Dida praticou uma defesa sensacional no pé da trave direita.

A resposta da seleção veio aos 25?, com uma falta na intermediária. Roberto Carlos soltou uma rojão, o goleiro Veira rebateu, mas Ronaldo não teve domínio para completar. O jogo seguia disputado, com as equipes buscando a abertura da contagem. Aos 29?, a defesa brasileira falhou e Carlos Diogo bateu de primeira, mas por cima do gol.

Aos 39?, Ronaldinho viu a penetração de Ronaldo e fez o lançamento. O fenômeno matou no peito, mas foi prensado por Montero na hora do arremate. A última oportunidade da movimentada primeira etapa veio aos 43?, quando Dida operou o segundo milagre da noite ao salvar uma finalização de Zalayeta.

As equipes voltaram sem alterações para o segundo tempo, que começou tão dinâmico como o primeiro. E, logo aos 3?, Rubén Olivera chutou forte de fora, Dida soltou e Forlán não perdoou, abrindo o placar para a Celeste.

A seleção brasileira acusou o golpe e passou por minutos de intranqüilidade. Somente aos 17, o time de Parreira chegou com força ao ataque, através de Ricardo Oliveira, que, após boa triangulação, arrematou da entrada da área, mas em cima de Veira.

Após este lance, o atacante do Bétis deixou o campo machucado para a entrada de Robinho. O Brasil ganhou ânimo novo e chegou ao empate aos 22?, quando Emerson aproveitou confusão na área e chutou cruzado, igualando o placar.

Animados, os brasileiros foram à frente em busca do gol da virada. Aos 37?, Ronaldinho cobrou falta com categoria, mas Veira fez grande defesa para escanteio. Aos 40?, foi a vez de Roberto Carlos experimentar novamente o goleiro uruguaio, que fez a defesa em dois tempos.

Os minutos finais não foram diferentes do restante da partida. Em ritmo acelerado, as equipes ainda buscavam o gol que decretaria a vitória, mas, apesar dos esforços, não obtiveram sucesso no objetivo, mantendo o justo empate no marcador.

ELIMINATÓRIAS
Em campo
Local: Centenário (Montevidéu)
Árbitro: Héctor Baldassi (ARG)
Assistentes: Cláudio Rossi (ARG) e Sérgio Cagni (ARG)
Cartões amarelos: García (Uruguai), Cafu (Brasil)
Gols: Forlán, aos 3?, Emerson, aos 22?, do 2.º tempo.

URUGUAI 1 x 1 BRASIL

Uruguai
Sebastián Viera; Diego López, Diego Lugano, Paolo Montero e Darío Rodríguez; Carlos Diogo (De los Santos), Rubén Olivera (Chevanton) e Pablo García; Mario Regueiro (Delgado); Diego Forlán e Marcelo Zalayeta. Técnico: Jorge Fossati

Brasil
Dida, Cafu, Lúcio, Luisão e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto (Renato), Kaká e Ronaldinho; Ricardo Oliveira (Robinho) e Ronaldo Técnico: Carlos Alberto Parreira

Laboratório para Parreira

Montevidéu – Carlos Alberto Parreira diz que ainda está ?em busca de um time ideal? e ?em fase de experimentos? na seleção brasileira. Ele terá dois bons laboratórios pela frente.

O primeiro será um amistoso com a Argentina no próximo dia 27, no Morumbi. Neste jogo, Parreira não poderá convocar atletas que estejam atuando no exterior. Chamará só jogadores que estejam no Brasil.

O segundo laboratório será a Copa das Confederações, que vai de 15 a 29 de junho, na Alemanha. Parreira diz que vai levar o que tiver de melhor para o torneio, mas admite que dará chances a alguns jogadores que têm atuado pouco pela seleção. ?Nada impede que eu deixe o Cafu no banco, por exemplo, para poder ver o Maicon em ação?, diz o técnico.

Outros que podem ganhar chances como titular são o lateral-esquerdo Gustavo Nery e o atacante Adriano. Ambos foram titulares na Copa América do ano passado e deixaram boa impressão para Parreira, principalmente o atacante da Internazionale, que saiu como artilheiro daquela competição.

Gustavo Nery, atualmente no Corinthians, deve ser titular já no amistoso com a Argentina. Além dele, outros nomes certos na lista são o goleiro Marcos e o volante Magrão, do Palmeiras, o meia Ricardinho e o atacante Robinho, do Santos, e o volante Mineiro, do São Paulo.

