Vida de corintiano é sempre complicada. E não poderia ser diferente ontem à noite no Morumbi. Sufoco do início ao fim, com a torcida comemorando a chegada da equipe à terceira final do ano apenas após o apito final do árbitro Héber Roberto Lopes. E como promessa é dívida, o gol da vitória não poderia ser de outro jogador, senão do atacante Guilherme. O jogador se redimiu do pênalti desperdiçado no Maracanã, no último minuto, ao marcar os dois gols que prometera na véspera do duelo e garantir o triunfo, de virada: 3 a 2.

O desenho da vitória, contudo, começou a se desenhar nos vestiários, na palestra dos treinadores. Sobretudo pelo lado de Carlos Alberto Parreira, que antecipara a escalação do lado dos cariocas.

Entre os jogadores, de equipes grandes e experientes, até os mais leigos, de times sem expressão, há um consenso: quem entra em campo para empatar, sempre perde. E o técnico Renato Gaúcho preferiu abdicar de o Fluminense jogar futebol para garantir a vantagem de um gol. Mudou o esquema de três atacantes por três zagueiros. Loucura diante de adversário extremamente ofensivo. E o pior, não foi a primeira vez. Diante do São Caetano, nas quartas-de-final, com vantagem de três gols, optou por defesa total. Por milagre, perdeu somente por dois gols.

No início, sua estratégia parecia ser perfeita. Gil e Deivid esbarravam na muralha Tricolor. Guilherme era peça nula. Por sorte, ainda contava com noite inspirada dos habilidosos Zada e, principalmente, Beto.

Se a defesa do Fluminense era intransponível, a do Corinthians era emoção pura. Fazia linha burra e, não fosse a ineficácia do ataque do rival, levaria pelo menos dois gols logo de início. Levou um, de Roni. Que loucura. Em desvantagem e sem acertar passes. O ataque tropeçando na bola. Fora os contragolpes perigosos.

Ninguém acredita no que estava vendo. Para piorar, o paradão Romário se machuca. Pior porque entra o velocista Magno Alves, para atuar em cima de Scheidt. No primeiro lance, gol claro perdido. Até que o Corinthians dá um alívio em sua desesperada torcida. Gil empata. Intervalo para respirar um pouco.

A sorte agora parece ajudar. O goleiro Kléber deixa o campo contundido. Surge o gol da virada, de Guilherme, até então, apenas mais um. Surgem os toques de bola e as invertidas de jogadas. Agora com as ações do jogo, o Corinthians amplia, mais uma vez com Guilherme.

Começa o show das arquibancadas. A cada passe, o grito de olé. Muito cedo. Roni faz o segundo e o nervosismo volta a dominar o Morumbi. Até o momento do apito final. Enfim, alívio.

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