Com Joseph Blatter suspenso, a presidência da Fifa foi herdado pelo camaronês Issa Hayatou, que comanda o futebol africano há quase 30 anos. A entidade explicou nesta quinta-feira que o status de Hayatou de mais antigo vice-presidente o leva a assumir a direção da Fifa interinamente, durante o período de suspensão de Blatter por 90 dias. Ele vem, porém, com o seu próprio histórico de problemas, que incluem antigas acusações de corrupção e uma reprimenda do Comitê Olímpico Internacional (COI).

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Hayatou, de 69 anos, também tem problemas de saúde, com grave doença nos rins, que o obriga a realizar sessões regulares de diálise. Depois de ser confirmado como presidente em exercício, o camaronês foi rápido ao dizer que não pretende se efetivar no cargo, descartando participar da eleição presidencial marcada para fevereiro. “Me comprometo a dedicar todos os meus esforços para a organização”.

“A Fifa continua comprometida com o processo de reforma, que é fundamental para recuperar a confiança do público”, disse Hayatou, em um comunicado divulgado pela entidade. “Vamos também continuar a cooperar plenamente com as autoridades e acompanhar o inquérito interno para onde quer que ele leve”.

Hayatou está em Camarões, mas a expectativa é de que viaje para Zurique imediatamente. A sua ascensão ao comando da Fifa se dá 13 anos após ele ser derrotado por Blatter em uma eleição presidencial.

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Ele se tornou secretário-geral da Federação de Futebol dos Camarões com 28 anos, depois assumiu o comando do Ministério do Esporte do país e conquistou a presidência da Confederação Africana de Futebol aos 41 anos. O dirigente é um veterano na Fifa, mas até agora conseguiu ficar livre dos últimos escândalos de corrupção, embora já tenha sido alvo de algumas investigações.

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Em 2011, Hayatou foi oficialmente repreendido pelo COI, do qual ele também é um membro, por receber recursos da empresa de marketing ISL em um escândalo de pagamento de propinas na Fifa. Ele garantiu que os recursos foram usados para desenvolver o futebol da África.

Ele também foi acusado de ter recebido propina de US$ 1,5 milhão para votar no Catar como sede da Copa do Mundo de 2022 – essa eleição é um dos alvos da investigação das autoridades suíças e norte-americanas na Fifa. O dirigente camaronês também nega essas alegações.

Blatter e Michel Platini, o presidente da Uefa, foram suspensos por 90 dias pelo Comitê de Ética da Fifa, nesta quinta-feira, após uma investigação da Justiça suíça acusar Blatter de má gestão dos recursos da entidade, incluindo o pagamento de 2 milhões de francos suíços ao francês.

Platini era o favorito a vencer a eleição da Fifa, marcada para fevereiro, e suceder Blatter, mas essa punição deve barrar a sua candidatura. Outro possível candidato, o sul-coreano Chung Mong-Joon foi suspenso por seis anos nesta quinta, em um outro caso, envolvendo a fracassada tentativa do seu país de sediar a Copa do Mundo de 2022.