Agora, não dá para escapar. Único time da capital a seguir no campeonato paranaense, o Coritiba entra nas semifinais com o carimbo de ?favorito? ao lado do distintivo. Inevitável, até pela distância que separa (ou separava) os clubes da capital e do interior. Desta vez, os jogadores e o técnico Paulo Bonamigo reconhecem esse favoritismo, mas nem querem pensar nisso – eles não querem dar mais uma arma ao Londrina, adversário de amanhã, às 16h, no Vitorino Gonçalves Dias.
A condição de favorito do Coritiba já era citada logo na primeira rodada, quando goleou o Prudentópolis (que é um dos semifinalistas). Repetiu-se na vitória contra o Londrina (3×1 no VGD) e nos triunfos nos clássicos. Mas, sempre que perguntado, Bonamigo fugia do assunto, lembrava que havia muito campeonato pela frente, e que os times – em especial o Atlético – poderiam se recuperar.
Só que o Atlético ficou pelo caminho, o Iraty foi surpreendido pelo Prudentópolis e o Paranavaí penou para vencer o Grêmio Maringá. Enquanto isso, o Cori goleava o Malutrom e enlouquecia a torcida, que deixou o Couto Pereira na quarta gritando “é campeão”. “A torcida pode achar que nós somos favoritos, a imprensa pode continuar dizendo que nós somos favoritos. Todos têm motivos, já que o Coritiba fez uma boa campanha até agora. Mas isso não pode influir no nosso trabalho”, comenta Bonamigo.
O técnico alviverde está consciente de que muita animação pode ser ruim. “Nós precisamos continuar atentos, porque o campeonato já mostrou que tem suas surpresas. E o Londrina foi um adversário que nos exigiu muito, e que está em pleno crescimento”, diz Bonamigo. A partida da segunda rodada foi bastante lembrada também pelos jogadores. “O placar não condiz com o que foi o jogo. Eles nos pressionaram e acabaram dificultando muito”, afirma o goleiro Fernando.
E, agora, o Londrina virá mais motivado ainda, principalmente porque joga a primeira partida em casa. O objetivo principal do Tubarão será tentar ?quebrar? a vantagem coxa, que joga por dois resultados iguais. “Temos que pensar que um empate é bom para nós”, confessa o lateral Adriano. “Temos que trabalhar com cautela a situação da vantagem, porque qualquer descuido pode complicar nossa vida”, completa Bonamigo.
Mas, claro, o Coritiba também está motivado. “Nós precisávamos de uma vitória como essa para servir de arrancada para o título”, reconhece Reginaldo Nascimento. “Estamos crescendo na hora certa. O jogo contra o Malutrom provou isso, porque enfrentamos uma equipe que dificultou nosso trabalho os noventa minutos e nós soubemos passar por isso e vencer”, finaliza o volante Roberto Brum.
Edinho fora por seis semanas
O mais pessimista dos torcedores não imaginava este desfecho. O Coritiba não só perdeu Edinho Baiano para a partida de amanhã, contra o Londrina, como também para a final do campeonato paranaense (se o Coxa chegar) e para as primeiras rodadas do campeonato brasileiro. Com uma fratura na clavícula, o capitão alviverde está fora dos campos por no mínimo seis semanas. Mais: Edinho perde a chance de (dentro de campo) se tornar campeão estadual pelos três times da capital.
A jogada em que Edinho se lesionou aconteceu no segundo tempo da partida contra o Malutrom. Ele subiu para cabecear com o atacante Murilo e acabou levando a pior. Caiu de mau jeito e acabou fraturando a clavícula. “Ele vai ter que ficar imobilizado por cerca de 45 dias”, explica o médico William Yousef. Após, o capitão coxa passará por sessões de fisioterapia para recuperar todos os movimentos do braço.
Com isso, abre-se a maior chance da carreira do jovem Juninho, de apenas 20 anos. “Ele já fez boas partidas no campeonato brasileiro do ano passado, e tem toda a minha confiança”, diz o técnico Paulo Bonamigo. O zagueiro é considerado o sucessor de Edinho como líbero alviverde – até porque o atual camisa 4 alviverde disse várias vezes que pensa em encerrar a carreira ao final do ano.
Só que Juninho não é Edinho – pelo menos em termos de experiência e liderança. Tanto que uma preocupação de Bonamigo é que o elenco não sinta o baque da perda do capitão e referencial técnico do time. “Não acredito que isso aconteça, mas é verdade que nós perdemos um jogador fundamental. Na verdade, todo titular que sai faz falta”, explica o técnico alviverde.
Para Juninho, além de ser uma honra, é um grande desafio. Mas ele não transparece nervosismo. “A gente nunca sabe quando as chances aparecem. O que eu tenho que fazer é jogar para ajudar o Coritiba”, comenta.
Dúvida
Além de Edinho, o outro problema clínico do Coritiba é o atacante Edu Sales. Apesar de estar liberado pelos médicos, o jogador diz sentir dores no joelho esquerdo, fato que o impediu de jogar contra o Malutrom. Se Edu estiver plenamente recuperado (ele treinou normalmente ontem), ele enfrenta o Londrina.
Mas ainda há a hipótese de ele não jogar. “Vamos ter que esperar até o momento do jogo”, comenta Bonamigo. Caso isso aconteça, pode ser armada uma ?surpresa? para o Londrina. O técnico não dá pistas, mas confessa que, se não tiver Edu Sales, pode colocar o regulamento debaixo do braço. “Aí vamos ver o que é mais interessante para o jogo. Não posso esquecer que o empate é bom para o Coritiba”, avisa. (CT)
Viagem ao Norte antecipada para “sentir o clima”
O Coritiba já acorda hoje em Londrina. A delegação alviverde deixou Curitiba no início da noite de ontem, partindo para a semifinal do campeonato paranaense e para a casa do inimigo do momento. O intuito é reconhecer o terreno de jogo em todos os sentidos – animação da torcida, o forte calor e, se possível, o gramado do VGD.
Para o treinador, é importante sentir o clima da cidade em que a partida vai acontecer. “Nós queremos nos adaptar ao calor, que será forte na hora do jogo, ao ambiente da partida, que será muito difícil”, explica Bonamigo, que diz que o Cori não está fugindo da ?euforia? que tomou conta da torcida. “É bom que eles sintam o apoio dos torcedores, e que percebam que estão todos ao lado deles. Mas precisamos acelerar o processo de preparação para o jogo, e para isso é ideal viajar antes”, completa.
Agenda
O único treino no Norte do estado está marcado para esta manhã, às 10h. Como o VGD não foi liberado, o trabalho acontecerá no campo da Universidade Estadual de Londrina. A delegação está concentrada no hotel Crystal. (CT)