O judoca David Moura ainda não sabe se estará nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem, mas já sabe como derrotar o francês Teddy Riner, uma das lendas do esporte, caso venha a enfrentá-lo no tatame carioca. Pelo menos é o que garante o judoca brasileiro, da categoria acima de 100kg, faltando oito meses para a grande competição.

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“Dá para ganhar dele. Ele não perde há muito tempo, é verdade. Por isso tem que fazer algo diferente e é nisso que estou trabalhando. O judô é um jogo, o tatame escorrega pra todo mundo e não vejo ele como alguém impossível de ser batido, vejo como algo bem possível”, afirma Moura, que enfrentou Riner apenas uma vez e levou a pior, no Mundial de Cheliabynsk, na Rússia, em 2014.

Foi apenas uma das 79 vitórias que o francês acumulou desde 2010, ano em que sofreu sua última derrota. O judoca de 26 anos é heptacampeão mundial, quebrando seguidos recordes e exibindo um domínio acachapante em sua categoria nos últimos anos. É ainda o atual campeão olímpico – foi bronze nos Jogos de Pequim-2008.

Por tudo isso, Riner é visto como quase imbatível no judô atualmente e favorito absoluto a buscar a medalha de ouro no Rio de Janeiro. David Moura, contudo, discorda disso. E avisa que vem estudando com cuidado o estilo do rival para vencê-lo no próximo ano.

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“Eu tenho várias estratégias para enfrentá-lo. Acredito que a luta de chão é onde existe a maior possibilidade de eu ganhar dele. Estou treinando muito. O meu mestre é o Flavio Canto, que foi considerado o maior judoca de chão de todos os tempos. E está me ajudando muito nisso. É difícil jogar o Teddy Riner de costas, mas trazer para o chão eu já sei que consigo. Depois que estiver no chão, meu objetivo é finalizá-lo”, explica o judoca.

Antes do grande confronto, David Moura precisa, é claro, garantir sua vaga na Olimpíada. Para tanto, precisa superar o compatriota Rafael “Baby” no ranking olímpico e ainda tem que convencer a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) de que está em melhores condições de representar o Brasil na categoria acima de 100kg.

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Isso porque o ranking não será o único critério utilizado pela CBJ para definir os judocas no Rio-2016. A entidade deve considerar também a experiência e o melhor momento vivido por cada atleta às vésperas da grande competição. No momento, Moura leva vantagem por ter melhor ranking – ocupa o 12º lugar, com 1.247 pontos, contra o 14º de Rafael, com 1.111 – e está em atividade há mais tempo nestes últimos meses.

Rafael está afastado das competições desde junho, quando sofreu uma lesão no músculo peitoral e foi cortado da seleção brasileira que disputou os Jogos Pan-Americanos. Foi com sua ausência que Moura despontou na equipe. Ele aproveitou a chance e foi campeão olímpico em Toronto. Desde então, vem acumulando resultados positivos no circuito mundial. Rafael tem como vantagem os pódios que conquistou nos Jogos de Londres-2012 e nos Mundiais de 2013 e 2014.

David Moura reconhece a experiência do rival, mas acredita que terá mais chances de chegar ao pódio no Rio de Janeiro. “O fato de o Rafael ter sido medalhista olímpico e mundial mostra que é um atleta excepcional. Mas agora eu estou começando a provar que também sou. Acho que a confederação e todo mundo quer aquele atleta que estiver melhor preparado para conquistar uma medalha porque quem já conquistou não necessariamente vai ter condições de conquistar de novo. Tudo é cíclico, tudo passa e estou treinando para que este seja o meu momento”, diz o judoca.

Enquanto aguarda a definição da CBJ, que só sairá no fim de maio, Moura segue sonhando com um possível confronto com Riner na final olímpica. “Agradeço a Deus por ter um cara como ele na categoria. Imagina ser campeão olímpico em cima dele? É só correr para o abraço. Já tô sonhando com isso há algum tempo. Não é um sonho ‘viajado’. É um sonho com um pouco de realidade porque eu treinei bastante com ele, já competi com ele”, afirma Moura.