Rio de Janeiro – Romário continua Romário até mesmo na hora de anunciar sua despedida internacional. Ele reuniu a imprensa ontem num hotel de Copacabana para falar do amistoso entre vários campeões da seleção brasileira na Copa de 1994 e um combinado mexicano, em 10 de novembro, em Los Angeles.
Chegou 50 minutos atrasado e não demorou para dar declarações polêmicas. “Da geração de 70 até hoje, eu sou o mais importante jogador que surgiu no Brasil.” Em seguida, ao ser indagado sobre Ronaldo, respondeu. “Eu sou eu. Nasci no Jacaré (favela do Rio), batalhei muito. O Ronaldo é o Ronaldo.”
Bem-humorado e irônico, o atacante do Fluminense não sabe quando encerrará definitivamente a carreira. Tem contrato até dezembro com o tricolor e só depois de seu término é que vai definir os planos para 2005. Uma coisa é certa: não vai trabalhar como treinador. “Aí eu teria de participar dos treinos, viajar, concentrar. Tô fora!”, rebateu. “Como jogador, posso chegar ao estádio duas horas antes da partida.”
Ele voltou a mostrar a língua afiada ao abordar um tema que o tem importunado ultimamente: o número de gols marcados. “Pela minha conta, já passei dos três mil. Só na semana passada fiz uns 17 disputando peladas. Mas pelos critérios oficiais, parece que são 908.” Contou que até vinha alimentando atingir a marca dos mil gols, do que desistiu recentemente.
Sobre o apelido de baixinho marrento, com o qual ganhou fama internacional, disse que não se considera nem uma coisa nem outra.
“Esse negócio de marra não tem nada a ver comigo. E não sou tão baixinho assim”, declarou Romário, cuja estatura é de 1m69.
O artilheiro do Brasil no Mundial de 1994 afirmou não se arrepender de suas declarações públicas desde o início da carreira como profissional, 19 anos atrás. Mas está ciente de que cometeu exageros. “Tenho consciência de que falei muita bobagem. Se fosse citar uma a uma, ficaria aqui até meia-noite com vocês.” Ele convidou vários amigos para integrar seu time na festa de Los Angeles, que também marcará a despedida do goleiro mexicano Jorge Campos do futebol.
Time do Parreira
Estariam confirmados no evento, organizado pela Traffic, os campeões Taffarel, Jorginho, Branco, Aldair, Márcio Santos, Ricardo Rocha, Dunga, Raí, Bebeto e Mazinho. “Chamei ainda o Zinho, mas a presença dele vai depender dos compromissos pelo Flamengo.”
O técnico Carlos Alberto Parreira foi procurado pelo atleta e deve dirigir a equipe brasileira no amistoso. Em tom de descontração, Romário negou qualquer constrangimento em divulgar a ?lista dos convocados? antes mesmo do treinador.
“Eu vou passar os nomes para o Parreira e a gente vai fingir que a relação foi feita por ele.” Diante de uma auditório repleto de jornalistas, alguns de fora do País, Romário voltou a deixar sua marca ao comentar a atual condição de reserva no Fluminense. “Estou mudando. Se me perguntassem anos atrás se aceitaria ficar no banco, eu diria ?não?. Hoje, querem saber, continuo dizendo não.”