A Suíça estima que as provas apresentadas pelos Estados Unidos ao solicitarem a prisão de José Maria Marin seriam suficientes para “motivar uma extradição”. Na última quarta-feira, Marin foi um dos sete cartolas da Fifa presos em Zurique, acusado pelo FBI de corrupção e envolvimento num esquema que movimentou US$ 150 milhões (R$ 423,7 milhões).
Ao Estado de S. Paulo, a Justiça suíça explicou o motivo pelo qual decidiu colaborar na prisão de Marin. “Na base da descrição fornecida pelos EUA no pedido de prisão, o Departamento de Justiça estimou que os fatos denunciados, a priori, poderiam motivar uma extradição”, indicaram as autoridades policiais da Suíça.
A reportagem apurou com exclusividade que o Departamento da Justiça da Suíça recebeu o pedido de extradição seis dias antes da operação. No dia 22 de maio, os advogados do governo passaram a examinar os documentos sobre Marin e confirmaram que existiam indícios suficientes para realizar a prisão e a extradição do brasileiro para os EUA.
O caso rapidamente chegou até a ministra de Justiça, Simonetta Sommaruga, que consultou o restante do governo e até o presidente suíço para dar o sinal verde. A etapa seguinte foi repassar para a polícia cantonal de Zurique o trabalho de operacionalizar a prisão, o que ocorreria no dia 27 de maio. Para tentar evitar uma extradição aos EUA, o ex-presidente da CBF contratou um advogado suíço especialista em crimes financeiros e cooperação internacional. O nome escolhido foi o de Georg Friedli, com sede em Berna.
O Estado de S. Paulo revelou semana passada, porém, que as autoridades suíças dificilmente darão autorização para um eventual pedido de liberdade provisória ao brasileiro. Marin, apesar de estar com 83 anos, não tem propriedades na Suíça e o governo insiste que existe o “risco de fuga”. Nem sua idade seria motivo para liberá-lo.
PRAZOS – O governo americano tem agora até o dia 3 de julho para substanciar o pedido de extradição, com novos documentos e a base legal. Berna considera que isso deve ocorrer nas próximas semanas. Se Marin recorrer, o caso pode tramitar por cerca de seis meses. Nesse período, ele poderia até mesmo pedir para trabalhar na prisão da região de Zurique, se preferir.
Marin, contudo, está sozinho na Suíça e apenas conta com seu advogado, numa contratação intermediada pela Conmebol. Conforme a reportagem revelou no fim de semana, ele pode sair da cela uma vez por dia apenas e tem uma alimentação “padrão”, com legumes, arroz e carne.