Os técnicos paranaenses estão em alta. No Brasileirão, Adílson Batista e Cuca são evidências, com Corinthians e Cruzeiro na briga pelo título. Fora do País, Levir Culpi e Caio Júnior brilham no Japão e no Catar.
Mas nem tudo está bem para os treinadores do Estado. Enquanto os mais famosos se destacam em clubes de ponta, centenas deles encontram dificuldade para conseguir espaço nas equipes locais, mesmo nas divisões de base.
O ex-zagueiro Heraldo Gonçalves da Silva, um dos heróis do Coritiba na conquista do Campeonato Brasileiro de 1985, já sentiu na pele as dificuldades. Agora, tenta dar sua contribuição e busca abrir mais oportunidades para os colegas.
Heraldo está criando o Sindicato dos Técnicos de Futebol do Paraná, que pretende reunir os profissionais da área no Estado e valorizar os ex-atletas que optaram pela carreira. “Queremos mais oportunidades para o pessoal que começou na carreira e não conseguiu decolar, como eu mesmo”, admite.
Jorge Luiz da Silva |
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Heraldo: ex-zagueiro, campeão brasileiro pelo Coritiba, em 1985, quer sindicato pra defender direitos de ex-jogadores que não conseguem se firmar com treinador e estão desempregados. |
A carreira de jogador terminou em 1994. Como treinador, Heraldo começou no Pato Branco, mas logo se mudou para Mato Grosso do Sul. Após passagens por vários clubes do Estado vizinho, voltou ao Paraná para trabalhar no Atlético, como técnico juvenil e mais tarde auxiliar de Antônio Lopes no time profissional.
Mas a nova carreira não decolou e o ex-zagueiro só encontrou oportunidades em pequenos clubes do Centro-Oeste. “Os ex-jogadores estão perdendo espaço para o pessoal novo, que não jogou bola, mas é formado em Educação Física”, afirma.
Heraldo não se conforma com a situação. “De todo o time campeão brasileiro, só o Edson Gonzaga chegou à comissão técnica do Coritiba, ainda assim por causa do (Paulo) Bonamigo. Esse espaço sempre foi aberto a ex-jogadores, como acontece no Santos e no São Paulo, por exemplo. Aqui nos ignoram e chegam a afastar os ex-atletas.”
Mas a criação de um sindicato pode reverter esse quadro? “Sabemos que não podemos obrigar ninguém a contratar ex-atletas. Mas vou focar muito nesse ponto e pedir que os clubes voltem a nos dar esse espaço. Também queremos que, assim como nos exigem um diploma de Educação Física, seja exigido desse pessoal um estágio de dois, três anos no futebol”, defende.
Outra forma de conquistar mercado para os ex-jogadores é investir em formação. “Eu fiz um curso de treinador no sindicato de São Paulo. Queremos fazer algo parecido aqui. Chamar grandes nomes como Adílson, Cuca e Caio Júnior para, quando tiverem oportunidade, dar cursos aqui.”
Por enquanto, o novo sindicato só existe no papel. A intenção de Heraldo é finalizar o estatuto e registrá-lo em cartório ainda nesta semana.
