Superbowl, a festa dos muitos milhões nos EUA

Patriotas contra Águias. No início do segundo tempo da era Bush, os americanos estão divididos entre seus próprios símbolos. Simbologias à parte, é quase uma guerra o 39.º Superbowl, a grande decisão do futebol americano.

Jacksonville (AE) – O encontro será hoje, às 21h30 (horário de Brasília), no Alltell Stadium em Jacksonville, para mais de 78 mil pessoas, na Flórida, entre New England Patriots e Philadelphia Eagles, os melhores da National Football League (NFL) da temporada 2004/2005. O canal Fx/Sky mostra para o Brasil.

Uma festa que leva os americanos ao estádio (um ingresso custa US$ 500 no preço oficial, mas foi vendido por até US$ 2,2 mil) ou para a frente da TV (a previsão é de que a partida seja vista por 800 milhões de espectadores no mundo), com direito a show de Paul McCartney no intervalo.

O show também envolveu o trabalho de 36 forças de segurança para garantir a tranqüilidade dos visitantes. Foram investidos US$ 7,6 milhões com segurança. Os empresários da cidade doaram US$ 12 milhões em patrocínios para o Comitê Organizador, são 9.500 os voluntários, 5 navios-hotel estão atracados no Rio Saint Johns e uma empresa estima entregar 1,2 milhão de pizzas.

Em campo, disputam o Superbowl os campeões das duas conferências da NFL, a americana e a nacional. Os Patriots, favoritos, buscam o terceiro título em quatro anos. Os Eagles, o primeiro, mas chegaram às finais da conferência nacional nos últimos cinco anos.

Os técnicos Bill Belichick (Patriots) e Andy Reid (Eagles) estão entre os mais antigos da liga, conhecem bem os times. Se a história dos playoffs se repetir, os Patriots saem na frente, sob a batuta do quarterback (QB) Tom Brady. Mas os Eagles têm o comando de Donovan McNabb, que sabe reverter situações adversas.

O ataque dos Patriots é dos mais imprevisíveis, com grande poder ofensivo para passar a bola ou correr com ela. O coordenador de ataque, Charlie Weis, é criativo e arma esquemas que favorecem a capacidade da equipe. O astro do time é o QB Tom Brady (está invicto nos playoffs). Ele é modesto e divide as glórias com os companheiros, de acordo com a filosofia do técnico Belichick. Nada mais justo. É também a versatilidade dos wide receivers (WR) Branch, David Givens e Troy Brown que colocou os Patriots na posição que ocupam. E, para somar, ainda tem o running back (RB) Corey Dillon.

O coordenador da defesa dos Eagles, Jim Johnson, é considerado um dos melhores e está há 5 anos no time. Nesse período, a defesa da Philadelphia perdeu e ganhou jogadores, mas sempre esteve entre as dez melhores, com um estilo kamikaze de pressionar o QB adversário (com isso, muitas vezes abre buracos e deixa espaço para os atacantes).

O ataque dos Eagles conta, nos últimos 6 anos, com a estrela do QB Donovan McNabb. Nos últimos 3 anos, McNabb, praticamente sozinho, levou o time para a final da conferência nacional, mas não conseguiu chegar ao Superbowl. Neste ano, os dirigentes investiram na contratação de Terrell Owens, considerado o melhor wide receiver (WR) da liga, para ajudar McNabb. Deu certo, mas Owens sofreu uma contusão no quadril, em dezembro, passou por uma cirurgia e pode ficar de fora da decisão. Owens – famoso por suas comemorações quando marca um touchdown – treinou com os companheiros em Jacksonville e, no início desta semana, garantiu que joga.

Mesmo sem Owens, o time tem McNabb, que passa com precisão (sua marca na temporada é de 64% de passes completos) e corre com a bola dominada, ganhando preciosas jardas. Conta com a explosão do running back (RB) Brian Westbrook, o segundo no time em recepções, e uma das maiores linhas ofensivas da liga, com jogadores como Ton Runyan e Tra Thomas, com mais de 150 quilos cada, que seguram a defesa rival e dão tempo para o QB tomar as decisões e fazer as jogadas.

