Um tradicional símbolo da paz pode se transformar em uma bandeira política e de ataques contra o governo chinês. Nesta segunda-feira (24), quando a tocha olímpica for acesa na histórica cerimônia na cidade de Olímpia, na Grécia, os manifestantes tibetanos prometem também chamar a atenção do mundo para a sua causa.
A partir desta segunda-feira, a tocha olímpica começa sua turnê pelo mundo até chegar a Pequim, palco da Olimpíada, em agosto. Mas os manifestantes tibetanos prometem que, por onde ela for, protestos serão organizados. Para o evento em que o artefato será aceso, no entanto, o governo grego avisou que não haverá lugar para política, mobilizando cerca de mil soldados para evitar distúrbios na cerimônia em Olímpia.
Grupos de direitos humanos e a entidades tibetanas se queixam das violações aos direitos humanos cometidos pelo governo chinês e apontam que a comunidade internacional não pode tolerar que Pequim simplesmente organize os Jogos Olímpicos deste ano sem ser questionada por esses polêmicos temas políticos. As críticas se multiplicaram nos últimos dias diante da repressão de Pequim contra protestos no Tibete. Parte da população local defende a independência da região e tem até mesmo seu governo instalado no exílio, com o Dalai Lama como líder.
No total, a tocha olímpica irá percorrer 137 mil quilômetros ao redor do mundo, passando por 137 cidades nos cinco continentes – o Brasil, dessa vez, está fora da rota – e os ativistas prometem acompanhá-la em todo o percurso para fazer seus protestos. Será o trajeto mais longo já feito pelo artefato, que foi criado para os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936 – a pira olímpica nos estádios, porém, era uma tradição dos gregos antigos.
Um dos pontos críticos da viagem da tocha pelo mundo promete ser justamente a sua passagem pelo Tibete. Os monges alegam que a China estaria usando o trajeto para demonstrar ao mundo quem é que manda na região. Outro ponto que promete causar polêmica é a insistência dos chineses em levar o artefato até o Monte Everest
Para evitar protestos no topo do mundo, o governo chinês já começa a tomar medidas para fechar os acessos às montanhas. E pede colaboração do Nepal para fazer o mesmo do seu lado do Everest.
Durante o ensaio geral neste domingo, em Olímpia, o mau tempo impediu que a chama fosse gerada da forma tradicional, usando espelhos para refletir o sol. Mas o governo grego espera que os problemas climáticos sejam os únicos no evento desta segunda-feira, que contará com a presença do presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), o belga Jacques Rogge.
Tendor Dahortsang, um dos ativistas pró-Tibete, já avisou que um protesto será realizado nesta segunda-feira em Olímpia. Mas garantiu que será pacifico. Ha dez dias, o mesmo grupo promoveu uma manifestação na cidade grega, levando ao local a sua própria tocha. E, na ocasião, a policia foi obrigada a intervir para apagar a tocha alternativa.
Diante de tantos protestos, o COI adotou a estratégia de silêncio total. Nos bastidores, a esperança é de que os Jogos Olímpicos ajudem a acelerar as transformações políticas na China Mas isso parece não estar ocorrendo e os chineses já demonstraram que irão usar todos seus músculos para garantir medalhas e a segurança do regime.
Questionado pela reportagem da Agência Estado, o príncipe da Holanda, Willem Alexander, que é membro do COI, se recusou a falar do polêmico assunto. "Não vamos fazer nenhum comentário. Só queremos que tudo acabe bem", afirmou o diplomático monarca.