Além de um novo carro, que substitui o modelo utilizado desde 2000, o fim do sistema de minicorridas nos treinos classificatórios, a concessão de pontos aos três primeiros do grid e a troca obrigatória de pneus nas provas são as principais novidades da Stock Car para 2009.
As mudanças, todas com o propósito de reforçar o aspecto esportivo da principal categoria do automobilismo nacional, entrarão em vigor na abertura da temporada, marcada para domingo no Autódromo de Interlagos (São Paulo).
O novo formato de tomadas classificatórias utiliza parte do sistema utilizado no ano passado. Nos primeiros 20 minutos, os 16 pilotos mais lentos formarão a ordem de largada do 17.º ao 32.º lugares.
A seguir, os demais voltarão à pista para mais 15 minutos de sessão que garantirão a passagem dos seis mais rápidos à superclassificação e preencherão as vagas da 7.ª à 16.ª posições.
A disputa da pole terá 10 minutos de duração e a classificação será formada pelo tempo médio das três melhores voltas de cada piloto. Testadas em 2008 e sem jamais cair totalmente no gosto de pilotos e equipes, as minicorridas foram aposentadas.
“É uma idéia interessante”, concorda Xandinho Negrão, um dos estreantes da Stock Car em 2009 e que será companheiro do paranaense William Starostik na Equipe Medley. “Acho apenas que deveríamos ter mais pneus novos durante o fim de semana”, ressalva, diante do limite de dois jogos novos imposto pelos organizadores.
Os seis pilotos que ocuparem as três primeiras filas do grid terão de largar com os mesmos pneus da última sessão classificatória. Na visão dos promotores, ao partir com pneus mais gastos que os rivais, eles terão dificuldades para abrir vantagem nas voltas iniciais e dificilmente desgarrarão do grupo, valorizando o espetáculo para o público nas arquibancadas e de televisão.
“As minicorridas eram arriscadas e não agradaram. Agora ficará melhor e a bonificação de pontos valorizará a briga pela pole”, aplaude Starostik, que iniciará sua terceira temporada na divisão principal.
Pela nova fórmula, os três primeiros do grid serão recompensados pelo desempenho nos treinos de classificação. O pole receberá três pontos; o segundo colocado, dois; e o terceiro, um ponto.
Esses pontos também serão agregados à contagem inicial dos playoffs, que permanecerão valendo como torneio para a definição do título de pilotos. Desta forma, quem terminar a fase classificatória de oito provas na ponta da tabela, iniciará as quatro decisivas com 225 pontos mais o acumulado nas tomadas classificatórias.
Outra atração do campeonato será a troca de pneus. Ela foi obrigatória na Corrida do Milhão de Dólares, vencida em agosto passado por Valdeno Brito no Rio de Janeiro, e desde então, embora facultativa, passou a ser seriamente considerada pelos estrategistas das equipes. Em 2009, será obrigatória a troca dos quatro pneus entre o 25.º e o 35.º minuto da prova, quando os boxes estarão abertos para troca por duas voltas.
O reabastecimento também continuará sendo compulsório, mas não poderá ser efetuado simultaneamente à troca de pneus. O acréscimo de combustível será processado entre 15 e 18 minutos de corrida, durante a janela igualmente com duas voltas de duração.
“Como cada equipe tem dois carros, entrará um em cada volta. Com a diminuição do intervalo para os pit stop, deixará de existir a estratégia diferenciada de cada equipe”, observa Xandinho.
Em 2008, a decisão de mandar seus carros para os boxes no momento certo contribuiu para o diretor-técnico da Medley, Andreas Mattheis, alcançar os resultados que lhe garantiram a dobradinha no,s campeonatos de pilotos e equipes.
Apesar da crise financeira que também respingou na categoria, a capacidade máxima de 32 carros no grid foi alcançada nesta semana quando Pedro Gomes acertou com a Action Power e assegurou o último posto disponível.
O irmão Marcos, vice-campeão do ano passado, será seu parceiro. A TV Globo seguirá exibindo as provas, mas o formato das transmissões também foi alterado. Neste domingo, a emissora só entrará ao vivo a partir do pit stop para troca de pneus.
Thiago acerta carro da JF Racing
O piloto paranaense Thiago Marques começou de forma positiva a pré-temporada da Stock Car. Sem enfrentar nenhum problema mecânico, o piloto paranaense pôde completar várias voltas em todas as sessões e, com isso, desenvolver o acerto de seu Stock Car em conjunto com sua nova equipe, a JF Racing.
“Não enfrentamos nenhum tipo de problemas e por isso pudemos experimentar muitas coisas, o que é ótimo para um começo de campeonato. Este novo carro é bastante sensível às mudanças, responde de forma rápida a todas as alterações”, elogiou Marques, que fez 1min41s469, o 13.º melhor tempo na sessão final do dia.
O início dos treinos foi marcado pelo susto de pilotos e equipes ao ver o carro de Cacá Bueno pegar fogo na primeira sessão em Interlagos. Apesar do problema, Thiago Marques não criticou o novo modelo.
“Ainda é cedo para julgar o carro, mas minhas primeiras impressões foram muito boas. É um projeto novo e é natural que problemas de confiabilidade aconteçam. Claro que o incidente foi muito sério, mas todos os envolvidos estão trabalhando para que isso seja solucionado”, diz o paranaense.
A boa performance de Thiago Marques no primeiro dia de treinos coletivos também foi destacada pelo chefe da equipe JF Racing, o experiente preparador Jorginho de Freitas.
“O começo de nosso trabalho foi muito bom. Estamos competitivos e a Stock Car novamente será marcada por vários carros dentro do mesmo décimo de segundo”, afirmou Jorginho.
Maluhy festeja dupla com Serra
A fase ainda é de ajustes nos carros da Stock Car. Entretanto, o trabalho é intenso, assim como a troca de informações entre pilotos, engenheiros e mecânicos. E quem já está a mais tempo na equipe serve de “cicerone” para o novo companheiro.
É o caso de Felipe Maluhy e Chico Serra, que correm tendo como chefe o engenheiro José Avallone Neto. Maluhy, em sua quinta temporada no mesmo time, comemora a chegada do novo parceiro.
“A melhor coisa que pode acontecer a um piloto é ele ter um bom companheiro de equipe”, destaca Felipe. “O Chico tem essa mentalidade aberta, de trabalho em equipe, em todos se ajudarem para que tudo evolua da maneira mais rápida possível”, explica.
Chico Serra, tricampeão da Stock e de volta à categoria, gostou do ambiente na equipe. “Nessa fase inicial, todos estão mais preocupados em acertar alguns detalhes no carro, que é completamente novo. Mas mesmo assim, já começamos a nos entrosar”, contou. Serra é o quarto companheiro de equipe de Maluhy que já passou pela Fórmula 1.
“Corri com o Raul Boesel, com o Tarso Marques, o Christian Fittipaldi, e agora o Chico, que também é tricampeão da Stock Car”, observou o piloto de 31 anos. “Conversamos sobre algumas coisas do carro e já estamos trocando algumas informações porque, neste estágio inicial do trabalho, isso é muito importante para a evolução da equipe”, apontou Serra, único piloto a ter disputado a Stock com os quatro carros já utilizados na categoria.