A defesa dos Patriots teve um ano conturbado com jogadores importantes machucados e afastados. Mas a habilidade do coordenador da defesa Romeo Crennel garantiu o New England entre os 10 melhores da liga. Crennel monta formações inusitadas que confundem os adversários. Embora os jogadores tenham posições definidas, fazem rodízio e aparecem em locais diferentes do campo, diversidade que tem dado resultado e ajuda a compensar a fraqueza do time no banco de reservas.

Mas, apesar de o melhor da NFL estar em campo, é bem possível que o jogo, disputado com as mãos, seja decidido num chute. As duas últimas vitórias dos Patriots em Superbowls saíram dos pés do kicker Adam Vinatieri, acostumado a atuar sob pressão. Mas David Akers, dos Eagles, foi considerado o melhor da posição nas últimas três temporadas da conferência nacional.

Finalmente chegou a vez de McNabb

Jacksonville (AE) – Em três ocasiões, ele quase chegou lá. Hoje, ele vai estar lá. Donovan Jamal McNabb, o quarterback (QB) dos Eagles, finalmente disputará o Superbowl. Mas mantém os pés no chão: "Ainda não acabou", adverte. "Mas não há motivo para interromper as vitórias", acrescenta, otimista.

Os adversários o respeitam como um jogador perigoso, uma ameaça tanto como passador como corredor. Nos dois casos, ele conta com um arsenal de armas ofensivas. McNabb termina a temporada 2004/05 como o segundo maior passador da conferência nacional (104,7 jardas) e o primeiro jogador na história da NFL a registrar 31 passes para touchdown e só 8 jogadas interceptadas. Com tudo isso, o Eagles chega ao Superbowl pela primeira vez desde 1984, quando perdeu para o Oakland Raiders em Nova Orleans.

Os torcedores do Philadelphia Eagles acham que o número 5 que ele traz na camiseta pode ser interpretado como o "S" do Super-Homem. E compram a roupa do ídolo, tanto que a camiseta com o nome dele nas costas é a quarta mais vendida entre os produtos da liga – atrás apenas das de Brett Favre, Mike Vick e Tom Brady. Mas não é apenas a atitude dele no campo que conquista os fãs. McNabb promove várias ações beneficentes.

Criou uma fundação para pesquisa da diabetes e, quando não está treinando, participa de caminhadas para angariar fundos; patrocina bolsas de estudo em escolas secundárias e, recentemente, trabalhou para as Nações Unidas, em campanha de ajuda às vítimas do tsunami na Ásia.

McNabb nasceu em Chicago, em 25 de novembro de 76. É casado há um ano. Com a mãe, Wilma, fez uma série de comerciais para uma marca de sopa enlatada. E, conta ele, herdou da mãe o senso de humor e a habilidade de se divertir. Agora, porém, se diz concentrado: "Não há alívio para mim neste momento. Só vou me sentir aliviado depois do Superbowl. Estabeleci uma meta, vencer o Superbowl, e vou buscar isso".

A figura mais fotografada da NFL é, também, o comandante de ataque dos Patriots. Tom Brady é bonito (está na lista dos 50 homens americanos mais bonitos da revista People), é admirado pelos companheiros, amado pelo técnico. Além disso tudo, é excelente jogador e já foi eleito o melhor do Superbowl (MVP) em duas ocasiões: na edição 36, aos 24 anos, e na 38, aos 26 anos. Em ambas as ocasiões foi campeão, o mais jovem QB a obter o título e o único na história a ganhar o Superbowl antes dos 27 anos.

Brady saiu do quase total anonimato para a fama semelhante a de um astro da música. Mas isso não parece incomodá-lo. Inseguro, fez mais exercícios físicos e viu mais gravações do jogo adversário do que costuma fazer, para este Superbowl. E ainda acha que fez pouco. Para o técnico Belichick, Brady é peça essencial do esquema que montou para vencer: um QB inteligente que pense mais em vencer do que em respirar. "Penso sempre em como foi difícil e rápido chegar onde estou e como pode ser fácil e igualmente rápido perder tudo. Não posso cortar caminho na preparação. Não sou tão bom assim", diz Brady. (LO&FM)

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