O sonho precisa ser prolongado. Para não acordar – e pensar que a Libertadores foi um pesadelo -, o Coritiba é obrigado a vencer o jogo de hoje, às 19h30, contra o Rosario Central, pela quarta rodada do grupo 9.
Se quiser chegar às primeiras colocações do grupo, são necessárias três vitórias para que não se façam muitas contas. Mas ninguém pensa nisso: no Coxa, todos sabem que nada interessa se hoje não vierem os três pontos.
Ao conversar com os jornalistas, o meia Luís Carlos Capixaba, um dos melhores do time na temporada, pensa nas necessidades alviverdes. “Se vencermos, o grupo já embola, e aí podemos jogar com o Olimpia com mais tranqüilidade”, afirma. Estuda-se a hipótese de o time paraguaio já estar desclassificado quando enfrentar o Coxa, ou se não seria interessante a disputa ficar totalmente aberta. Depois de tantas hipóteses, uma ?luz? baixa sobre o jogador. “Mas é melhor nem falar nisso. Vamos ganhar do Rosario e ver o que vai acontecer.”
É este o espírito alviverde para a partida desta noite. Por mais que se façam contas, a idéia é encarar um jogo de cada vez. “Eu sou radical. Não precisamos dos três jogos, precisamos mesmo é desta partida. Se vencermos, aí sim temos que pensar no Olimpia”, resume o vice-presidente Domingos Moro. “Nós temos que vencer uma partida, e tem que ser esta”, completa o capitão Reginaldo Nascimento.
Sim, pois se o Coxa não vencer, as chances de classificação praticamente escasseiam. Com um empate, apenas uma intrincada combinação ajuda o time – a derrota o elimina precocemente. Mesmo vencendo as três partidas o Cori corre risco de não se classificar diretamente, pois, acabando na segunda posição, precisa esperar o término de todos os outros grupos para saber se é um dos cinco melhores vice-campeões, que passam automaticamente para a segunda fase. Os outros quatro terão que passar por um ?mata-mata? para escolher os dois que fecham os dezesseis das oitavas-de-final.
Percebe-se, então, a importância do jogo no âmbito técnico. Mas também é o tiro decisivo para a temporada do Cori. Afinal, foi para a Libertadores que se investiu tanto, e se contratou ao menos três jogadores do primeiro time do futebol brasileiro (Luís Mário, Tuta e Aristizábal), além de dois que estavam em grandes times (Ígor e Capixaba). Fora da competição sul-americana, o clube terá que se adaptar à nova realidade, o que não passa pela cabeça de ninguém.
Por isso é imperioso vencer – mas com calma. “Não vamos jogar pensando em marcar o segundo gol antes do primeiro”, diz Capixaba. Mas o primeiro tem que vir logo, para que o sonho da segunda fase siga vivo. “Se conseguirmos vencer, vamos entrar na briga de novo”, avisa Aristizábal. É o que todos esperam.
Serviço
Para quem quiser assistir a Coritiba x Rosario Central, os preços dos ingressos são os seguintes: arquibancada, R$ 20,00; cadeira inferior, R$ 50,00; cadeira superior, R$ 70,00. Menores de 12 anos, maiores de 60, estudantes e mulheres pagam meia-entrada em todos os setores do Alto da Glória.
Lopes promete time sem desespero
“Vamos atacar sempre, mas com organização.” É este o resumo tático do Coritiba para a partida de hoje contra o Rosario Central. O técnico Antônio Lopes, consciente da necessidade premente de vitória, aposta tudo em seu poder ofensivo – que conta pela primeira vez com Aristizábal como titular. Só que quer atenção máxima da defesa com os rápidos contra-ataques dos argentinos.
A receita ofensiva não tem segredos, mas tem mudanças. Afinal, Luís Mário, principal arma do ataque coxa, está fora do jogo. “Mas quem o vai substituir tem qualidades, e o time não vai sentir”, diz Aristizábal. Caberá a Laércio ?puxar? o Cori para frente. Ari ficará mais centralizado, mas com liberdade para ocupar todos os setores, fazendo a função que o consagrou no Cruzeiro.
Da mesma forma que em todos os jogos em casa, Antônio Lopes quer a presença de Ígor, Capixaba, Jucemar e Adriano no apoio aos atacantes, além de constantes chegadas de Ataliba. “Nós temos que impor nosso jogo, ainda mais pela necessidade de vitória que temos”, comenta o treinador, que ao mesmo tempo faz um alerta. “Só não podemos partir desesperadamente para buscar o resultado. Isso só vai nos atrapalhar.”
Lopes pensa assim por dois motivos. O primeiro é a desorganização, que aconteceu no jogo contra o Olimpia -no afã de buscar o gol da vitória, o time correu muito, jogou pouco e não conseguiu nada. O outro é a dificuldade que o Rosario vai impor, apostando nos contra-ataques. “Quando estávamos bem lá na Argentina, eles acertaram uma saída rápida e fizeram o gol”, lembra o treinador coxa. E foi com dois lances parecidos que os argentinos venceram o Olimpia em pleno Defensores del Chaco. “É o jeito de eles jogarem. É assim que eles gostam, por isso temos que ter muito cuidado”, finaliza o técnico.
Suspenso
O treino de ontem acabou interrompido com pouco mais de trinta minutos de trabalho tático. O motivo foi a forte chuva que assolou Curitiba na tarde de ontem. Apesar disso, Antônio Lopes diz que o time está pronto. “O que era para ser feito foi feito. Posicionamos a equipe e conversamos sobre o que deveria ser lembrado no jogo”, resume.
