Suicídio de jogador de futebol americano pode ficar sem solução

O homicídio seguido de suicídio cometido no sábado pelo jogador de futebol americano Jovan Belcher, do Kansas City Chiefs, deixou dirigentes, fãs e profissionais da saúde intrigados quanto às suas motivações.

Belcher, 25, baleou e matou a namorada, Kasandra Perkins, 22, com quem ele tinha uma filha de três meses. O crime aconteceu na frente da mãe do jogador, e ele então foi de carro até o estádio Arrowhead, onde se matou no estacionamento com um tiro na cabeça, depois de agradecer aos funcionários da equipe por tudo o que fizeram por ele.

O futebol americano é o mais popular esporte dos EUA e o trágico incidente coloca a liga nacional (NFL) sob um desagradável holofote, já que Belcher foi o quarto jogador a cometer suicídio nos últimos anos.

Há dois anos, o ex-jogador Dave Duerson também cometeu suicídio, e deixou um bilhete pedindo que seu cérebro fosse examinado pois suspeitava que as pancadas decorrentes do esporte lhe haviam causado uma doença pós-concussiva que teria causado uma grave depressão.

Os exames mostraram que Duerson de fato tinha uma doença cerebral degenerativa, como ele suspeitava.

No caso de Belcher, é possível que a tragédia nunca seja esclarecida.

“Podemos nunca saber as razões”, disse, por telefone Alan Hilfer, diretor de Psicologia do Centro Médico Maimônides, em Nova York. “Algo saiu terrivelmente errado”, acrescentou.

Vários ex-jogadores já se uniram para processar a NFL por causa de um suposto descaso da liga com jogadores que estariam sofrendo transtornos mentais duradouros em consequências das concussões.

Há também quem suspeite que os jogadores possam estar se dopando, e que isso contribua com a instabilidade psicológica.

Clark Hunt, presidente do Kansas City Chiefs, disse no domingo que médicos e treinadores relataram desconhecer qualquer transtorno físico ou emocional envolvendo Belcher.

“A gente procura o quê? É uma questão muito difícil de responder”, disse Hilfer. “Certamente a gente procura mudanças de humor. Certamente a gente procura níveis aumentados de impulsividade e raiva. Essas coisas às vezes ocorrem muito de repente. Às vezes não há forma de saber que alguém vai perpetrar um ato de violência dessa magnitude.”

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