Solidariedade no pedal

Rodrigo Nunes, de 24 anos, é um paulista de São Roque, que abandonou o ciclismo competitivo para se lançar ao desafio do pedal solidário. Em sua trajetória, Rodrigo começou a pedalar aos 13 anos e, logo aos 14, conquistou o título paulista de mountain bike.

Em 1998, ele comprou um kit aquabike e, com o equipamento, passou a fazer ações de promoção ambiental, para chamar a atenção das pessoas para a importância da preservação do meio ambiente.

Quatro anos depois, Rodrigo mudou seu foco. As maratonas aquáticas passaram a ser feitas para arrecadar alimentos e repassados a entidades assistenciais nos locais onde o desafio acontecia.

Foi assim em Campinas, no interior paulista, onde Rodrigo conseguiu mobilizar a população que doou cerca de 3 toneladas de alimentos não-perecíveis. Desde então, passou pelo Parque do Ibirapuera, em São Paulo; Lago Paranoá, em Brasília; e na baía de Camboriú, em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Na última segunda-feira, Rodrigo iniciou um desafio similar em Curitiba. Depois de percorrer algumas secretarias municipais, entre elas a da Comunicação Social e do Meio Ambiente, onde o atleta recebeu desde orientações para se comunicar com a imprensa local – e assim divulgar o ato de solidariedade, durante o qual pretende arrecadar duas toneladas de alimentos para repassar à Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (Apacn) -, até um sonoro não das autoridades do Meio Ambiente, que lhe informaram que ele não poderia utilizar o lago do Parque Barigüi para seu desafio.

Apesar das negativas, Rodrigo Nunes decidiu continuar, e colocou o aquabike na água do Barigüi. Teve que enfrentar a resistência dos guardas municipais, que tentaram impedí-lo de seguir com o desafio.

O que Rodrigo não consegue entender, é a razão pela qual ele não pode “singrar” as águas do lago com seu veículo “ecologicamente correto??. “Não vejo problema algum em pedalar no lago para mais uma campanha. Não estou poluindo o local, nem causando qualquer interferência no ecossistema do lago. Queria entender a razão de não terem me liberado para a campanha quando fui até a Secretaria do Meio Ambiente e fiz a solicitação ao senhor José Roberto, chefe de gabinete da secretária Maria Lúcia Rodrigues?”, questionou o ciclista.

Sem medo de represálias, Nunes está alternando os horários que entra no lago para dar continuidade à campanha. Ao invés de fazer o trabalho com o apoio da administração municipal, ele tem se esquivado de encontrar os guarda-parques ou mesmo fiscais que atuam no Barigüi.

Apoio

Mas nem todos em Curitiba são contra a ação de Rodrigo Nunes. Além do apoio do Restaurante Manancial, que tem fornecido alimentação ao atleta, Rodrigo ainda tem o apoio do Curitiba Eco Hostel e Hostelling International. Os pontos de arrecadação, para quem quiser participar desta campanha de solidariedade são o próprio Restaurante Manancial (Av. Sete de Setembro, 4.830), a Via Sete Motoboy, que retirará nas residências – basta ligar para (41) 342 2028 -, e o Curitiba Eco Hostel (rua Luiz Tramontin 1693 – Campo Comprido).

Prefeitura quer pedido formal

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a situação do ciclista é completamente irregular, pois há um dispositivo legal que o proíbe de utilizar o lago, até mesmo para uma campanha de solidariedade. Embora não saiba especificar qual o dispositivo legal, a assessoria de imprensa da prefeitura revelou que “o fiscal do parque já orientou o ciclista para que ele faça uma solicitação formal, e assim os órgãos competentes (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) possa analisar a viabilidade, garantindo a segurança do local e do atleta”, revelou a jornalista contatada pela reportagem de O Estado.

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