Capixaba assume papel de maestro da meia-cancha
O Coritiba sofria no empate com o Francisco Beltrão, tendo imensas dificuldades para criar jogadas ofensivas. Na volta do intervalo, o técnico Antônio Lopes resolveu colocar Luís Carlos Capixaba, que ficara no banco de reservas para ser poupado. Com a entrada do meia, o time melhorou, e não teve dificuldades para vencer por 3×1.
O que se tira disso? Que, hoje, Capixaba é um dos jogadores mais importantes do Coxa. “Ele dá o equilíbrio à equipe”, resume Lopes. O armador pode ser comparado, pelo menos na sua importância relativa, à Tcheco, o grande ídolo alviverde nos dois últimos anos. Assim como o meia, que hoje está no Al-Ittihad (da Arábia Saudita), Capixaba combate na marcação e também chega no ataque.
E marca seus gols. Hoje, o camisa 7 do Cori é o artilheiro da temporada com cinco – quatro pelo paranaense e um pela Libertadores. Mas, apesar de tudo isso, Capixaba não se considera tão importante assim. “Eu acho que sou apenas uma peça da equipe. Sozinho não se consegue nada, e não sou eu que vou fazer isso”, comenta o jogador, que é o mais regular do elenco alviverde em 2004.
Sabedor dessa importância de Capixaba, Lopes preferiu atender o apelo do meia antes do jogo contra o Beltrão. “Eu estava me sentindo cansado, fisicamente e psicologicamente. Precisava ganhar força, e por isso pedi à comissão técnica que me desse um descanso”, conta. Mas o treinador respondeu com um apelo – que ele ficasse no banco, para ajudar caso necessário. E foi o que aconteceu.
Mesmo assim, Capixaba não se considera o ponto de equilíbrio alviverde. “Eu cumpro a minha função, e todos fazem isso no Coritiba”, afirma. E diz até ter gostado de ficar um pouco no banco. “A gente pode ver o que o time está fazendo de certo e de errado, e isso ajuda a encontrar as soluções”, garante o meia, que, no entanto, não pretende mais ser reserva. “Eu comentei com a minha esposa que a gente fica ali com muita vontade de entrar, mas tem que ficar sentado. Não gostei muito”, brinca.
Aristizábal não quer pensar na dureza do TJD
O atacante Aristizábal garante que só pensa no jogo de hoje contra o Rosario Central. Mas ele deve estar pensando seriamente no que vai acontecer na sala de julgamentos do Tribunal de Justiça Desportiva, amanhã, a partir das 18h30. A agressão ao zagueiro Tiago Soler, do Rio Branco, na partida da semana retrasada, pode custar a ele uma suspensão de um ano e meio.
A acusação dos auditores do TJD foi baseada na súmula do árbitro Francisco Carlos Vieira, que declarou ter visto o tapa do colombiano no zagueiro parnanguara (que, por sinal, pertence ao Coxa). Por isso, ele foi incluído no artigo 253 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata da prática de “agressão física contra o árbitro ou seus auxiliares, ou contra qualquer outro participante do evento desportivo”.
A pena imposta chega a 540 dias (a suspensão mínima é de 120 dias) em agressões sem lesões corporais – se houvesse algum problema grave, poderia chegar a 720 dias, ou seja, dois anos. A diretoria do Coritiba e os advogados constituídos têm como estratégia a desqualificação do artigo para uma possível multa pecuniária ou suspensão em jogos. Como elemento de defesa, serão incluídas imagens da TV Paranaense que mostram duas agressões de Soler a Ari antes do tapa.
Enquanto isso, o atacante coxa prefere pensar no Rosario Central. “Vou ser sincero para você. Eu acho que o mais importante é o jogo que vamos ter pela Libertadores. Depois a gente vê o que vai acontecer.
Rosario chega com bom astral
O Rosario Central chega para enfrentar o Coritiba em situação muito mais confortável que no jogo da semana passada. Se às vésperas da partida do Gigante de Arroyito o time ainda era questionado na Libertadores e estava mal no Torneio Clausura do campeonato argentino, agora o time é lider do Grupo 9 e venceu o Racing no sábado por 3×1.
Para a partida de hoje, o técnico Miguel Angel Russo tem apenas um desfalque: o volante Herrón, que sofreu uma lesão de ligamento no jogo contra o Coxa (após uma dividida com Márcio Egídio), e passou ontem por uma cirurgia. Ele ficará de dois a três meses em recuperação.
Os dois jogadores que disputam a posição aberta são o volante German Rivarola e o armador Matías Irace. Com o primeiro, a equipe argentina ganha em marcação; com o segundo, fica mais próximo do time que atuou a maior parte do tempo na quinta, com mais um jogador a ajudar Pablo “Vitamina” Sánchez.
COPA LIBERTADORES
Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 19h30
Árbitro: Henry Cervantes (COL)
Assistentes: Albert Duarte (COL) e José Marín (COL)
CORITIBA
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ROSARIO CENTRAL
Coritiba
Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano; Márcio Egídio, Ataliba, Luís Carlos Capixaba e Igor; Laércio e Aristizábal. Técnico: Antônio Lopes.
Rosario
Gaona; Ferrari, Talamonti, Carbonari e Papa; Rivarola (Irace), Messera, Acuña e Pablo Sánchez; Herrera e Belloso. Técnico: Miguel Angel Russo.