Sukur pode ser a novidade da Turquia

Saitama, Japão (AE) – Não é só por vingança que a Turquia sonha chegar à final da Copa do Mundo com uma vitória sobre o Brasil, amanhã. Uma boa parte da força dos turcos vem de um sentimento nacionalista que os jogadores fizeram absoluta questão de trazer para o Japão. Até as diferenças entre o capitão Hakan Sukur e o resto do grupo foram temporariamente esquecidas em nome da seleção do povo turco.

Sem a palavra do técnico Gunes Senol, que se negou a conversar com a imprensa, os jornalistas estrangeiros tiveram de se virar com o assessor de imprensa Hasan Fayet, que contou o pouco que sabia e o que podia dizer. A notícia mais surpreendente: Hakan Sukur, que não está conseguindo apresentar um bom futebol na Copa do Mundo – e que por isso mesmo poderia ficar no banco – pode mesmo enfrentar o Brasil.

A “Muralha” da Turquia

Tóquio

(AE) – Ilhan Mansiz fez o gol de ouro que classificou a Turquia para as semifinais da Copa aos 4 minutos da prorrogação da partida contra Senegal. O gol marcado tão cedo faz com que se esqueça o pouco que aconteceu antes. Mas os turcos não esquecem que dois minutos antes o pequeno Henri Camara avançou pela direita e só não classificou o Senegal porque a bola chocou-se contra um muro. Um muro chamado Rustu Recber.

Rápido, ele usou todo o seu tamanho (mede 1m91) para fechar o ângulo de Camara e fazer a defesa salvadora. Uma repetição do que fizera no último minuto do jogo, desta vez contra Hadij El Diouf. É provável que muitos brasileiros já consigam dizer o nome Rustu Recber sem enrolar a língua. Os que acompanham a Copa do Mundo com mais interesse sabem que assim se chama o goleiro turco, o homem que precisa ser vencido para que o Brasil chegue à final da Copa. Sabem também que sempre tem o rosto pintado, perto dos olhos. Um truque para receber menos luz nos olhos. Zetti, quando disputou o Mundial de Tóquio, pelo São Paulo, em 1992 e 93, também usou a mesma pintura.

Rustu é sinônimo de goleiro da seleção turca desde 1994, quando foi convocado pela primeira vez, com 20 anos. Agora com 28 anos e 71 partidas realizadas vive seu melhor momento na seleção. “É um homem indiscutível. Todos na Turquia, inclusive os torcedores de outros times sabem que ele é o titular. É o melhor goleiro turco, ninguém duvida disso”, afirma Ogan Tarhan, assessor de imprensa da seleção.

Os números mostram a boa fase de Recber. Não sofre gols há 184 minutos, o que ajudou muito nas vitórias sobre Senegal (na prorrogação) e Japão, ambas por 1 a 0. Contra a China, jogou apenas os primeiros 35 minutos, saindo contundido após um choque com um jogador chinês. Também não sofreu gols. Contra a Costa Rica, foi vencido apenas aos 41 minutos do segundo tempo, permitindo o empate por 1 a 1. E, na estréia, contra o Brasil, sofreu dois gols, um de pênalti.

O Fenerbache espera o final da Copa para fazer com ele um novo contrato, com bases muito boas, com duração de cinco anos. Entre os jornalistas turcos, há certeza de que ele irá jogar na Inglaterra ou na Itália na próxima temporada. Amanhã, contra o Brasil, ele entra em campo com o apoio de toda a sua torcida. Ninguém duvida que ele é o herói turco da Copa. E mesmo para os exagerados turcos só deixará de sê-lo se for o responsável pela desclassificação de seu time. O que o retrospecto recente não aponta como uma possibilidade plausível de acontecer quarta-feira em Saitama.

Hasan Sas já lucra com a Copa

Tóquio

(AE) – Para os brasileiros é muito fácil confundir Hakan Shakan com Hasan Sas. Antes do início da Copa, a diferenciação era feita porque muitas matérias avisavam sobre os perigos que representava Sukur, o maior artilheiro turco de todos os tempos, o homem que levou o Galatasaray ao título da Copa da Uefa, derrotando o Arsenal no ano 2000.

Agora, Hasan é mais conhecido do que Hakan. Hasan, o careca que fez um gol contra o Brasil e outro contra a China, enquanto Hakan ainda não fez nada digno de nota. É até comum que jogadores apareçam durante um Mundial e desapareçam rapidamente. Quem se lembra do romeno Ilie, do russo Salenko ou do brasileiro Josimar, que se destacaram em 98, 94 e 86, respectivamente?

Luis Felipe Scolari, que se preparou para marcar Sukur e foi surpreendido por Sas, declarou a alguns amigos que gostaria, um dia, de dirigir o jogador turco em algum time. Hasan Sas pode até ser um desses casos, de “jogador-cometa”, mas já está lucrando com isso. Há uma proposta do Newcastle pelo seu futebol. O Galatasaray acredita que outros clubes se interessarão por seu jogador.

Hasan não é um garoto. Completa 31 anos em agosto, mas é agora que seu futebol tem aparecido. Em seus primeiros 14 jogos pela seleção, não fez gols. Nos últimos oito, marcou três vezes, duas vezes neste Mundial, o que começa tirá-lo do anonimato.

Participou da campanha histórica do título da Uefa em 2000 e no ano passado, conseguiu marcar contra Milan e Real Madrid, na disputa pela Liga dos Campeões.

É conhecido como um bom finalizador e como alguém bastante nervoso em campo.

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