São Paulo – Seria mais fácil com a ajuda do companheiro. Mas é na mais completa solidão que Kimi Raikkonen tentará hoje diminuir sua diferença de pontos na perseguição a Fernando Alonso no Mundial de Fórmula 1. A temporada chega à sua 12.ª etapa, na Alemanha, com o finlandês tendo de enfrentar, além do adversário, as intempéries da McLaren.
Na França e na Inglaterra, Kimi perdeu dez posições no grid por quebras de motor. Ontem, em Hockenheim, finalmente fez a pole, como faria nas últimas duas corridas, em condições normais. Estava indo tudo às mil maravilhas para o time. Juan Pablo Montoya, o último a fazer volta lançada, tinha parciais que lhe dariam, com folga, o segundo lugar no grid.
Uma primeira fila prateada seria importante, numa eventual estratégia de usar o colombiano como escudeiro para Raikkonen. Mas Juan Pablo aprontou mais uma das suas. Na última curva, a poucos metros de fechar a volta, rodou e bateu. De positivo, apenas a admissão de culpa, sem desculpas esfarrapadas. ?Foi um erro meu. Perdi a traseira quando dei uma tiradinha de pé do acelerador. Estou muito chateado, por mim e por toda a equipe.?
A McLaren foi a mais rápida em todos os treinos na Alemanha e é favoritíssima à vitória hoje com Kimi. Foi sua quarta pole no ano e sétima na carreira. Mas o piloto não saiu do cockpit esbanjando confiança. ?O carro não estava tão bom quanto de manhã nos treinos livres, e isso me deixou um pouco surpreso. Escorreguei numa curva e não fiz uma volta perfeita. Seria ótimo ter Juan Pablo ao meu lado na primeira fila, mas corrida é assim mesmo?, desconversou.
Graças à barbeiragem de Montoya, caiu no colo de Jenson Button, da BAR, o segundo lugar no grid. O inglês está com o carro bem leve e deve ser um dos primeiros a parar nos boxes para reabastecimento. A Renault, líder do campeonato, fez a segunda fila com Alonso em terceiro e Giancarlo Fisichella em quarto.
?Um pódio já está bom, quem sabe dê até para lutar pela vitória?, falou o espanhol, que tem 77 pontos na tabela, contra 51 de Raikkonen. Ele já está na fase de administrar a vantagem. Na ponta do lápis, Fernando nem precisa mais vencer neste ano para se tornar o mais jovem campeão da história.
A Ferrari, mais uma vez, decepcionou. Michael Schumacher ficou em quinto, é verdade, mas foi para a pista bem leve e com pneus moles que podem acabar rapidinho. Rubens Barrichello, mais pesado e com pneus duros, fez o 15.º tempo e dividirá a honrosa oitava fila com um carro da Minardi. O GP da Alemanha, com 67 voltas, começa hoje às 9h de Brasília.
Rubinho contra Minardi e Jordan
São Paulo – Fazer um tempo 1s289 melhor que o piloto que está logo atrás no grid deveria ser motivo de orgulho para qualquer um. Mas o cronômetro, às vezes, engana. A diferença separa Rubens Barrichello, 15.º, de Christian Albers, 16.º. Detalhe: um corre pela Ferrari. O outro, pela Minardi.
É isso o que tem feito o time de Maranello em Hockenheim. Vem brigando para ficar à frente apenas de Minardi e Jordan, equipes abaixo da crítica que os pilotos ferraristas só conheciam de nome. Agora, dividem filas no grid. O brasileiro só conseguiu ficar à frente das nanicas e de Montoya, que bateu em sua volta lançada. Mas nem isso deixou Rubens irritado. Conformado com o mau momento do time, garantiu que escolheu pneus bons para a corrida e que está com o carro muito pesado.
Michael Schumacher ficou em quinto no grid, salvando a honra dos vermelhos, mas não alimenta ilusão nenhuma. ?Ganhar, nem pensar?, falou o alemão. ?No máximo, vou lutar com Button pelo quinto lugar. Só posso prometer um bom espetáculo.?
Nem foi o pior grid combinado da Ferrari neste ano, com a soma das duas posições de largada chegando a 20. Na Austrália, na Malásia, no Bahrein, na Espanha e no Canadá os desastres foram maiores, mas incluem algumas quebras e trocas de motor. O problema na Alemanha é performance, mesmo. Em quase todos os treinos, Michael e Rubens se esgoelaram para deixar para trás somente os carros dos times mais pobres da categoria.