Cinco jogos, quatro derrotas, um empate. A goleada por 5 a 3 aplicada ontem pelo Juventude contribuiu para acentuar o clima de apreensão que toma conta da nação coxa-branca. Com a derrota de ontem, o Coritiba acumulou a pior série de resultados dentro do Brasileirão 2002 e saiu da zona de classificação. De 15 pontos em jogo, o Coxa só conquistou apenas um, chegando ao pífio aproveitamento de 6,6%.
A sequência de maus resultados, que tirou o time da liderança para jogá-lo em um perigoso nono lugar, tem uma relação direta com o setor defensivo. Tanto é verdade que nos últimos jogos, o destaque da equipe tem sido o goleiro Fernando, que tem operado verdadeiros milagres para compensar os vacilos de marcação de sua equipe. Após a partida de ontem, o técnico Paulo Afonso Bonamigo foi enfático. “Não tivemos competência, especialmente na defesa. A equipe até teve poder de reação, mas foi frágil na pegada”, resumiu. Mas o pito não é só para a zaga: o poder de marcação está sendo cobrado em todos os setores.
Parte do desencontro no sistema defensivo está relacionado à saída de um jogador chave da equipe: Reginaldo Nascimento. O volante, que passou a exercer a função de terceiro zagueiro sob o comando de Bonamigo, torceu o joelho na partida contra o São Caetano, que marcou a primeira derrota da sequência de tropeços do Coritiba. O entrosamento perfeito entre Nascimento e a dupla Edinho Baiano e Pícoli fez a diferença. “É um jogador que está fazendo muita falta”, lamentou o treinador. A boa nova é que Nascimento está praticamente recuperado do problema no joelho e deve voltar no Atletiba de sábado.
Aliás, o clássico está sendo encarado como o jogo do “tudo ou nada” para Coritiba e Atlético. Uma vitória no confronto, que será disputado na Arena, mantém as esperanças dos times de ainda buscarem a classificação.
Equilíbrio
Para o zagueiro Pícoli, o que está acontecendo é um desencontro entre defesa e ataque. “Precisamos equilibrar o desempenho. A defesa e o ataque tem que jogar bem ao mesmo tempo. Assim se constroem as vitórias”. Trocando em miúdos, não adianta o ataque fazer e a defesa falhar, como aconteceu ontem; ou a defesa dar conta do recado e o ataque se mostrar inoperante, como aconteceu no empate em 0 a 0 contra o Grêmio, no meio da semana.
Chuva de gols em Caxias
O Coritiba foi abatido impiedosamente por 5 a 3 pelo Juventude, ontem à tarde, em Caxias do Sul. A movimentação da partida e a quantidade de gols marcados contrariaram os números, que apontavam as duas equipes como as detentoras das defesas menos vazadas do Brasileirão.
O Juventude começou a mostrar seu poder logo aos 6 minutos da primeira etapa. Itaqui cobrou escanteio e Índio subiu superou a defesa, balançando a rede pela primeira vez. A bola ainda bateu no travessão e na trave antes de entrar. Com o gol precoce, o Coritiba partiu para cima do adversário e apesar de ter criado boas oportunidades, especialmente com Da Silva, acabou pagando o preço alto dos contra-ataques adversários. Aos 18 minutos, Marcelo roubou a bola no meio e lançou Edmílson, que cabeceou para a meta de seu ex-clube. O desenho trágico de uma goleada acabou sendo apagado com a resposta de Da Silva. Aos 20 minutos, Lucio Flávio cobrou falta pela esquerda na cabeça do atacante, que diminuiu.
Mas a alegria Coxa não durou muito. Aos 36 minutos, Reginaldo Araújo cortou um cruzamento com a mão, na área, e o árbitro Giuliano Bozano assinalou pênalti. Na cobrança, Cláudio Pitbull acertou a trave. Mas se redimiu um minuto depois. Na reposição de bola, Marcelo lançou o mesmo Cláudio, que desta feita não desperdiçou. “Dá para reverter o marcador. Mas não podemos mais tomar gols”, alertou Da Silva na virada do intervalo.
Mas ao que parece, o alerta não foi ouvido. A segunda etapa mal começara e Pitbull deu mais uma mostra de sua veia de matador. Após uma cobrança de escanteio, o artilheiro cabeceou no canto do gol de Fernando, decretando 4 a 1. Sem outra opção, o técnico Paulo Afonso Bonamigo partiu para o tudo ou nada. escalou o meia Sérgio Manoel no lugar de Willians, retornando ao 4-4-2 e trocou Araújo por Ceará. “Foi a tentativa de puxar a marcação do adversário e marcar mais presença ofensiva”, explicou Bonamigo após o jogo.
As mudanças surtiram efeito e na primeira jogada armada pela dupla, aos 18 minutos, Tcheco foi lançado e derrubado na área. Na cobrança, Lucio Flávio não desperdiçou. Dois minutos depois, foi a vez de Da Silva ser derrubado pela zaga. Novamente, Lucio Flávio fez a alegria da torcida coxa-branca.
Quando o panorama do jogo apontava para um possível empate, o Juventude deu o golpe de misericórdia no Coritiba. Aos 21 minutos, Cláudio Pitbull cruzou, Edmílson furou e Itaqui aproveitou a sobra, fechando o placar em 5 a 3.