Jogadores que já foram convocados por Parreira no ano passado também têm boas chances de ser chamados novamente, como o zagueiro Anderson e o meia Roger, do Corinthians.

O técnico promete também algumas surpresas. Ele já fez elogios ao lateral Cicinho, do São Paulo, e ao atacante Fred, grande sensação do Cruzeiro neste início de temporada. O goleiro são-paulino Rogério Ceni e o lateral santista Léo, apesar de fazerem sucesso em seus respectivos clubes, não deverão ser chamados por Parreira. ?Questão de opção?, diz o técnico.

Roberto Carlos, 10 anos como titular

Montevidéu – Roberto Carlos está completando dez anos como titular absoluto da lateral esquerda da Seleção Brasileira. Desde um amistoso com Israel, em 17 de maio de 95 (vencido pelo Brasil por 2 a 1), o ex-jogador do Palmeiras é dono da camisa 6 amarela. Na época, Roberto Carlos já era atleta da Internazionale, de Milão, onde atuou por duas temporadas antes de ir para o Real Madrid, time que defende até hoje. Na Seleção, são 118 jogos -10 mil minutos em campo, recém-completados. Só o lateral-direito Cafu tem números maiores (138 jogos e 10.797 minutos com a camisa canarinho).

Prestes a completar 32 anos, Roberto Carlos pretende atuar por muito mais tempo com a Seleção. ?Esses 10 mil minutos que estou atingindo representam uma marca muito bonita. Mas quero atuar pelo menos mais uns cinco mil minutos?, diz Roberto, que aponta a chave para seu sucesso: ?O segredo é sempre se manter motivado em vestir a camisa da Seleção. Tem gente que, com o passar do tempo, perde o interesse. Mas eu, não. Sempre me mantive motivado?.

Segundo Roberto, ?o mais difícil não é se manter como titular por tanto tempo, mas sim ficar ouvindo que sempre está pintando um novo lateral?. Ele sabe bem o que está falando. Só nos últimos dois anos, dez outros jogadores foram testados para a sua posição: Gustavo Nery, Júnior, Maxwell, Kléber, Adriano, Athirson, Gilberto, Sylvinho, Fábio Aurélio e Leandro. Nenhum desses, porém, conseguiu se firmar sequer na reserva.

Roberto se incomoda com essa constante procura por um sucessor para sua posição. Acredita que isso não é preciso, já que ainda tem muita madeira para queimar pela Seleção. ?Infelizmente, algumas pessoas não respeitam um campeão do mundo como deveriam.? O mais afetado, segundo ele, é Ronaldo. ?Eu não sou tão criticado assim, mas acho que pegam muito no pé do Ronaldo. As pessoas têm que ter mais paciência com ele.?

Uma década

São dez anos como titular absoluto, mas a história de Roberto Carlos na Seleção começou bem antes. Em 91, quando jogava pelo modesto União São João, de Araras, Roberto já era figurinha carimbada nas seleções de base. Foi titular, por exemplo, na campanha do torneio qualificatório para as Olimpíadas de Barcelona, em 92.

Em 93, já pelo Palmeiras, vieram as primeiras convocações para a seleção principal. Para muitas pessoas, aliás, Roberto merecia estar no grupo que disputou a Copa do Mundo de 94, nos Estados Unidos. Mas o técnico da Seleção na época – o mesmo Carlos Alberto Parreira – optou por Branco e Leonardo. Roberto garante não ter ficado magoado.

Após o Mundial, já com Zagallo no comando, outros dois jogadores chegaram a ser testados na Seleção: André Luís, que na época jogava no São Paulo, e Jefferson, do Botafogo. Mas nenhum dos dois se firmou e Roberto Carlos acabou tomando conta da posição, tendo disputado as duas Copas seguintes – em 98, na França, e 2002, no Japão e na Coréia do Sul. Mesmo sendo titular absoluto da Seleção, Roberto Carlos anda sendo contestado por uma parte da torcida do Real Madrid. ?Já superei várias crises na carreira e isso não me incomoda em nada. Sou o jogador estrangeiro com mais tempo de clube e os torcedores acham que eu tenho a obrigação de decidir tudo. Eu e o Figo somos muito cobrados. Mas tenho muito tempo de futebol e nada me abala.?

Roberto completa: ?A fase negativa do Real é momentânea. Estou tranqüilo e pretendo seguir no clube por mais três anos. Depois, retorno ao Brasil?. Ele só não sabe em qual clube encerrará a carreira: no Palmeiras, onde viveu seus grandes momentos no País, ou no Santos, seu time de coração.

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