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Suspenso por doping, técnico Alberto Salazar é excluído do Mundial de atletismo

Poucas horas após ser suspenso por quatro anos por envolvimento em casos de doping, o técnico norte-americano Alberto Salazar foi excluído neste terça-feira do Mundial de Atletismo, que está sendo disputado em Doha, no Catar. Salazar se tornou famoso por treinar astros da modalidade como o britânico Mo Farah, campeão olímpico e mundial nos 5.000 e 10.000 metros.

Salazar, que nasceu em Cuba, foi suspenso por quatro anos por supostamente estimular o doping em seus atletas. Ele foi punido pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) ao fim de uma investigação que durou ao menos seis anos. A sanção aplicada ao treinador foi anunciada na noite de segunda. Na manhã desta terça, a IAAF confirmou que cassou sua credencial no Mundial.

A investigação a Salazar se tornou pública em 2015, divulgada pela BBC e pela agência ProPublica. Eles revelaram detalhes da apuração da USADA, que apontou que o treinador usava testosterona em gel e infusões de um suplemento chamado L-carnitina que, misturada com insulina, aumentaria a performance dos atletas.

O endocrinologista Jeffrey Brown, que trabalha com Salazar, também foi suspenso. Ambos foram punidos sob acusação de portar e traficar testosterona enquanto treinavam corredores do Nike Oregon Project (NOP), nos Estados Unidos. No momento, o grupo conta com sete atletas que estão competindo em Doha. As punições não atingem os esportistas.

Uma delas é a holandesa Sifan Hassan, que venceu a prova dos 10.000 metros no sábado à noite no Catar. E vai disputar também os 1.500m. Já os norte-americanos Donavan Brazier e Clayton Murphy estão inscritos para disputar a prova dos 800 metros, ainda nesta terça-feira. Os demais atletas são o etíope Yomif Kejelcha, a alemã Konstanze Klosterhalfen e os americanos Jessica Hull e Craig Engels.

Em comunicado, Salazar se disse chocado pela decisão da USADA e prometeu recorrer. Ele afirmou que ao longo de seis anos de investigação “suportou injusto, antiético e altamente prejudicial tratamento por parte da USADA”. “O Projeto Oregon nunca permitiu e nem vai permitir doping”, declarou o treinador.

Sifan Hassan, por sua vez, afirmou que estava ciente das investigações da entidade e que “sempre teve a consciência tranquila, sabendo que estávamos sendo monitorados da forma mais completa pela USADA”. “Estou muito triste pelo timing da USADA, o que acaba desequilibrando a minha performance no campeonato.”

De acordo com a entidade que investiga os casos de doping nos EUA, foram ouvidas 30 testemunhas na investigação de Salazar, incluindo a atleta Kara Goucher e o ex-treinador do projeto Steve Magness. Ambos já deixaram o projeto.

O mais famoso integrante do grupo era Mo Farah, que participou do projeto durante o período em que dominou as provas de 5.000m e 10.000m em nível mundial. Quando a investigação vazou, a federação de atletismo da Inglaterra fez sua própria apuração do caso e liberou Farah para seguir no grupo. O corredor britânico deixou de trabalhar com Salazar em 2017, alegando que queria voltar a treinar em seu país. Nesta terça, ele divulgou comunicado em que diz ter “tolerância zero com qualquer pessoa que quebra as regras”.

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